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João Fernando Borges

Diretor da Latin American Forest Management e Consultor da Stora Enso Biomateriais

As-CP-15

Apresentação
A sustentabilidade das florestas plantadas ou das plantações industriais de árvores é tema de permanente discussão. O fato é que o crescimento da demanda de produtos de madeira, fibras, biomassa e produtos florestais não madeiráveis será sustentado predominantemente pelas plantações florestais. O estabelecimento de florestas é prática milenar na história da civilização.

Para citar algumas referências, há registros de plantios florestais 
na costa do Mediterrâneo, na época dos Césares, de coníferas (Picea, Pinus e Abies) na região de Nuremberg, em 1368, e de carvalho para fornecer madeira para navios, em Massachusetts, EUA, em 1740. No Brasil, o gênero de árvore atualmente mais cultivado – o eucalipto – começou a ser plantado para produção de lenha e formação de barreira contra o vento no final do século XIX, no Rio Grande do Sul, e no início do século XX, para a produção de dormentes no estado de São Paulo. 
 
A área de árvores plantadas no mundo é de cerca de 300 milhões de hectares – 7% da área florestal global –, que fornecem mais da metade da madeira industrial mundial, índice que deverá chegar a 2/3 nos próximos anos (FAO). O Brasil possui 7,74 milhões de hectares de árvores plantadas – 0,9 % do território nacional –, que respondem por 91% da madeira produzida para a indústria. A importância da madeira como matéria-prima é inquestionável.
 
O desafio que se coloca é: será o modelo de plantio industrial de árvores uma forma sustentável de uso dos recursos naturais? Controvérsias existem e irão persistir. De um lado, as plantações produzem mais madeira em menos tempo e em menor área, permitem recompor e tornar produtivas áreas degradadas, seu manejo e uso industrial criam empregos e contribuem para a conservação do meio ambiente, reduzindo a pressão sobre as florestas nativas e consequente diminuição do desmatamento, o que é fundamental para a redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa.

Por outro lado, os críticos questionam seu impacto social, principalmente em questões ligadas ao uso da terra – concentração da propriedade – e relacionadas ao compartilhamento dos benefícios econômicos nas regiões onde se localizam as áreas plantadas. Nos temas ambientais, destacam-se o debate sobre os modelos de monocultivos e seu efeito sobre a biodiversidade e a permanente e crescente discussão sobre os impactos na conservação dos recursos hídricos. Há vários outros aspectos pró e contra, e existem excelentes trabalhos contribuindo para essa discussão.

 
Essa celeuma certamente prosseguirá, e é fundamental que se estabeleçam critérios objetivos para a complexidade dos diferentes aspectos do manejo das plantações florestais. Um desses aspectos é a sustentabilidade da produtividade florestal, tradicionalmente expressa através de índices de crescimento (produção de biomassa/unidade de área/unidade de tempo). O mais usual é medir o volume de madeira do tronco. Práticas silviculturais podem melhorar a produtividade florestal, otimizando o uso dos fatores ambientais (luz, nutrientes, água) e a consequente produção de madeira. Contudo essa produção não reflete o potencial de produtividade local e não demonstra na plenitude o seu impacto.

Se considerada a produção total de biomassa da árvore (raízes, caule e 
copa) mais a da vegetação, pode-se demonstrar que, além do benefício econômico resultante da produção de madeira, há uma expressiva captura de carbono, que é um importante benefício ambiental para a sociedade. Dessa forma, o entendimento dos mecanismos de produção nos seus aspectos quantitativos e qualitativos é essencial para demonstrar à sociedade e, em especial, àqueles que formulam políticas para o setor florestal a viabilidade de maximizar a produção econômica dos produtos florestais e, ao mesmo tempo, gerar benefícios sociais e ambientais.

Nessa óptica, a expansão das florestas plantadas dependerá da habilidade do setor – indústrias e produtores florestais – de contribuir efetiva e positivamente junto às comunidades onde atuam e, através delas, influenciar os gestores públicos na formulação de políticas de desenvolvimento do setor de florestas plantadas. O tema da sustentabilidade não se esgotará, mas a compreensão das variáveis sociais, legais e ambientais e sua devida exposição à sociedade propiciarão eliminar barreiras e criar estímulos cada vez maiores para a valorização das florestas plantadas.
 
A comunicação deve ser objetiva, clara e bem fundamentada em que as florestas plantadas produzem uma matéria-prima renovável de baixo impacto, em que seu sistema de produção gera benefícios econômicos e sociais e é ambientalmente correto. Nosso desafio é demonstrar, de forma simples e objetiva, que plantar árvores para produzir bens e serviços é sustentável e fazer com que isso seja percebido pela sociedade.