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Armando José Storni Santiago

Diretor Global Florestal da International Paper do Brasil

Op-CP-15

Oportunidades e desafios no setor de papel e celulose

O mercado de florestas plantadas no Brasil para a produção de fibras encontra-se em um momento de boas oportunidades e novos desafios, diante de uma crise que afeta, hoje, vários setores da economia em todo o mundo, incluindo-se o de papel e celulose em nosso país. O cenário atual esclarece a pujança e o dinamismo deste setor e que, independente dos sobressaltos já enfrentados, firma-se, hoje, como uma das âncoras do agronegócio brasileiro.

Possui 31% dos atuais 5,5 milhões de ha de florestas plantadas do Brasil e representa 8,5% do saldo da balança comercial do país, com exportações de US$ 4,7 bilhões. Isto tudo utilizando apenas 0,2% das terras agricultáveis do Brasil, preservando 2,8 milhões de ha de áreas naturais e gerando 110 mil empregos diretos e 500 mil empregos indiretos.

Se, por um lado, as notícias da mídia especializada retratam que as grandes empresas do setor estão interrompendo ou postergando investimentos florestais para a implantação de novas florestas ou reforma das existentes, por outro, destacam os interesses e as ações de grupos nacionais e estrangeiros na aquisição de terras para cultivar florestas renováveis.

Em ambas as situações existem ótimas oportunidades, pois o país ainda se posiciona como atrativo a investimentos em base florestal.
No primeiro caso, observamos o aumento na condução das florestas plantadas em detrimento da execução de novos plantios numa determinada área.

Apesar de entender-se que esta mudança de prática possa implicar numa redução do volume futuro de madeira, há a oportunidade de desenvolver-se, como nunca, pesquisa e desenvolvimento em tecnologias de condução de florestas, que associem a redução no consumo de insumos e de custos operacionais com práticas de manejo que assegurem a sustentabilidade do negócio no longo prazo, podendo nos tornar ainda mais competitivos no futuro, quando bem harmonizado com estratégias de contínuo desenvolvimento de novos materiais genéticos.

No tocante à produção de celulose, algumas empresas do setor e a Bracelpa vêm negociando com o Governo Federal medidas de financiamento e de redução de impostos, para o enfrentamento da crise financeira internacional.

As prioridades são: ampliação das linhas de crédito para as operações de pré-embarque da celulose, apoio nos seguros de crédito para exportação e a redução dos impostos dos investimentos. Estas medidas urgem efeito para que este setor possa ter certa estabilidade, enquanto o preço da celulose recupera-se e para que os investimentos em nosso país sejam mantidos.

Em relação ao papel, também se observa uma retração na demanda do mercado interno e externo, mas a principal questão que se impõe no momento é a regulamentação da Medida Provisória 451/08, que tem o objetivo de coibir o desvio de papel declarado como imune, que compete de forma ilegal com o papel tributado, e a ampliação dos programas governamentais para aquisição de livros didáticos.

No tocante ao papel imune, o que ocorre é que parte do produto declarado para impressão de livros, jornais e periódicos, ao ser comercializado no Brasil, é desviado na sua cadeia de comercialização. Em 2008, as importações de papel imune cresceram 24% e representaram 50% do consumo nacional de papel de imprimir e escrever. Além da Medida Provisória, que fará o recadastramento dos importadores, o governo precisa fiscalizar a cadeia de comercialização, para evitar o desvio.

Já a ampliação dos programas governamentais de aquisição de livros didáticos para as escolas públicas, pelo Programa Nacional do Livro Didático - PNLD, e pelo Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio - PNLEM, pode colaborar para a manutenção da produção. Outra proposta é que o governo também passe a distribuir cadernos aos alunos, na volta às aulas de 2010.

Estas são as oportunidades e desafios que nos defrontamos no momento atual e que nos chamam a protagonizar as soluções e os embates necessários para que possamos transformar este cenário de incertezas em vantagens competitivas para os anos vindouros. Esperamos que, dentro de um otimismo focado na realidade, estes mesmos desafios venham a nos tornar ainda mais fortes.