Gerente de Suprimento de Madeira da Bahia Pulp-Copener
Op-CP-13
Desde o descobrimento do Brasil, o setor florestal tem contribuído sobremaneira para o desenvolvimento econômico e social do país. Atualmente, contribui de forma expressiva na formação do PIB Nacional - aproximadamente 5%, e recolhe cerca de R$ 3 bilhões em impostos. Além disto, exerce uma função de extrema importância na conservação da biodiversidade, por meio da manutenção de, aproximadamente, 2,5 milhões de hectares de florestas nativas.
Para gerir estes recursos, todas as empresas de base florestal, sem exceção, praticam atividades logísticas. A logística possui um papel determinante no que se refere à competitividade e sobrevivência destas empresas. Assim, do ponto de vista das atividades relacionadas ao suprimento de madeira, a logística é vista como uma atividade que visa suprir a unidade consumidora, no tempo e local correto, com qualidade e custo baixo, por meio dos processos de planejamento, execução e controles.
A logística do suprimento de madeira vem evoluindo no Brasil acompanhado de incrementos tecnológicos e possibilitando novas oportunidades de crescimento. Dentre os principais ganhos que as empresas poderão ter estão:
a. Entregas mais rápidas, de acordo com a demanda;
b. Maior segurança e confiabilidade;
c. Redução dos custos operacionais;
d. Aumento da produtividade;
e. Redução de estoques;
f. Redução de perdas, e
g. Melhor aproveitamento da área interna.
A falta de uma cultura de trabalho com uma visão global dos processos e operações tem sido um fator de impedimento para a difusão e a correta tomada de decisões logísticas. Além disso, no ambiente empresarial, a falta de políticas claras em relação à terceirização de atividades constitui um outro problema, principalmente nas operações relacionadas ao transporte rodoviário.
Estima-se que o setor rodoviário movimenta 2/3 do total de cargas no Brasil, faturando mais de R$ 40 bilhões anualmente, com 12 mil empresas transportadoras e 50 mil transportadores de carga própria. A desorganização deste setor, em virtude da baixa regulamentação, aumenta a oferta deste serviço, o que faz com o que o preço do frete seja reduzido e, em alguns casos, preços inferiores aos custos operacionais.
A principal conseqüência deste fato é a baixa confiabilidade em relação à programação das entregas planejadas. A terceirização das operações de colheita florestal e da manutenção mecânica das máquinas e dos equipamentos também ganhou importância nos últimos anos. De um lado, as empresas tomadoras desses serviços deixam de investir em máquinas e equipamentos e passam a focar na gestão do negócio florestal.
Do outro, as empresas prestadoras de serviços assumem os processos operacionais, com foco específico na gestão da produção. Nesta modalidade, não se pode simplesmente transferir as responsabilidades e reduzir os custos. Além do know-how e da agilidade requeridos nas operações, os prestadores de serviço necessitam assegurar a entrega do produto com qualidade, sempre buscando melhorias contínuas. Portanto, é imprescindível que sejam feitos investimentos pesados na formação de mão-de-obra e em novas tecnologias.
A gestão dos recursos florestais e humanos necessita estar adequada aos conceitos de responsabilidade ambiental e social, para que possibilite a sustentabilidade da parceria e do negócio. A análise e a avaliação do desempenho logístico é outro fator de dificuldade, uma vez que há pouquíssimas ferramentas disponíveis que, via de regra, possuem custos elevados de implantação e manutenção. A interação de vários fatores, como ambientais, econômicos e humanos, interfere, de forma dinâmica, nas condições operacionais do suprimento de madeira. Estas operações necessitam de um planejamento que vise adaptar às condições locais um sistema que permita maximizar o uso dos maquinários e composições veiculares, incrementar a produtividade e reduzir os custos.
Portanto, o principal objetivo do planejamento logístico do suprimento de madeira é identificar os fatores que interferem nas operações de construção e manutenção de estradas, colheita e transporte florestal, buscando antecipar os problemas que, normalmente, os afetam. Essas variáveis devem ser identificadas com antecedência, para que seu impacto sobre o nível de produção e custos seja estimado e as correções dos desvios sejam executadas antes do início das operações, para o cumprimento das metas de produção estabelecidas.
É importante, dentro deste planejamento, que se consiga também dimensionar toda a frota de máquinas, equipamentos e composições veiculares, para que não haja um estrangulamento do processo. Esses fatores que afetam o suprimento de madeira precisam ser considerados e apoiados em condições lógicas, por meio de dados coletados em situações reais e extrapolados para novas situações.
O fluxograma em destaque apresenta, de maneira generalizada, um modelo de planejamento da logística do suprimento de madeira em uma indústria de celulose. A partir de fatores de demanda de madeira pela indústria, inicia-se o processo de planejamento. As operações de construção e manutenção de estradas têm uma relação direta com a colheita florestal, principalmente, no que diz respeito à densidade de estradas e, consequentemente, à distância de extração de madeira.
No transporte florestal, a importância maior é dada aos aspectos construtivos e qualitativos, por meio das geometrias vertical e horizontal e pela irregularidade da pista de rolamento. Na colheita e transporte florestal, podemos estabelecer como principais fatores que afetam esta atividade, os seguintes:
Fatores operacionais: são aqueles ligados, principalmente, ao consumo de energia, estoques de madeira e cavacos, suporte a operação, tempos de carga e descarga, tipos de máquinas e equipamentos e interfaces floresta-indústria.
Fatores do ambiente-físico: diz respeito às características físicas da área onde se vai trabalhar como, por exemplo, a topografia, tipos de solo, clima, dispersão das áreas, tamanho dos projetos florestais, distância média de transporte e roteamento.
Fatores da floresta: estes estão relacionados com a qualidade do plantio, volume médio por hectare, retidão do fuste, porcentagem de copa, espessura da casca, dentre outros.
Fatores econômicos e financeiros: os principais itens que compõem este fator são a disponibilidade de crédito, prazos de pagamento, fluxo de caixa, custos de oportunidade, custo operacional, custo unitário de produção e ponto ótimo de substituição de máquinas e equipamentos.
Fatores administrativos: são as políticas e estratégias relacionadas aos recursos humanos como salários, recrutamento e seleção, turn over, desenvolvimento tecnológico, terceirização, qualidade, meio ambiente e certificação florestal.
Concluindo, o planejamento logístico do suprimento de madeira é uma atividade relativamente complexa, dada à ocorrência de vários fenômenos climáticos, biológicos e o grande número de variáveis que afetam a produtividade e, consequentemente, os custos operacionais e de produção. Desta forma, é necessário um planejamento criterioso e detalhado de todas as operações, para que se possa abordar os fatores que interferem nesta atividade, buscando antecipar os problemas que, normalmente, os afetam.