Antes de opinar sobre modelo de gestão, é importante descrever um pouco o tamanho desse negócio chamado floresta. Segundo o relatório da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá 2016), o Produto Interno Bruto Setorial alcançou R$ 69,1 bilhões em 2015, um aumento de 3% quando comparado a 2014, apresentando um desempenho superior a outros setores da economia brasileira como, por exemplo, agropecuária (+1,8%), indústria (-6,2%) e serviços (-2,7%). Quando comparado ao PIB brasileiro, o setor de árvores plantadas fechou o ano de 2015 com 1,2% de representação em toda a riqueza gerada no País e 6% do PIB industrial.
A área total plantada no Brasil totalizou 7,8 milhões de hectares em 2015 (eucaliptos, pinus e outras espécies), empregando diretamente 540 mil pessoas, estimando-se que, no total, o número de postos de trabalho da atividade florestal tenha sido na ordem de 3,8 milhões, gerando uma renda de R$ 10 bilhões, sendo 9 bilhões agregados ao consumo das famílias (Ibá 2016).
Quando analisamos a produtividade florestal, somos líderes mundiais no setor, evoluímos de 20m³/ha/ano (média do eucalipto) na década de 1980 para índices médios de 40m³/ha/ano nos dias de hoje. Essa evolução aconteceu, principalmente, no desenvolvimento de materiais genéticos (mais adaptados às condições brasileiras) e na evolução das técnicas de manejo florestal, aprimoradas durante décadas de pesquisa e desenvolvimento. Nos últimos anos, a produção de madeira ficou mais cara no País; em 2015, a inflação do setor de florestas plantadas foi de 12,8% enquanto a inflação nacional medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) ficou em 10,7%.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o custo do trabalho (CUT) no Brasil cresceu 136% entre os anos de 2002 e 2012, penalizando custos e nos tornando menos competitivos. Depurando esses indicadores do setor, pode-se dizer que a evolução da produtividade florestal “pagou a conta” do setor nesse período, em que a ineficiência operacional nas atividades de formação florestal acabava não sendo um indicador relevante.
Considerando que os saltos de produtividade florestal atuais têm sido cada vez menores e focados em ganhos incrementais e na qualidade da madeira para os diferentes processos e visando manter a competitividade do setor, o foco da mudança está no aprimoramento da gestão florestal desenvolvendo pessoas, tecnologias e na administração dos recursos de forma otimizada. As mudanças mais profundas no modelo de gestão para formação de florestas visam aumentar a eficiência, controle e nível de mecanização. O emprego de tecnologias modernas está possibilitando decisões mais rápidas e assertivas, maximizando o retorno do investimento.
A floresta passou a ser tratada efetivamente como um negócio. Estamos em plena era do Big Data, em que grandes quantidades de dados armazenados podem ser analisadas com apoio de sistemas sofisticados; estamos evoluindo para produzir mudas com auxílio de robôs, mapear e medir florestas com tecnologia a laser, processar inventários através de redes neurais, usar Veículos Aéreos Não Tripulados (Vant´s) para avaliação qualitativa da floresta, operações mecanizadas com tecnologia embarcada visando a maior precisão.
As mudanças estão acontecendo em todas as frentes, desde a modernização de máquinas e metodologias, passando por novos modelos de construção da matriz fundiária dos produtores, chegando a um planejamento tributário e de captação de recursos financeiros diferenciado. Mas como estamos gerindo e/ou iremos gerir isso tudo?
Quando olhamos o corpo técnico das empresas, é comum encontrarmos equipes multidisciplinares compostas por engenheiros florestais, engenheiros de produção, administradores, economistas, engenheiros agrônomos, geógrafos e tantos outros profissionais atuando de forma integrada para extrair as melhores informações e gerar os melhores indicadores para tomada de decisões, porém é necessário que tenhamos profissionais capazes para tomá-las. Nesse contexto, um modelo de gestão e/ou organização que surge nas empresas é o ambidestro, no qual se integra a capacidade de balancear a eficiência que leva a resultados no curto prazo, enquanto mantém a flexibilidade que garantirá os frutos no longo prazo.
Imagine um Centro de Operações onde será possível gerenciar a floresta just in time! Até alguns anos atrás, isso seria considerado improvável, utópico, porém é nesse caminho que a gestão de florestas está seguindo, controle total do processo para que decisões rápidas e assertivas sejam tomadas, maximizando o retorno do capital investido com o máximo de produção florestal no menor ciclo possível. Por fim, o modelo de gestão da formação de florestas está em transformação, no rumo de um novo ciclo, onde o foco será manter a indústria de base florestal brasileira como referência mundial em competitividade produtiva e financeira.