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José Mario de Aguiar Ferreira

Gerente Florestal da RMS do Brasil

Op-CP-52

A liberdade e a excelência
Que bom seria se pudéssemos ter plena liberdade de sermos excelentes, não? Penso que a liberdade e a excelência caminham lado a lado e possuem uma relação diretamente proporcional. Logicamente, a excelência é alcançada principalmente pelo nosso esforço contínuo em melhorar as pessoas, as operações e os relacionamentos com clientes, porém as restrições à nossa liberdade, que podem ser tanto internas quanto externas, podem produzir impactos dramáticos no nosso nível de excelência.
 
A própria matemática nos ensina. Frequentemente, utilizamos modelos de otimização em projetos florestais e, normalmente, comparamos cenários sem restrição, que nos indicam o potencial máximo de produção de valor de um empreendimento, com cenários com restrição, que nos indicam tanto o valor atingível desse empreendimento quanto o impacto que cada uma das restrições causa no resultado da otimização.
 
De modo análogo, podemos considerar que o modelo de otimização seria o caminho para a excelência, sendo o cenário sem restrição o nosso nível máximo de excelência, e o cenário com restrição, o nosso nível atingível de excelência. Quanto mais distante o resultado desses dois cenários, piores seriam os efeitos das restrições para o nosso projeto de excelência.
 
Quem conhece o processo sabe o quanto prejudicial ao resultado de uma otimização pode ser uma restrição severa à liberdade do modelo em produzir valor. O mesmo acontece com as restrições à nossa liberdade em atingir a excelência. As restrições internas, como temos controle sobre elas, deveriam ser de fácil resolução.

Burocracias internas, deficiências e limitações podem e devem ser rapidamente resolvidas em nossas empresas. Temos que ter essa prerrogativa. E, certamente, sabemos fazer isso como poucos. Basta constatarmos a relevância e o nível de excelência do nosso setor de base florestal na economia do País e no cenário mundial. Mas o grande problema, acho, são as restrições externas ao nosso ambiente empresarial.
 
Restrições como as atualmente aplicadas ao uso do capital estrangeiro em investimentos florestais, por exemplo. Todos sabemos o imenso impacto negativo que esse tipo de restrição causa ao “modelo de otimização” do nosso setor e à nossa liberdade de negociação. E, certamente, o impacto que causa ao nosso nível de excelência.

Outra restrição importante que foi recentemente e ainda está sendo revisada é a de se limitar a nossa capacidade de contratar uma parte do nosso processo produtivo. Concordo com Don Clifton e o Instituto Gallup quando dizem que as pessoas têm um potencial muito maior de crescimento quando elas investem energia no desenvolvimento dos seus pontos fortes, ao invés de gastarem energia corrigindo os seus pontos fracos.

Se sou suficientemente bom em produzir, por exemplo, calçados, mas sou ruim em promovê-los e comercializá-los, por que não me concentrar em produzir calçados e contratar uma pessoa ou empresa competente em promoção e comercialização, para alavancar o meu negócio?
 
O mesmo se deve aplicar às nossas empresas. Se tenho uma empresa competente em atrair e promover investimentos em florestas e não consigo, ou simplesmente não quero operar a colheita florestal nas áreas sob minha gestão, por que não ter a liberdade de contratar uma empresa competente para isso? Certamente, a minha empresa e a empresa de colheita florestal contratada poderão ser ainda mais excelentes no que fazem. 
 
Outras fontes de restrições são os sistemas de certificação, que podem não somente impactar a excelência de cada um de nós como também a excelência do nosso país. Buscas incessantes por incentivos governamentais também podem se tornar restrições importantes à nossa geração de valor. Embora esses incentivos possam produzir impacto positivo no curto prazo, eles certamente causam dependência e podem se tornar prejudiciais à elevação do nosso nível de excelência no longo prazo.
 
Não discuto as leis, pois as leis existem para serem cumpridas. E, se não estamos satisfeitos com elas, ou sentimos que elas produzem restrições infundadas, sabemos os fóruns onde elas devem ser discutidas e alteradas. Enfim, penso que, seguindo a teoria matemática dos modelos de otimização, devemos nos concentrar sempre em buscar a eliminação das restrições à nossa liberdade de existirmos e operarmos como empresas em uma economia de mercado.

E, sempre, mas ainda mais em tempos de eleições, devemos nos aliar a pessoas e a instituições que defendam a liberdade e nos ajudem nesse processo de eliminação de barreiras e restrições, para que possamos elevar ainda mais o nosso nível de excelência.