Gerente de Operações Florestais da Suzano Papel e Celulose
Op-CP-27
Diversas inovações tecnológicas desenvolvidas na última década estão invadindo, ou melhor, embarcando em máquinas e equipamentos, sejam para as atividades agrícolas ou florestais. Elas são benéficas para toda a cadeia agrícola e florestal, porém a velocidade com que essas novidades chegam aos equipamentos varia muito em função do setor.
Alguns, como a agricultura, já saíram na frente e implantaram diversas novidades em suas colheitadeiras e tratores, iniciando um novo processo produtivo, denominado de agricultura de precisão. Desdobrando esse conceito ou processo produtivo (agricultura de precisão), é possível entender um pouco sobre a presença das novidades tecnológicas nas atividades agrícolas.
Esse processo produtivo, o qual associa a tecnologia embarcada nos equipamentos com o sistema global de posicionamento (GPS), permite integrar as informações geradas pelas tecnologias embarcadas com a localização e mapeamento das atividades realizadas.
Outro grande produto desse sistema integrado é a disponibilidade de informações em tempo real, possibilitando eventuais intervenções em tempo hábil. Sendo assim, iniciamos a incorporação desse novo conceito de processo produtivo nas atividades florestais. As primeiras inovações tecnológicas foram inseridas nas atividades iniciais da cadeia de produção de madeira, ou seja, na silvicultura.
O início dessa mudança cultural, com a utilização de novas tecnologias, permitiu que algumas operações atingissem níveis de controle e qualidade diferenciados dentro do setor florestal.
Algumas tecnologias consideradas pioneiras nas atividades florestais seriam: controle eletrônico de dosagem, aplicação de insumos em taxas variáveis e mapeamento georreferenciado das atividades realizadas. Após essa quebra de barreira, outros processos da cadeia produtiva da madeira iniciam também a busca por tecnologia, visando alcançar novos patamares de produtividade e custo. Um deles seria o processo de colheita florestal.
Da década de 1970 (uso de motosserra), saímos para um boom de mecanização na colheita da década de 1990 até os dias atuais. No entanto, o processo de mecanização da colheita florestal caminhou a passos lentos e deixou de aproveitar o que de melhor havia disponível no mercado.
Os equipamentos utilizados na colheita florestal há tempos permitem a utilização de tecnologias embarcadas. O que faltava ao setor era transformar os dados gerados nesses equipamentos em informações que auxiliassem desde o planejamento até a execução, tanto da operação quanto da manutenção desses equipamentos.
Atualmente, a busca pela maior competitividade no setor de florestas plantadas faz com que o foco nos detalhes operacionais represente elevada importância, a fim de identificar oportunidades para o aumento de produtividade e a consequente redução de despesas/custos.
Os equipamentos florestais disponíveis no mercado nacional já disponibilizam aos clientes tecnologias (por exemplo, computadores de bordo) com as mais variadas funções, como o controle de produção, planejamento de manutenção, monitoramento online dos principais indicadores do equipamento, etc.
O novo desafio está na integração desses sistemas, de forma que as empresas, mesmo que utilizem mais de um fornecedor de equipamento, possam consolidar esses dados e gerar informações para a gestão e a decisão sobre o processo produtivo.
Esse sistema deverá ser robusto e versátil para que, independente do modelo de colheita utilizado (harvester, feller, chipper, etc.), a empresa tenha informações e indicadores que lhe permitam planejar e operar dentro de sua melhor capacidade. Ainda assim, existem dois grandes fatores de risco ou oportunidades neste processo de implantação da tecnologia nos processos produtivos.
O primeiro é a integração com os demais sistemas das empresas, necessitando de uma participação intensa das áreas de Tecnologia da Informação. O segundo, e mais importante, é a qualificação da mão de obra.
Esse é um tema que deve permear todo grande projeto ou processo de mecanização ou de implantação de novas tecnologias, pois é o grande fator de sucesso: o quão preparados e engajados estão os trabalhadores. Acredito que o País evoluiu significativamente nas questões tecnológicas do processo produtivo, agrícola e florestal, atingindo reconhecimento mundial, mas não se pode acomodar. Vamos buscar sempre evoluir e melhorar, pois há muito a fazer.