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Brígida Maria dos Reis Teixeira Valente

Coordenadora de P&D Florestal da ArcelorMittal BioFlorestas

Op-CP-41

Clones de eucalipto
A clonagem de materiais genéticos de espécies do gênero Eucalyptus possibilitou a transferência do ganho genético, obtido através de seleção de indivíduos superiores e alavancou os resultados do setor florestal. O uso de clones em grandes e pequenos projetos florestais decorreu das vantagens de tornar homogênea a matéria-prima, aumentar produtividade, reduzir custos e agregar resistências a fatores bióticos e abióticos.
 
A uniformidade da floresta é um dos parâmetros que encanta inicialmente aos olhos, é resultado, além da genética, de um manejo adequado e uniforme, que reflete em cadeia: na uniformidade da matéria-prima, na linearização do processo industrial, na qualidade e na unidade do produto final e na satisfação do cliente. Uma floresta com unidades clonais, formada por mosaicos clonais, possibilita a construção de uma carta de manejo silvicultural definida, por tratar-se de unidades uniformes, o que reduz a variabilidade de ações e os custos de manejo. 
 
Essa unidade também facilita a tecnificação dos processos, uma das tendências das tecnologias de mecanização e automação. Novas ferramentas e equipamentos são destaque para os próximos anos e utilizam-se de novas tecnologias para minimizar falhas, aumentar a precisão, aumentar qualidade de atividades, aumentar capacidade de produção e reduzir custos. 
 
A busca pelo clone ideal passou por diversas designações. Por volta de 1985, busca por crescimento volumétrico e resistência a pragas e doenças, tecnificação dos viveiros para produção clonal, intenso desenvolvimento de novas técnicas de manejo. Somente a partir de 2000, iniciou-se a busca por qualidade da madeira e sua adequação ao produto final, sendo incluídos novos parâmetros de seleção. Também a partir de 2000, tiveram início pesquisas importantes, como o projeto Genoma do Eucalipto e o projeto Genolyptus, com o intuito de descobrir, mapear, validar e entender a variação genética do eucalipto.

Com o genoma mapeado e a sequência de bases conhecidas, a meta, agora, era estabelecer correlações entre expressões fenotípicas e as sequências de mapeamento. Já por volta de 2010, tornam-se destaques programas de melhoramentos voltados para resistência a fatores abióticos, sendo, neste momento, a preocupação atual das equipes de melhoristas genéticos. Novos desafios têm surgido rapidamente, e, para saná-los, a biotecnologia e a genômica serão ferramentas valiosas e auxiliarão rumo ao futuro.

Novos desenvolvimentos em tecnologia nessa área tratada como biotecnologia e suas aplicações em espécies florestais contribuirão para ampliar o potencial da silvicultura clonal. Essas tecnologias proporcionam oportunidades de multiplicação rápida e eficiente de genótipos selecionados, constituindo-se uma ferramenta para o melhoramento genético florestal, entre outras aplicações. O melhoramento florestal e a biotecnologia são independentes, mas se complementam e enfatizam os ganhos quando considerados em um programa único.

A expansão de cultivo para regiões não tradicionais, a busca por adequação da matéria-prima para as diversas finalidades, a resistência a pragas e a doenças e o aumento de problemas abióticos resultantes de adaptações climáticas ainda têm levado à necessidade de inclusão de espécies não usuais nos programas de melhoramentos genéticos, e, nesse caso, as novas tecnologias disponíveis poderão ser empregadas e auxiliarão na obtenção de resultados rápidos.

As espécies do gênero Corymbia, como C. citriodora, C. torelliana, C. maculata, C. nesophylla e seus híbridos interespecíficos, atualmente estão sendo estudadas em diversos programas, pelo fato de algumas de suas espécies e híbridos apresentarem possibilidades de ganho para diversas características. 
O programa que coordeno passou por essa fase de restruturação, e, nessa análise, além da inclusão de espécies não usuais do gênero Eucalyptus, o programa do gênero Corymbia foi alavancado.

Com a aplicação de novas ferramentas biotecnológicas, alcançamos patamares satisfatórios em curto intervalo de tempo e selecionar clones híbridos de espécies do gênero Corymbia de destaque em resistência a um distúrbio fisiológico, resistência a dois insetos causadores de danos econômicos; reduzimos a intervenção no controle de plantas daninhas e ainda incrementamos parâmetros de qualidade ao nosso produto final.

O futuro nos reserva boas possibilidades, e acredito que todas vislumbram grandes ganhos no setor florestal. Com a análise e a definição adequada de espécies e estratégias em programas de melhoramento genético florestal e o aprimoramento e a utilização das ferramen
tas biotecnológicas disponíveis, alcançaremos patamares inimagináveis em qualidade de produção e representativo retorno financeiro.