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Paulo Henrique de Souza Dantas

Coordenador de Meio Ambiente Industrial e Florestal da Cenibra

Op-CP-23

Aspectos ambientais integrados

Outro dia, ouvi uma piada, em que o planeta Terra estava conversando com um outro e reclamou de uma coceirinha; o segundo planeta disse, então: “Não se preocupe, você está com a tal da humanidade, mas isso passa logo!” Apesar da nossa relativamente recente presença na face da terra, em termos da escala de tempo geológico, tivemos a capacidade de causar impactos ambientais significativos, principalmente após a Revolução Industrial. 

Com a consolidação do conceito do desenvolvimento sustentável, os diferentes componentes do tecido social passaram a trabalhar na busca de um objetivo comum: a garantia da manutenção da capacidade de o planeta Terra sustentar a vida, em todas as suas formas.

O setor brasileiro de silvicultura, um bom exemplo dessa busca, sempre teve suas atividades legisladas e controladas pelos setores governamentais de meio ambiente, e não àqueles, como seria mais lógico, de agricultura. De qualquer forma, talvez essa associação histórica tenha sido benéfica, pois, hoje, a silvicultura no Brasil possui um nível de excelência que é referência mundial.

Mas a busca pela excelência deve ser continuada, e a intensidade do manejo, a mecanização, os modais de transporte, os requisitos legais e as crescentes demandas da sociedade são aspectos da colheita, uma das etapas do manejo da floresta, que demandam melhoria constante, face aos impactos que causam.

É na fase do planejamento que esses impactos são mais bem identificados e avaliados. A Cenibra desenvolveu uma ferramenta denominada Planejamento Técnico, Econômico, Ambiental, Social e de Saúde e Segurança (PTEAS), que vem sendo utilizada com resultados significativos, uma vez que possibilita e promove a interação entre as diversas áreas operacionais envolvidas na arte de plantar, manter e colher florestas.

O PTEAS baseia-se na premissa básica de que, com uma visão da inserção do projeto florestal no contexto da paisagem, ao nível da bacia hidrográfica, os aspectos técnicos, econômicos, ambientais, sociais e de saúde e segurança devem ser identificados e analisados de modo que passivos legais, conflitos sociais, impactos ambientais e riscos à saúde e segurança do trabalhador e das comunidades sejam prevenidos ou minimizados, utilizando-se sempre as melhores opções técnicas e econômicas disponíveis.

A equipe da Gerência de Meio Ambiente inicia o processo com a realização de um diagnóstico conduzido com base na programação dos projetos a serem colhidos num determinado ano e de mapas temáticos. É, então, visualizada e entendida a inserção dos projetos florestais na paisagem, permitindo a identificação e a análise prévia da interação das atividades da empresa com os atributos dessa paisagem, tais como comunidades, monumentos históricos e naturais, unidades de conservação e recursos hídricos, dentre outros.

Na sequência, um grupo multidisciplinar, composto por representantes das áreas de colheita, transporte, infraestrutura, silvicultura, meio ambiente e social, tendo como referência o diagnóstico inicial, realiza vistorias de campo nas quais os participantes têm a oportunidade de avaliar e negociar as necessidades e demandas específicas de cada área operacional, sendo definidas e consensadas as ações necessárias para atendimento à premissa básica do PTEAS.

O resultado final é um conjunto de informações (mapas e relatórios), considerado o macroplanejamento da colheita, que é utilizado posteriormente pelas áreas operacionais como referência na elaboração do microplanejamento, em que é definido o tipo de colheita, a sequência de corte, o baldeio, o modal e o fluxo de transporte, dentre outros aspectos operacionais.

O PTEAS possibilita uma efetiva abordagem de aspectos sociais, históricos, culturais, ambientais e de saúde e segurança no planejamento da colheita; dessa forma, as decisões de cunho técnico e econômico são legitimadas pelo fórum de característica multidisciplinar da equipe, que possui autonomia para decisão.

Eventuais dúvidas e conflitos são encaminhados para as coordenações e gerências, possibilitando à empresa operar dentro de um cenário de tranquilidade quanto ao atendimento de padrões de excelência que dela espera a sociedade. Finalizando, o PTEAS pode ser entendido como uma importante ferramenta para a gestão integrada do território, um conceito que a Cenibra utiliza como referência para o desenvolvimento de suas atividades, e que busca harmonizar as demandas sociais, atributos da paisagem e o manejo florestal conduzido pela empresa.