Muito tem sido dito sobre possíveis retrocessos na agenda de sustentabilidade globalmente. Apesar dessas afirmações, não há como negar que houve uma evolução nas práticas empresariais nos últimos anos, especialmente no que diz respeito aos impactos sociais e ambientais dos negócios. Ao mesmo tempo, ainda temos que avançar muito na integração dos fatores socioambientais à estratégia da empresa, de forma transversal às decisões, à cultura e ao seu modelo de gestão. Essa integração é uma forma de fazer boa gestão de riscos e captura de novas oportunidades de negócios, o que garante competitividade de longo prazo.
Na Suzano, já conseguimos trilhar alguns caminhos dessa integração. Um deles é a busca por financiamentos de dívida que tenham componentes de sustentabilidade. Atualmente, 46% da nossa dívida está vinculada a instrumentos de financiamento sustentável e 25% da avaliação de novos investimentos está atrelada à contribuição para metas socioambientais.
Um exemplo que traz um pouco de cada um desses traços evolutivos é a nova unidade da empresa em Ribas do Rio Pardo-MS, que combina tecnologia de ponta e protagonismo socioambiental: é autossuficiente em energia, adota tecnologias limpas e está inserida em uma agenda robusta de desenvolvimento territorial. A partir da implantação da nova unidade, conseguimos acelerar a criação de um corredor ecológico no Cerrado – parte do Compromisso da Suzano em favor da biodiversidade de conectar meio milhão de hectares de vegetação nativa nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica até 2030 – e geramos empregos, renda, ao mesmo tempo em que promovemos a diversidade e a inclusão.
Entre as iniciativas de impacto realizadas em Ribas do Rio Pardo, destaco a contratação de colaboradores indígenas para atuarem no módulo de silvicultura, prática iniciada há dois anos e conduzida com profundo respeito às tradições e necessidades das comunidades. Esse modelo tem gerado resultados expressivos para todos os envolvidos: para a empresa, em função dos bons indicadores de desempenho, estamos ampliando gradualmente a contratação dessa mão de obra. Em relação aos indígenas, vemos uma demanda espontânea de lideranças de outras aldeias interessadas em trabalhar conosco, evidenciando benefícios mútuos e confirmando que estamos no caminho certo, consolidando um modelo de inclusão que alia responsabilidade socioambiental à eficiência operacional.
Nada disso é casual. A lógica da prosperidade é uma só: ela tem de ser para todos! As empresas têm de atuar e ser reconhecidas como parte efetiva do território, sendo fonte de desenvolvimento tanto para a sociedade quanto para o seu próprio negócio. Ao transformar sua presença na localidade em desenvolvimento, a empresa acaba por ter operações mais seguras, seu relacionamento com as comunidades é mais sólido e resiliente e a identificação de soluções locais é mais recorrente.
Mas, para dar certo, temos de fazer junto! Para gerar mudanças reais e progresso concreto, precisamos reunir vozes, experiências e perspectivas diferentes estabelecendo parcerias com empresas, ONGs, academia e governos. Só assim será possível escalar soluções e ampliar o impacto positivo que queremos ver no mundo.
No ano em que o Brasil recebe a COP e há foco na agenda por casos práticos, o setor privado brasileiro tem muito a mostrar. Há vários modelos de negócio no nosso país que são verdadeiras soluções para questões climáticas e socioambientais. Certamente ainda há desafios para os quais precisamos encontrar soluções. Mas isso também representa uma oportunidade para debater, ouvir experiências e acolher boas ideias que contribuam para enfrentar os dilemas da nossa sociedade – e esse diálogo é muito valioso. Acima de tudo, temos de buscar parcerias de valor com implementação ágil e imediata, que nos permita sair do estratégico para a ação e com ganho de escala já!
Por isso, o desafio de hoje não é mais provar que sustentabilidade importa. É mostrar como a sustentabilidade se materializa nas decisões e nos resultados – e como pode ser um motor de inovação, conexão e transformação.