Me chame no WhatsApp Agora!

Osmar Elias Zogbi

Diretor da EAZ Participações

Op-CP-01

Para não temer o apagão florestal

A Indústria brasileira de celulose e papel, representada pela Associação Brasileira de Celulose e Papel, constitui um dos mais destacados setores produtivos do país, caracterizando-se por produtos de classe mundial, de alta competitividade internacional, e pela sistemática geração de divisas para a balança comercial brasileira. Graças à excelente aceitação de nossos produtos pelos mercados mundiais, conquistamos posições de destaque no cenário internacional, como o de 7° maior produtor de celulose e 11° principal fabricante de papel do planeta.

Vale ainda lembrar que o setor de celulose e papel contribui solidamente para a busca do crescimento sustentável do país, ao gerar, por exemplo, mais de 100 mil empregos diretos e milhares de indiretos, nas indústrias e no campo. Presente com unidades industriais e plantações em 450 municípios, de 16 estados brasileiros, nas cinco regiões do país, desempenha importante função social, ao criar condições de desenvolvimento e novas perspectivas para populações de localidades distantes dos centros urbanos.

Tudo isso tem como alicerce o fato deste setor ser uma verdadeira vocação nacional, graças à extensão territorial e ao clima tropical do Brasil, ambiente ideal para o cultivo do eucalipto e pinus, em florestas plantadas, fonte exclusiva da principal matéria-prima de nossas indústrias. Tal ambiente fornece à indústria brasileira, uma grande vantagem comparativa, face à concorrência internacional, representada pelas características de solo e clima, que resultam numa produção florestal de grande qualidade e rapidez na colheita.

O país já conta, hoje, com mais de 5 milhões de hectares de florestas plantadas, pelos diversos setores produtivos, dos quais, 1,5 milhão de hectares, são destinados ao plantio de matéria-prima para a produção de celulose e papel, representando, entretanto, uma proporção mínima do território nacional. Sustentados num plano de investimento de US$ 14,4 bilhões, já em andamento, os projetos de expansão do setor são imprescindíveis para que o país mantenha sua posição de destaque no ranking mundial, o suprimento do mercado interno e incremente o desenvolvimento econômico, com a criação de novos postos de trabalho e a conseqüente geração de renda, para um maior número de brasileiros. Para o alcance dessas metas, uma das condições essenciais é a expansão da base florestal.

Não à toa, nosso plano de investimento tem como pressuposto básico a duplicação da área de cultivo para fins industriais, até 2012. A escassez de madeira em áreas plantadas já se constitui em risco a médio prazo, podendo vir a comprometer os resultados pelos quais as indústrias do setor vêm empreendendo grandes esforços.

É necessário ter em mente que a expansão da base florestal de pinus e eucalipto no país precisa acompanhar o ritmo de crescimento do consumo de celulose e papel, tanto para fins de abastecimento do mercado interno, como para as exportações. Indispensável para suprir a demanda industrial do setor, a expansão deverá ser iniciada imediatamente e, para isso, é fundamental o apoio governamental na simplificação e adequação da legislação brasileira sobre florestas plantadas, entre outras iniciativas. 

Atentas ao risco do que já se tornou conhecido como “apagão florestal”, ou seja, a escassez de madeira em florestas plantadas para fins industriais, produtores de celulose e papel vêm estudando medidas e adotando iniciativas para eliminar o problema. Dentre elas, podemos citar as experiências de fomento florestal em desenvolvimento em diferentes pontos do país.

O fomento florestal é uma forma inteligente da indústria brasileira de celulose e papel oferecer a pequenos e médios produtores rurais a oportunidade de plantar florestas em conjunto com suas outras atividades. Defendido pelo setor, governo e outras instituições, o fomento é indutor de atividades com impacto positivo sobre a renda de milhares de famílias.

Além disso, as iniciativas realizadas em parceria com as empresas do setor de celulose e papel caracterizam-se por sua adequação agronômica e ambiental, incluindo transferência de conhecimentos e tecnologia, assegurando o máximo aproveitamento de recursos e o mínimo desperdício, princípios de uma atividade florestal sustentada. Áreas fomentadas poderiam complementar o plantio próprio de empresas do setor em até 30%, garantindo o pleno abastecimento da indústria.      

Quanto à atuação governamental para a superação do risco de insuficiência de matéria-prima para a indústria do setor, a Bracelpa, como já afirmamos anteriormente, espera que seja adotada uma posição firme e ativa em benefício da ampliação da base florestal no país, com medidas de desburocratização dos trabalhos com áreas de cultivo para fins industriais, criação de um órgão autônomo para regulamentar as atividades relacionadas com as florestas plantadas e criação de linhas de crédito para atividades de reflorestamento.