Me chame no WhatsApp Agora!

João Comério

Diretor Executivo da Unidade de Negócio Florestal, Relações Institucionais e Sustentabilidade da Suzano Papel e Celulose

Op-CP-24

Os impactos sociais e econômicos regionais de um projeto florestal

No final da década passada, a eucaliptocultura brasileira entrou em uma nova fase, com o início dos plantios nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins. Essa talvez seja a última fronteira de um ciclo que teve início nas décadas de 60 e 70, com a concentração das florestas plantadas no Sul e no Sudeste, feitas em plantios seminais. Nas décadas de 80 e 90, já com plantios clonais, foi a vez do norte do Espírito Santo e do sul da Bahia e, mais recentemente, por volta de 2000, do extremo sul do País e do Mato Grosso do Sul.

Essa última etapa coincide com um momento de consolidação do tema da sustentabilidade nas empresas, entendida aqui como uma preocupação que vai além dos resultados econômicos do negócio, abrangendo também aspectos ambientais e sociais de nossas atividades.

Foi na década passada que esse assunto passou a fazer parte de forma mais concreta do planejamento estratégico das empresas, e, é nesse contexto, que planejamos nossa entrada nessa nova fronteira florestal. Da mesma forma que usamos nosso conhecimento acumulado em anos de pesquisa para viabilizar os plantios no semiárido, também utilizamos nossa experiência adquirida em outros sites para lidar com os dilemas socioambientais que se colocam nos novos estados.

Maranhão, Tocantins e Piauí são ricos em biodiversidade, tradições e culturas, mas, ao mesmo tempo, apresentam indicadores socioeconômicos abaixo da média nacional. Em 2009, um diagnóstico que realizamos mostrou que o IDH-Renda (Índice de Desenvolvimento Humano) dos municípios com potencial para receber nosso projeto no Maranhão era de 0,63, contra 0,76 da média nacional.

No Piauí, era de 0,68, igualmente baixo. Além disso, o estudo apontou déficits educacionais e no acesso às instalações sanitárias, entre outros. Mais do que desafios, enxergamos nesses números uma oportunidade de, com o nosso projeto florestal, contribuir para o desenvolvimento. Pensando nisso, construímos um Plano Diretor de Sustentabilidade, no qual, além das questões ambiental, social e econômica, incluímos os aspectos inovação, governança e comunicação.

Com base nessas seis dimensões, estabelecemos norteadores, que direcionam nossa atuação. Também levamos para o Maranhão, Piauí e Tocantins nossa Matriz de Desempenho Social, que reúne um conjunto de ferramentas para diagnóstico e relacionamento com os vizinhos às nossas florestas, que chamamos de comunidades de convivência e não mais como comunidade do entorno.

Entre as ações vinculadas, destaca-se o Inventário Social, realizado para prevenir potenciais impactos, identificar ativos sociais das comunidades e manter um diálogo ativo com elas. Fruto desses diagnósticos, o Projeto Agricultura Comunitária, no Piauí, formou cinco campos de produção agrícola comunitária, onde são cultivados, de forma consorciada, arroz, milho, feijão e mandioca.

Paralelamente, foram realizadas oficinas sobre cultivo e seleção de sementes com 190 famílias. Na região de Imperatriz-MA, cedemos hectares para a aplicação do projeto, que beneficiará 113 famílias. Ainda no Maranhão, o Projeto Extrativismo Sustentável prevê apoio a ações do Instituto Chico Mendes, como a construção e reforma de duas unidades de produção da cadeia do coco babaçu. O Extrativismo Sustentável também acontece no Piauí, com foco na cadeia do pequi.

Além dos investimentos sociais, temos consciência de que a geração de empregos entre as pessoas da região é fundamental para que a nossa chegada traga ainda mais benefícios. Nesse contexto, em conjunto com outras organizações, desenvolvemos um programa de formação para construção civil, manutenção mecânica, elétrica e instrumentação e produção de celulose.

Ele visa não só atender à demanda da Suzano, como também de outras empresas da região. Serão qualificadas 3.000 pessoas em construção civil, 250 em técnico de celulose e outras 150 na área de manutenção. O público-alvo são pessoas residentes na região. Esses são somente alguns exemplos das práticas que adotamos em nossa expansão.

Elas mostram os benefícios que os plantios florestais podem agregar a essas novas fronteiras, principalmente se forem executados com planejamento e ouvindo os atores envolvidos. Essa tem sido a tônica das ações da Suzano, alinhadas à nossa visão, que é “estar entre as maiores e mais rentáveis empresas de base florestal do mundo e ser reconhecida pelas práticas de respeito às pessoas e ao meio ambiente”.

Entramos em uma nova fase da indústria de base florestal, em que os aprendizados do passado nos fazem atuar como um setor de vanguarda em sustentabilidade. Nossos desafios são imensos. Nos tecnológicos, aprendemos a inovar a cada instante. Mas o principal desafio, ou oportunidade, está em executar as ações do dia a dia em completo alinhamento com as comunidades de “convivência”, ou seja, aprendendo juntos.