Presidente da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas - Abraf
Op-CP-04
A atividade de fomento florestal foi o tema escolhido como prioritário para o ano de 2006 pela Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas – Abraf, entidade que congrega e representa as empresas que integram as atividades de cultivo de florestas plantadas às indústrias de papel e celulose, siderurgia a carvão vegetal, painéis de madeira, produtos de madeira sólida, móveis, e tem também como filiadas as entidades estaduais do setor de florestas plantadas, desde a Bahia até o Rio Grande do Sul.
A escolha não foi aleatória: várias razões levaram a Abraf a essa decisão. Os programas de fomento florestal estabelecem saudável parceria entre as empresas patrocinadoras e produtores rurais de pequeno e médio portes. As empresas fornecem mudas, insumos e assistência técnica aos fomentados e garantem a compra da madeira na época da colheita, a preços de mercado.
Essas parcerias são equivalentes aos programas similares desenvolvidos nas culturas de cana-de-açúcar, laranja, fumo, avicultura e suinocultura. Os programas de fomento florestal contemplam, preferencialmente, a utilização de terras degradadas. Estas terras, imprestáveis para outros plantios, passam a ser produtivas e mudam o enquadramento de muitas propriedades rurais perante órgãos públicos, como o Incra e o Ibama. Com isso, o elenco de benefícios atende aos aspectos ambientais da região, as comunidades locais, os proprietários rurais e a própria empresa patrocinadora.
Do ponto de vista ambiental, o fomento florestal atenua a pressão sobre matas nativas – com a produção de madeira das florestas plantadas, recupera terras degradadas, conserva o solo e promove o seqüestro de carbono, principalmente, na fase de crescimento. Como a colheita é feita logo que as árvores atingem a maturidade, é fácil perceber que o seqüestro de carbono ocorre em boa parte do tempo de uma floresta plantada.
Outra vantagem dessa parceria é levar ao pequeno e médio produtor rural as melhores práticas ambientais quanto às áreas de preservação e reserva legal, em cumprimento à legislação em vigor. Do ponto de vista social, os programas de fomento florestal atenuam a concentração fundiária, fixando o homem ao campo, viabilizando atividades locais, criando oportunidades de renda adicional e diversificando as atividades agrícolas.
Com o programa de parceria, o plantio de florestas torna-se economicamente viável em pequenas e médias propriedades, o que seria improvável acontecer fora da modalidade do fomento. Nas comunidades locais, o fomento florestal injeta recursos na economia municipal, cria negócios adicionais, diversifica a dinâmica de produção e promove o desenvolvimento de clusters, baseados na utilização e transformação da madeira.
É fundamental entender que o programa representa a geração de empregos no campo, em escala progressiva e de forma permanente, já que a duração desse plantio é bem mais longa do que a de outras culturas. Para os pequenos e médios proprietários rurais, o fomento florestal corresponde a uma poupança verde, que viabiliza renda, fornece madeira para uso próprio e complementa a renda dos outros produtos da terra.
Com isso, o produtor rural participante também pode combinar culturas de ciclo curto, como os grãos, com as de ciclo longo, como são as plantações de eucalipto e pinus, diluindo os custos fixos da propriedade, entre diversos produtos. Esta prática aumenta a rentabilidade geral e diminui os impactos negativos das perdas de safras ou de oscilação de preços dos produtos agrícolas.
O fomento tem uma qualidade excepcional: é bom para o produtor rural e também para as empresas promotoras, que se beneficiam não somente pela redução da imobilização em ativos fundiários, mas também pela garantia do fornecimento de madeira, pela atenuação de conflitos socioambientais, pela redução do impacto da monocultura e por sua interação positiva com as sociedades locais.
Ao final de 2005, as áreas dedicadas ao fomento florestal, no âmbito dos programas das empresas associadas da Abraf, atingiram um total de 258 mil hectares em todo o país, que representam mais de 10% do total das florestas plantadas por estas empresas. Embora esses números representem uma ampliação considerável das áreas plantadas nos programas de fomento no Brasil, e beneficiem quase 9.000 famílias de participantes dos programas, estamos ainda distantes dos modelos de centenas de milhares de pequenos e médios cultivadores de florestas dos países nórdicos.
E se levarmos em conta que os ciclos de plantio e colheita das florestas plantadas no Brasil demandam somente de 7 a 12 anos – diante de ciclos acima de 50 anos nos países de clima temperado do hemisfério norte – podemos concluir que o negócio da madeira é hoje uma oportunidade que chega, por meio do fomento florestal, aos pequenos e médios produtores rurais do país, com retorno muito mais rápido que para os produtores de portes similares, nos países de clima frio. Abre-se, para esse perfil de produtores brasileiros, a possibilidade de participação em uma atividade sustentável, ou seja, economicamente atrativa, socialmente justa e ambientalmente correta.