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Márcio Bernardi

Gerente de Planejamento e Desenvolvimento Florestal da CMPC

Op-CP-60

Inovação como parte essencial
Neste momento, estou escrevendo este artigo da minha casa, intercalando com reuniões onde cada participante se encontra em sua própria casa, e isso só é possível por meio do uso da tecnologia. Antes da pandemia, eu utilizava o recurso de videoconferência em menos de 5% das minhas reuniões; nos últimos 100 dias, 95% delas são via plataformas on-line ou chats corporativos, com a mesma qualidade e eficiência das reuniões presenciais.
 
Esse exemplo materializa um aprendizado que devemos levar pós-pandemia: existem diversas tecnologias desenvolvidas e/ou em desenvolvimento que devem ser buscadas não somente em momentos de crise ou necessidade, mas de forma contínua. Precisamos questionar os padrões atuais.

Cada vez mais, sistemas de gestão pautados no conceito de melhoria contínua estão sendo adotados por empresas de base florestal. Podemos citar o método Lean como uma metodologia de melhoria contínua, com foco na gestão e melhorias dos processos. Uma definição simples desse conceito é que precisamos buscar fazer melhor hoje algo que fizemos ontem.

Fazer melhor é aumentar os benefícios ambientais, sociais e econômicos em cada atividade que estamos dispostos a realizar. Metodologia é um dos alicerces para criar um ambiente proativo de incorporação de tecnologia nos processos atuais e nos futuros desenvolvimentos. Outro eixo fundamental para qualquer avanço tecnológico são as pessoas, que devem estar comprometidas e engajadas no processo de melhoria contínua, mas, claro, isso só é possível por meio de capacitação e empoderamento.

Aqui, na CMPC, costumamos dizer que, com pessoas engajadas e metodologias adequadas, conseguimos alcançar resultados extraordinários. É nítido que o setor de base florestal foi e continua sendo desenvolvido em um ambiente tecnológico e de inovação. 

Um exemplo é como se dá o processo produtivo das empresas do setor de celulose, com a mecanização das operações de colheita e silvicultura, aplicações e ferramentas operacionais desenvolvidas por técnicas de sensoriamento remoto, desenvolvimento de materiais genéticos, crescimento da produtividade florestal, entre outros – avanços importantes, que permitem que o Brasil seja líder quando se fala de competitividade na produção de biomassa florestal renovável, seja para processos de transformação, seja in natura.

A inovação também contribui significativamente no elevado padrão ambiental e retorno social que o setor oferece nos seus produtos e serviços. No segmento industrial, há uma convergência para processos e produtos que gerem o menor impacto possível. Isso porque, ao investir em pesquisa e desenvolvimento, produtos à base de fibras naturais estão se tornando cada vez mais presentes na vida cotidiana das pessoas em diferentes usos.

Atualmente, é viável encontrar novos produtos feitos com matéria-prima sustentável, como garrafas e até camas. Inclusive criar soluções inovadoras, por meio da celulose, é um dos 3Cs que constroem o propósito da empresa – que se une ao conservar os recursos naturais dos quais dispomos e ao conviver com as centenas de comunidades vizinhas. 

Mesmo com todos os avanços já alcançados, ainda existe espaço para evoluir. No setor de florestas plantadas, na grande parte das empresas, há uma massiva coleta de dados em todas as fases, desde a formação da floresta até o processo de extração da celulose, iniciando na prospecção da terra, passando pela produção de mudas, preparo e estabelecimento da floresta e, finalmente, colheita e transporte da madeira.

Na fase de crescimento florestal, por exemplo, há coleta periódica de dados dendrométricos, meteorológicos, eventos bióticos e abióticos, dentre outros dados. Nos últimos anos, progredimos muito em métodos, automação e digitalização de coleta de dados. Hoje, podemos dizer, com segurança, que a falta de dados não é um problema, porém dados só são úteis quando geram informação, conhecimento e auxiliam na tomada de decisão.

Os modelos tradicionais de análise de dados não conseguem responder, de forma eficaz, a uma grande parcela das atuais inquietudes das organizações. Perguntas como “qual o melhor mix de madeira visando obter o melhor resultado industrial?”, “qual é o impacto de cada atividade do manejo florestal na produtividade final da floresta?”, “qual é a influência de um evento climático na produtividade florestal?”.

Todas elas podem ser respondidas com elevado nível de assertividade, a partir da utilização de técnicas e ferramentas avançadas de análise de dados, com o processo de Data Analytics. Data Analytics é um procedimento que envolve examinar dados para tirar conclusões úteis para os negócios. Ele é feito por meio de softwares especializados que podem conter conceitos de inteligência artificial e são utilizados em empresas para ajudar nas tomadas de decisões. 
 
Por si só, a implantação de um projeto de Data Analytics é considerada um avanço tecnológico que poderá gerar resultado em todas as áreas da companhia, porém esse método também pode ser uma ferramenta direcionadora de onde priorizar a inovação dentro da organização, ou seja, é uma alavanca potente de implementação de projetos de inovação em qualquer processo que contenha dados disponíveis, inquietudes, melhorias a serem buscadas e pessoas, engajadas.
 
Por fim, a inovação é parte essencial de empresas competitivas. Aqui, na CMPC, pensamos em processos e estratégias, enfatizando as melhorias contínuas em nível tecnológico, pessoal e em torno da necessidade das pessoas. Estou certo de que companhias que possuem um ambiente proativo de melhoria contínua, pessoas com propósito e um processo robusto de análise preditiva para direcionar os projetos de inovação estarão, com certeza, numa posição diferenciada para os avanços tecnológicos que ainda virão.