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Cristiano Resende de Oliveira

Gerente Executivo de Sustentabilidade da Suzano

AsCP21

Evolução sustentada por conexões
É natural que o mundo observe com atenção os temas discutidos e as conclusões tomadas pelo G7, o grupo que reúne as maiores potências econômicas mundiais. Em junho, na mais recente reunião do grupo, ficou clara a preocupação com os desafios a serem enfrentados em decorrência das mudanças climáticas. O recado, explicitado no documento “G7 2030 Nature Compact”, não poderia ser mais claro: “nosso mundo não deve apenas se tornar net zero, mas também ser positivo para a natureza, em benefício das pessoas e do planeta”.
 
O alerta, que não deveria exigir uma explicação, dada a obviedade da afirmação, torna-se ainda mais autoexplicativo quando analisamos o que a humanidade tem enfrentado desde o ano passado. A pandemia provocada pelo novo coronavírus mostra que grandes crises não respeitam fronteiras. Além disso, não são poucos os especialistas a alertarem que as mudanças climáticas podem ter um efeito ainda mais devastador do que o surgimento da Covid-19 e seus quase 4 milhões de vítimas fatais no mundo.
 
Diante desse cenário, fica evidente que precisamos olhar para os recursos naturais de uma forma bastante diferente do que temos feito até hoje e que só conseguiremos reverter um quadro alarmante de potenciais impactos ocasionados pelas mudanças climáticas se, a partir de conexões, trabalharmos em rede. Isso não é uma novidade: vimos um movimento semelhante no enfrentamento ao coronavírus, quando empresas se uniram para viabilizar a produção e a doação de unidades de saúde ou de equipamentos de proteção individual, por exemplo.
 
O caminho para a construção de um olhar sistêmico está, hoje, mais delineado do que nunca. Pesquisa realizada em setembro de 2020 pela BlackRock, a maior gestora de recursos do mundo, mostra que os investidores já entenderam a relação entre sustentabilidade e gestão de riscos. Quando perguntados sobre a razão para realizarem investimentos com foco sustentável, os entrevistados apontaram como principais respostas: “é a coisa certa a ser feita”, com 50%; “melhor desempenho ajustado ao risco”, com 46%; e “para mitigar o risco do investimento”, com 41%. São números que ainda não refletem de forma adequada a óbvia correlação entre aspectos socioambientais e gestão de riscos, mas é inegável que a evolução existe e é consistente. 
 
Caso fosse feita a mesma pesquisa entre os líderes de empresas de base florestal, arrisco-me a dizer que as opções que citam o termo “risco” teriam números próximos a 100%. Afinal, sabemos bem, todos os setores da economia mundial serão afetados pelas mudanças climáticas, mas poucos podem ser tão afetados quanto aqueles de capital natural.
 
Cabe a nós, portanto, assumirmos o papel de protagonistas na promoção de conexões que criem redes efetivamente atuantes. Precisamos estar juntos – iniciativa privada, administração pública, Academia, ONGs e pequenos produtores – para potencializarmos nossa atuação. A partir dessa rede, mobilizaremos clientes, fornecedores, investidores e demais públicos, no Brasil e no exterior.

Na Suzano, assumimos a responsabilidade de sermos ativos diante dos desafios enfrentados pela sociedade, incluindo as mudanças climáticas. Nesse sentido, no dia 25 de junho, anunciamos nossa Meta de Biodiversidade, a partir da qual atuaremos para conectar meio milhão de hectares de áreas prioritárias para a preservação nos biomas cerrado, mata atlântica e Amazônia. Estamos falando de uma área equivalente a quatro vezes a cidade do Rio de Janeiro a ser interligada até 2030.
 
O anúncio foi realizado durante o primeiro ESG Call da história de 97 anos da Suzano. A decisão de divulgarmos esse compromisso durante o evento reflete nossa crença de que essa meta, assim como outros desafios a serem superados, depende do envolvimento de diferentes atores. No caso específico da Meta de Biodiversidade, aproximadamente metade dos 500 mil hectares a serem interligados estão em terras que não pertencem à Suzano. 

O desafio é enorme, portanto. O ESG Call foi a segunda etapa de um trabalho de engajamento desses diversos atores. A primeira foi a própria constituição da meta, estruturada a partir da consulta de mais de 50 stakeholders das esferas privada, pública e do terceiro setor, do Brasil e do mundo.
 
Essa não é a primeira atuação colaborativa proposta pela Suzano, que possui inúmeras parcerias com empresas e organizações nacionais e internacionais. Mas é, certamente, a mais desafiadora e convincente demonstração de que acreditamos que, somente juntos, conectados e em rede, conseguiremos enfrentar os grandes desafios da humanidade e ajudar na construção de um futuro mais justo e sustentável.