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Rudolf Woch

Diretor da Apoiotec

OP-CP-34

O controle de plantas daninhas e a saúde da floresta plantada

Para o bom desenvolvimento de qualquer cultura, a possibilidade de propiciar condições para que o máximo do potencial genético possa se expressar é muito importante. Para isso, a escolha de clones de acordo com as regiões, a correção e o preparo de solos, as técnicas de plantio, de fertilização e de controle de plantas daninhas para a condução florestal são primordiais.

Os efeitos negativos da convivência das florestas com as plantas daninhas já foram amplamente estudados e têm servido como base para os processos decisórios nas empresas. Em alguns casos, as plantas daninhas são controladas até o final do primeiro ano; em outros, seu controle encontra viabilidade econômica até o sexto ano após o plantio.

O manejo de plantas daninhas em áreas florestais tem sido realizado com operações mecânicas e químicas. Os herbicidas têm papel fundamental no desenvolvimento das florestas livres da competição por luz, água e nutrientes. Contudo essa ferramenta precisa ser bem empregada, sob pena de criar um efeito contrário, com a fitotoxicidade das florestas em fase de desenvolvimento.
Para evitar danos com o uso dos herbicidas, alguns aspectos são fundamentais:

• Tecnologia de aplicação: A aplicação adequada dos herbicidas é elementar na saúde florestal. Boa parte dos esforços e dos recursos aplicados nas demais etapas do processo produtivo das florestas se perde devido à má aplicação dos produtos no campo.

Pulverizadores com vazamentos, sistemas de filtragem com restrições ou entupimentos, desgaste acentuado de pontas, posicionamento errôneo de bicos, entre outros aspectos básicos da operação, ainda são muito comuns em prestadores de serviços e aplicações próprias. A tecnologia de aplicação, por vezes, é colocada de lado, e o controle de qualidade promove avaliação de médias.

Dois exemplos bastante comuns no monitoramento operacional das empresas e dos seus prestadores de serviços são:
a. A dose média aplicada – se a quantidade de insumo aplicada em determinada área estiver 5% acima ou abaixo do recomendado, considera-se que a aplicação está correta;
b. E, a vazão obtida nos bicos – se não houver variação superior a 10% entre bicos, em relação à média de uma mesma máquina, a operação é considerada conforme.

Ora, se somarmos os erros conceituais contidos nos dois casos, temos variações de até 30% de distribuição de doses ao longo das áreas. Sendo 10% de amplitude de variação no primeiro caso, e 20% no segundo. Outro aspecto relacionado à tecnologia de aplicação diz respeito às perdas por deriva, quer seja por escorrimento do produto aplicado nas folhas das plantas-alvo (endoderiva), ou evaporação e deslocamento por condições climáticas adversas de vento, temperatura e umidade relativa do ar (exoderiva).

As pontas de pulverização são responsáveis pela geração de gotas que levarão os produtos até o alvo. Essas gotas geradas apresentam tamanhos diferentes, de acordo com o projeto dos bicos e com um mesmo tipo de bico em função de variações de pressão. Por essas peças, passam volumes consideráveis dos recursos aportados na formação e na condução de nossas florestas, e, ainda assim, poucos utilizam critérios técnicos em sua escolha.

A seleção das pontas e das suas condições de operação ocorre, em grande parte, em função do preço das peças, das impressões das equipes de campo e da facilidade de operação, no sentido de adequar a tecnologia às pessoas, ao invés do contrário. Esses procedimentos levam a perdas de recursos, contaminação ambiental, risco para as pessoas e ainda podem causar danos a florestas plantadas.

• Manejo: Existem vários herbicidas registrados para a cultura do eucalipto. O posicionamento de cada produto no manejo é fundamental para a obtenção dos maiores períodos de controle de invasoras sem riscos de perdas de produtividade pela interferência dos herbicidas nas florestas.

Como exemplo, os pré-emergentes: existem produtos que, obrigatoriamente, devem ser aplicados antes do plantio das mudas, outros podem ser aplicados sobre as mudas, sem riscos; alguns podem ser aplicados sobre resíduos, outros precisam ser posicionados diretamente sobre o solo exposto; e há ainda aqueles que podem ser aplicados sobre massa verde e ainda assim apresentarem bom desempenho em pré-emergência de plantas-alvo. Se o posicionamento de cada produto é fundamental, o planejamento não fica atrás.

A melhoria da gestão das operações é fundamental para que cada produto seja, de fato, aplicado em seu tempo. Perde-se a eficácia dos tratamentos devido ao momento inadequado em que muitas vezes as aplicações ocorrem. Se um determinado produto tem seu efeito em pré-emergência, não se pode aplicá-lo com as plantas já nascidas.

Esse é um problema comum em várias empresas do setor. Quando isso ocorre, operações não programadas precisam ser realizadas, como a aplicação de glifosate com costais, aumentando o risco de atingir as mudas com os herbicidas e gerando custos adicionais na condução florestal.

• Pessoas: Em todos os aspectos discutidos, o envolvimento de pessoas é fundamental em diferentes níveis. Nos níveis operacionais, a capacitação de pessoas para as novas tecnologias, os produtos e os equipamentos e seu uso mais adequado ainda é uma necessidade constante. Em uma porção significativa dos líderes e dos gestores, ainda existe necessidade de quebra de paradigmas. A cada dia, novas tecnologias e conceitos surgem no mercado.

A redução de custos e a melhoria do controle de plantas daninhas passam pelo desenvolvimento de novos conceitos, e as pessoas precisam estar abertas para os novos caminhos e para a inovação como uma via constante pela busca de competitividade. Experimentar o novo e adequar os sistemas de produção são necessidades elementares para esse fim.

Enfim, o controle de plantas daninhas na produção e a sanidade de florestas plantadas dependem de um preparo profundo de pessoas, da adequação das tecnologias utilizadas com herbicidas e seu manejo e redução de perdas, por falhas de decisão em sistemas de controle de qualidade ou por escolha inadequada da tecnologia de aplicação. A racionalização do controle de plantas invasoras é um desafio diário a ser encarado por nós, profissionais da silvicultura.