A produtividade é basicamente definida como a relação entre a produção e os seus fatores utilizados. Os fatores de produção são definidos como pessoas, máquinas, materiais e outros que, no meio florestal, são fortemente impactados pelo meio ambiente e por suas condições edafoclimáticas. Quanto maior for a relação entre a quantidade produzida por fatores utilizados, maior será a produtividade.
A produtividade constitui uma das melhores medidas para aferir a performance organizacional de uma empresa. Uma empresa com acrescidos resultados na sua produtividade é uma entidade mais eficiente, com melhor utilização dos seus recursos e que atinge melhores resultados, tendo assim maiores (hipóteses) probabilidades de prosperar no futuro. Essa ideia tem por fundamento a afirmação de que a produtividade, em seus diversos segmentos, é o melhor indicador para comparar a eficácia da gestão.
A produtividade primária da madeira é um importante componente do negócio florestal, no entanto o negócio florestal vai muito além da produtividade e dos custos da produção primária, cujos fatores já estão devidamente abordados em outros artigos desta edição.
A Gestão do Negócio Florestal depende da produtividade primária e também de outros importantes componentes do negócio, resumidamente elencados no quadro em destaque. O negócio florestal deve ter o lucro como premissa, e não apenas como objetivo a ser alcançado. Embora possa parecer a mesma coisa, não o é, porque quando o lucro é premissa do negócio, os principais componentes em seus níveis mais detalhados possíveis são analisados e estimados adequadamente a priori e registrados como premissas do negócio, ou seja, planejados sob a melhor estimativa possível de rendimentos, custos e preços de mercado.
Uma vez tomada a decisão de investimento pelo negócio florestal, o planejamento estratégico, tático e, principalmente, o planejamento operacional devem ser aderentes às premissas do negócio, pois a operação e os investimentos representam a saída de caixa do empreendimento, sendo esses os únicos sobre os quais o investidor possui maior controle e gestão, uma vez que o mercado, que representa o componente de entrada de recursos no empreendimento, pode não estar sob controle algum do investidor, dependendo da situação.
Naquilo que cabe ao investidor, os níveis de controle e gestão e as respectivas ferramentas e tecnologias utilizadas devem permitir que os apontamentos dos gastos e os rendimentos das operações e de investimentos estejam aderentes aos mesmos níveis previstos em orçamento, pois somente dessa forma a gestão do negócio pode detectar a real aderência ou desvios em relação às premissas de viabilidade do negócio, e, portanto, a eficiência da gestão do negócio.
Embora boa parte dos empresários do setor florestal concorde que são essenciais o conhecimento prévio dos componentes do negócio e sua boa gestão, nem sempre se verifica a sua materialização em uma considerável parte dos empreendimentos florestais já realizados aqui no Brasil.
Há vários empreendimentos florestais existentes no Brasil, realizados num passado recente sem análise alguma dos principais componentes listados, outros foram feitos de forma parcial ou até de maneira ingênua, por investidores hipossuficientes quanto ao conhecimento técnico e de mercado do negócio florestal.
Mesmo produtores e empreendimentos florestais de considerável tradição e conhecimento falham ao fazer um orçamento anual, cujos controles operacionais não refletem o orçamento. Deixam, portanto, de ter melhor desempenho, ainda que tecnologias de controle e gestão de fácil adoção já estejam disponíveis à excelência operacional.
Por outro lado, em nosso País, há empreendimentos florestais que são referência mundial no emprego de tecnologia de ponta, quer seja nos aspectos técnicos da produção, quer seja do ponto de vista de gestão das informações e governança. Tais considerações podem, de alguma maneira, sugerir que grandes empreendimentos com mais recursos tendem a possuir mais acesso às ferramentas e tecnologias e melhor gestão do negócio, enquanto empreendimentos de menor envergadura estão condenados à baixa tecnologia e desprovidos de excelência operacional em gestão por motivo de escala de produção.
Podemos afirmar categoricamente que essa relação entre envergadura de projetos florestais e
adoção de tecnologias de ponta em gestão não possui relação direta. Isto posto, é possível assegurar que o mesmo nível de tecnologia e excelência operacional visto em empresas de referência, já é realidade em projetos de menor envergadura, o que tende a se tornar uma realidade cada vez mais frequente para aqueles empresários florestais que desejam ter controle sobre todos os aspectos do seu negócio florestal com um custo absolutamente viável e compatível com o valor proporcionado.
Com novos arranjos no uso de ferramentas de sistemas de gestão, novas tecnologias de informação, inteligência cognitiva e excelentes profissionais inseridos no setor florestal, é possível afirmar que a excelência operacional na gestão do negócio florestal é muito mais uma questão de atitude do empreendedor do que propriamente uma limitação de escala de produção.
Certamente a eficiência e eficácia na gestão do negócio florestal são condições indispensáveis para a sobrevivência e também para a prosperidade do setor florestal, lembrando sempre que excelência em gestão do negócio não significa necessariamente a melhor produtividade no menor custo da madeira, se tudo isso estiver desprovido de uma boa receita na venda do produto no momento da colheita. A boa gestão do negócio florestal deve considerar seus principais componentes: produção, logística e mercado.
Produção: Estratégia de baixo custo de produção, visto que o preço é o mercado quem determina e o custo de produção é definido pelo produtor.
Logística: A produção de madeira assemelha-se à produção de uma commodity, porém com abrangência regional porque o produto “viaja” pouco (volume, peso, valor agregado).
Mercado: O mercado da madeira é um mercado mais que imperfeito, por se comportar como uma commodity de caráter regional, fortemente influenciado pelos players regionais mais significativos.
A gestão do negócio florestal é assim:
1. É eminentemente gestão de risco, que tem como premissa o lucro e a criação de valor.
2. O investidor que não possui informação suficiente sobre os principais componentes do negócio não decide corretamente e não gerencia de maneira adequada o próprio negócio.
3. Há disponibilidade de ferramentas, tecnologia e conhecimento para melhorar muito a gestão do negócio florestal.
Quase nada na vida é por acaso, o acaso geralmente é aquilo que desconhecemos. Na vida e na floresta, colhemos tudo aquilo que plantamos, seja com uma boa ou má gestão do negócio florestal.