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Rodrigo Ribeiro de Castro

Especialista em Planejamento e Mensuração Florestal da Duratex

Op-CP-56

As geotecnologias disponíveis ao setor florestal
A gestão de grandes áreas florestais, que, na maioria das vezes, encontram-se dispersas, condicionadas a uma alta produtividade e com os menores custos possíveis, é sim um enorme desafio para o setor florestal. Uma peça-chave para alcançarmos o sucesso na gestão de todas essas variáveis é o uso de geotecnologias integradas a sistemas de informações cadastrais. Essa integração é forte aliada à tomada de decisões mais assertivas e ágeis, ao controle de processos, a análises de múltiplas variáveis da produção, à difusão de informações e, consequentemente, à redução de custos. 
 
Entende-se por geotecnologias todo o conjunto de sistemas e ferramentas para coletas, processamento, análises e compartilhamento de dados e informações geograficamente referenciadas. Fazem parte desse conjunto, principalmente, os satélites, os drones, o escaneamento a laser, certas aplicações mobile, computadores de bordo, pilotos automáticos, sensores embarcados, WebGis e softwares para análises e processamento de informações geográficas. 
 
Avanços tecnológicos, ofertas de novos produtos e a progressiva redução de custos têm tornado ainda mais comum o uso de imagens de satélites na gestão de plantios florestais. Sensores com melhores resoluções espaciais (30 cm, por exemplo) e temporal (revisita semanal, por exemplo), sem contar aqueles multiespectrais e hiperespectrais, têm potencializado a visão sobre a floresta.

Na Duratex, as imagens produzidas por esses sensores orbitais são utilizadas para identificação de sinistros (pragas, danos por vento, etc.), acompanhamento de operações, extração de parâmetros de qualidade de plantios, estudos de uso e ocupação do solo, prospecção de novas áreas e principalmente no cálculo de índices de vegetação (NDVI) com foco no controle da produção de madeira.

Dois fatores que limitam o uso dessas imagens são o modelo de comercialização, que exige uma área mínima de compra (frequentemente maior que a área de interesse) e a presença de nuvens (expressiva, por exemplo, em regiões litorâneas do Nordeste brasileiro). Para a primeira limitação, modelos comerciais por assinatura de imagens se têm popularizado, mas, para alguns negócios florestais, o custo desse produto ainda é fator impeditivo no Brasil. No caso das nuvens, o uso de drones ou voos fotogramétricos em aeronaves tripuladas fica como opção a ser avaliada.
 
Ainda mais populares que os satélites têm sido os voos de drones/VANTs em plantios florestais. Tanto modelos de asas fixas quanto de multirrotores se destacam pela produção de imagens de altíssimas resoluções espaciais (5 a 10 cm) e a modelagem tridimensional do terreno.

As imagens dos drones aplicam-se principalmente à gestão da qualidade de plantios florestais (quantificação de falhas e sobrevivência, variação no espaçamento, diâmetro de copa), levantamentos cadastrais, avaliação de resíduos de colheita, acompanhamento de operações, geração do modelo digital de elevação, monitoramento ambiental, suporte à avaliação do desempenho de materiais genéticos. Atualmente, a Duratex conta com uma frota de nove drones multirrotores, presentes em todas as unidades florestais. 
 

Anualmente, são monitorados 20.000 (vinte mil) hectares de floresta e um total de aproximadamente 900 quadras. A tecnologia de coleta de imagem tornou-se fundamental para a consolidação dos parâmetros de qualidade exigidos pela companhia, integrando-se à rotina das operações florestais. Outros serviços executados por drones, como pulverizações, monitoramento de focos de incêndio, lançamento de sementes e de inimigos naturais, tendem a se popularizar no setor.

Equipamentos com maior autonomia de voo e softwares com análises mais robustas (como contagem automática de plantas) são exemplos de expectativas para os próximos anos. Outra tecnologia de destaque é o escaneamento a laser ou LiDAR (Light Detection and Ranging), que, além de produzir modelos digitais de elevação de precisão centimétrica, possui grande potencial para futuro uso em larga escala no Inventário Florestal.

Aproximadamente há 3 anos, a Duratex pesquisa e participa do Programa Cooperativo sobre Tecnologias LiDAR, com ênfase no processamento dos pulsos laser, obtendo-se a altura total das árvores e por modelagem matemática, e amostragens em campo estimam altura comercial, diâmetro, área basal e volume de madeira. Tais modelagens estão sendo aprimoradas, e continuamos na busca por custo com a técnica mais competitivos com o método tradicional de Mensuração Florestal (Inventário). 
 
No setor florestal, também está evidente o crescente uso de dispositivos móveis (smartphones) em campo, seja por meio de mapas georreferenciados ou aplicativos específicos. Sistemas que permitem criações de formulários digitais, de maneira simples, para coleta de dados georreferenciados, geração de dashboards e publicação de resultados já fazem parte da rotina das empresas nas áreas operacionais, qualidade e meio ambiente. São exemplos de tecnologias digitais utilizadas na Duratex: o apontamento das atividades pelos operadores em campo, a coleta do ponto dos colaboradores e avaliações de qualidade de processos florestais.

Esses aplicativos eliminaram o uso de formulários de papel e a digitação de dados, trazendo agilidade no processamento das informações e rapidez na tomada de decisão. Existem outros aplicativos com uso potencial, principalmente para microplanejamento, que permitem a criação de mapas off-line em campo, com simbologias padronizadas e pré-definidas, e sequente publicação em plataformas web.
 
Mapas embarcados, piloto automático e sensores de precisão também são geotecnologias comuns na área florestal. Sistemas de posicionamento por satélites associados a mapas georreferenciados nos computadores de bordo das máquinas florestais promovem suporte à tomada de decisão (conforme microplanejamento), acompanhamento e estudo de rotas e orientação de operadores quanto a pontos de atenção no talhão (declividades acentuadas, redes elétricas, áreas de preservação permanente).

Melhorias na emissão e recepção de sinais satélites contribuíram para o sucesso de outra importante ferramenta, os pilotos automáticos. Eles têm atuado principalmente em operações como abertura de estradas e abertura de linhas de plantios, com traçados definidos previamente em escritório, considerando declividades e uso do solo. 
 
Algumas atividades de silvicultura da Duratex, como a aplicação de isca formicida e a adubação, já contam com sistemas de precisão para aplicação de insumos em campo, garantindo homogeneidade na aplicação e possibilidade de identificação de desvios. Nos tempos atuais de conceitos como Big Data, florestas 4.0, transformação digital, informatização no campo, é observado expressivo crescimento das geotecnologias e a clareza dos seus retornos produzidos.