Diretor Executivo da ABRAF
Op-CP-05
As florestas plantadas no Brasil, integradas às indústrias produtoras de celulose e papel, painéis de madeira reconstituída, siderurgia a carvão vegetal, produtos sólidos de madeira e móveis, caracterizam uma importante cadeia produtiva no cenário nacional, cujo maior benefício ao país pode ser resumido no tripé da sustentabilidade: atividades economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas.
Sob o aspecto econômico, as atividades da cadeia, abrangendo florestas plantadas e os segmentos das diversas indústrias de transformação, apresentaram, em 2005, um Valor Bruto de Produção de R$ 59 bilhões, tendo recolhido R$ 9,2 bilhões em tributos, exportando US$ 2,47 bilhões, e compreendendo 4,5 milhões de empregos, entre diretos, indiretos e efeito renda.
O segmento está em franca expansão, tendo em vista a competitividade da madeira produzida a partir das florestas plantadas, conseqüência da elevada produtividade das espécies desenvolvidas pelos centros de pesquisa e desenvolvimento florestais, da racionalização da logística entre florestas, as fábricas e a movimentação dos produtos.
No segmento de celulose e papel, nos últimos 4 anos, tem sido investidos US$ 1,2 bilhão, anualmente, em novas unidades de produção, prevendo-se investimentos de US$ 10 bilhões, nos próximos 10 anos. No momento presente, duas grandes instalações estão sendo montadas nos estados do Paraná e da Bahia, e a imprensa já tem noticiado as previsões de 3 grandes empreendimentos no estado do Rio Grande do Sul, além das negociações que podem resultar em um novo empreendimento para produção de celulose, conjugada com produção de papel, no estado do Mato Grosso do Sul.
Na siderurgia a carvão vegetal, além das ampliações nas instalações existentes, predominantemente em Minas Gerais, ocorrem investimentos no norte do país, compreendendo novas bases florestais, dedicadas corretamente a suprir novas unidades industriais, além de um grande empreendimento de plantio de florestas, destinadas a suprir o pólo siderúrgico em desenvolvimento na área de influência de Carajás.
Na indústria de painéis de madeira reconstituída, foram investidos cerca de R$ 3 bilhões na década 1995/2005, resultando em um salto na capacidade do setor de 1,6 milhão, para 5,8 milhões de m3/ano, acompanhando o forte aumento da demanda da indústria de móveis, e introduzindo, no país, as tecnologias de fabricação de MDF (Medium Density Fiber-board), HDF (High Density Fiber-board para pisos) e OSB (Oriented Strand Board), além do surgimento de novas fábricas de aglomerados de qualidade superior.
É importante assinalar que as atividades dos diversos setores de transformação induzem a criação e o crescimento de pólos especializados, com o desenvolvimento de empresas fornecedoras e prestadoras de serviço, cujo melhor exemplo são os pólos moveleiros existentes em diversas regiões do país.
Do ponto de vista social, as atividades de florestas plantadas trazem excelentes benefícios às comunidades sob sua influência, que podem ser avaliados pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), quando se comparam municípios com mesmas características, tendo ou não atividades florestais, com clara vantagem para as primeiras.
Por outro lado, programas como o fomento florestal, promovido pelas empresas que cedem mudas, insumos e assistência técnica a pequenos e médios produtores rurais, garantindo a compra da madeira, à época da colheita, a preços de mercado, trazem os benefícios da distribuição de renda, da injeção de recursos nas comunidades rurais, da fixação da população no campo, e dos investimentos sociais, por iniciativa das próprias empresas, na região.
Em 2005, as empresas associadas da ABRAF investiram cerca de R$ 69,7 milhões em 1.045 municípios de sua área de influência, beneficiando mais de 1,2 milhão de pessoas, mediante programas nas áreas de ação social, saúde, meio ambiente, educação e cultura e produtos não madeireiros.
E do ponto de vista ambiental, na atualidade, as atividades de florestas plantadas buscam a excelência nas práticas ambientais, não somente em atendimento à legislação em vigor nas áreas de APP (áreas de preservação permanente) e de RL (áreas de reserva legal), mas com iniciativas próprias, como a criação de RPPNs (reservas particulares de patrimônio natural), formação de corredores ecológicos e atenção a zonas de amortecimento.
As empresas associadas da ABRAF, em sua maioria, já são certificadas - ou estão em processo de certificação, pelo FSC (Forest Stewardship Council, no Brasil, Conselho Brasileiro de Manejo Florestal) e/ou pelo Programa de Certificação Florestal, Cerflor, incluindo as atividades florestais e a cadeia de custódia. Tendo em vista a interação entre variáveis sociais e ambientais, o setor, hoje, dedica cuidados, atenção e investimentos ao planejamento do crescimento das áreas plantadas, de modo a, não somente evitar conflitos, mas também integrar as populações locais, oferecendo participação em seus programas locais e até as incorporando nas atividades produtivas.
Em resumo, a cadeia produtiva, que se inicia nas florestas plantadas e compreende os diversos segmentos industriais de transformação e valorização da madeira, todos em franca expansão na atualidade, além de trazer ao país os grandes benefícios decorrentes do tripé da sustentabilidade, tem plenas condições de crescer de modo planejado e sustentado, contribuindo, decisivamente, para o crescimento e o desenvolvimento do Brasil.