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André Leandro Richter

Presidente ACEF e AEFsul

OpCP45

As excelências estão todas expostas
nais, as atividades produtivas, em especial de base florestal, enfim, o mercado como um todo a fim de podermos nos expressar e melhorar através de nossas ações em conjunto, sempre em benefício de todos e do meio ambiente, e, nesse desafio constante, nos encontramos agora, ainda mais quando estamos à frente de entidades de classe representativas de elos dessa sociedade moderna, como a ACEF (Associação Catarinense de Engenheiros Florestais) e a AEFsul (Associação de Engenheiros Florestais do Vale do Braço do Norte e Sul de Santa Catarina), pois ações nos são postas e cobradas.
 
De qualquer forma, nós engenheiros florestais estamos inseridos nessa complexa sociedade brasileira, que passa por muitas e grandes transformações, e é nesse contexto que desejo deixar registrada aqui a nossa opinião.
 
Quando estava cursando engenharia florestal na Esalq/USP, há 20 anos, nossas preocupações, então como alunos, eram de nos aperfeiçoarmos e de nos estabelecermos como conhecedores das boas técnicas florestais, de como o sistema produtivo florestal poderia ser melhorado, de como a evolução tecnológica poderia ser utilizada para avançar mais e mais a produção. De qualquer forma, o pensamento era voltado para sermos excelências como engenheiros conhecedores da floresta e de seus mecanismos produtivos.
 
Ao que parece, conquistamos, nesses mais de 20 anos, grandes avanços produtivos; como me lembro, discutíamos ganhos de produtividade pelo melhoramento genético até chegar à clonagem, ou, mais especificamente, a clonagem in vitro, para o Eucalyptus e Pinus, partindo de progênies com produtividades iniciais de 15 a 25 m³/ha/ano e, com o melhoramento genético, chegando a 35 a 45 m³/ha/ano, e depois, com a clonagem, até chegarem a mais de 100 m³/ha/ano em sítios específicos, além de discussões de melhoramento de qualidade da madeira para maiores ganhos e rendimento de celulose por toneladas de madeira, aspectos de melhoria da trabalhabilidade da madeira para usos nobres em móveis e molduras, que, antes, eram proibitivos, no caso do Eucalyptus, por rachar, empenar, torcer, etc.

Enfim, pelo que vemos hoje, muitos desafios foram superados e com “louvor”, pois se está utilizando a madeira de reflorestamento para todos os tipos de usos e funções, desta feita, podemos declarar no âmbito do setor florestal, de fato: “as excelências estão todas postas”. 
 
Dessa forma, creio que a engenharia florestal tem feito seu papel dentro do que a sociedade nos espera, e, se não espera, mesmo assim, ela tem recebido grandes contribuições ao meio ambiente, e da produção florestal de forma afirmativa e que podemos comprovar em todos os demais artigos desta prestimosa revista que temos em mãos.
 
Entretanto, acredito que ainda nos falta um caminho novo a trilhar, em especial aos engenheiros florestais e a todos os representantes do setor florestal: o do convencimento de nossos pares para uma maior participação no associativismo da classe e da nossa inserção política na sociedade como um todo, pois, nesse aspecto, somos insipientes, quase nulos, ou muito pouco representados.

Isso é facilmente percebido quando temas de relevante interesse da classe florestal são postos em discussão em nosso país ou fora dele, e não temos sequer um ente público que nos represente de forma integrada; temos sim alguns “arremedos”, mas não um órgão público que defenda, de forma inteligente e sem imperativos ideológicos e rançosos, a toda a classe da engenharia florestal, e fica esta defesa florestal cabendo, muitas vezes a poucos e valorosos representantes de algumas associações de classe, de empresas,
 
de ONGs, de outras entidades e até mesmo de indivíduos engenheiros florestais, que, de forma heroica, nos defendem e, em muitos casos, em minoria absoluta dentro dos fóruns, assembleias e câmaras. É nesse ponto que quero fazer e deixar registrada esta “provocação” aos colegas florestais e aos demais profissionais que labutam no setor florestal, que admiro e prezo: há 14 anos iniciei, a convite de outro engenheiro florestal, a minha participação na diretoria da ACEF, em SC, pois até aquele momento, assim como a maioria de nós, só me preocupava em dedicar meu tempo ao setor produtivo e trabalhar, e trabalhar, e trabalhar... Isso em todas as empresas em que fora contratado, sempre com foco na produtividade, na redução de custos e na geração de caixa para os empreendedores.
 
Até aí, nada de errado, afinal, quem nos contrata deseja exatamente isso, mas, a partir de estar inserido na ACEF, comecei a ter uma nova visão, mais abrangente, de cunho social, do que a engenharia florestal representa e poderia ainda representar, mesmo diante de todas as dificuldades corporativistas e deletérias enfrentadas por nós, dentro do sistema Crea/Confea. Podemos perceber que nós engenheiros florestais éramos minimamente ouvidos e, como já disse anteriormente, representados por poucos e hábeis heróis. 
 
Pois bem, diante de todas as agruras encontradas, estabelecemos, dentro da ACEF, um plano para fortalecimento de nossa entidade mãe (a Acef) e para que pudéssemos estar sendo representados dignamente dentro do Crea-SC. Assim, foi estabelecido o plano de criação das entidades regionais, iniciada pela fundação da AEFsul, em 2005, chegando hoje a sete entidades regionais: AEFsul, AEFoeste, AEFnorte, AEFlonesc, AEFplanalto, AEFvale e AEFcentro. Dessa forma, com a AEFsul estabelecida em 2005, conseguimos três anos depois de seu registro e de sua homologação no Crea/Confea, e, assim, mais um assento de Conselheiro Regional em Santa Catarina.

Após isso feito, a batalha foi pela criação e instalação da Ceef (Câmara Especializada de Engenharia Florestal) no Crea-SC, onde foram travadas duras batalhas contra um corporativismo vesgo, mas que foi derrotado, e pudemos, então, criada a Ceef/Crea-SC, conquistar a Cceef (Coordenadoria das Câmaras Espespeciais de Engenharia Florestal) no Confea e, assim, termos voz, vez e voto nas ações que, há décadas, não conseguíamos implementar, em especial uma que foi conquistada recentemente: “o reconhecimento da engenharia florestal como categoria “engenharia” dentro do sistema Crea/Confea”.

Imagine só! Pode parecer tola essa busca e reconhecimento, mas essa “classificação errada” feita há mais de 50 anos, dentro do sistema Confea, e nos trouxe danos e equívocos tenebrosos, e que esperamos estar sendo superados nos próximos anos. Mas essas ações são prova de que somente conseguimos superar os obstáculos estando a postos e nos fazendo ouvir através das associações de classe e na participação nos Conselhos Regionais e Nacionais, e esse modelo deve ser seguido, pois é de sucesso. 
 
Ainda temos muito a trilhar, mas os primeiros passos já foram dados. Precisamos agora convencer os colegas que participem das nossas associações, fundem novas entidades, participem dos conselhos municipais de meio ambiente, das fundações, das ONG´s, mas, sobretudo, se candidatem a vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores, enfim, participem da vida política da sociedade, pois, somente assim, poderemos nos fazer ouvir e ser ouvidos.
 
Percebemos claramente que, no Brasil, inexiste um órgão público que contemple todo o setor florestal; sabemos que o viés dos últimos anos fora da preservação ambiental sendo privilegiado em detrimento de uma visão racional e produtiva, mas restou provado que o setor florestal é o que mais garante e protege o meio ambiente.

Conseguimos superar ataques equivocados, demonstrando nossa condição diferenciada, em que,  para cada hectare de floresta plantada, por exemplo, temos outro hectare de floresta nativa preservada; quem e qual setor produtivo se equivalem? Bem, nenhum. Isso sem contar que nossas fábricas são, em grande maioria, exemplos de sustentabilidade e uso racional de recursos, inclusive com certificações internacionais em sua grande maioria; disso somos exemplo, não é mesmo?
 
Mas, então, o que nos falta? 
 
Percebemos claramente uma ausência de um ente governamental representativo do setor florestal como um todo, e não apenas de uma parte, pois só tivemos, até agora, remendos, ora um órgão atendendo a somente o setor de florestas plantadas, outro atendendo ao setor de florestas nativas; um com um viés, outro com outro, e, assim, parece que sempre estamos num “cabo de guerra”, e isso, de fato, nos faz perder o bonde da história e deixar de gerar renda, emprego e impostos à nação.
 
O caminho em que acreditamos está na integração do setor florestal com um mesmo órgão público (como o saudoso IBDF) e com status de ministério, pois entendemos que a maturidade já foi atingida e que, mesmo que alguns indivíduos ainda tenham a “cisma” de querer implantar uma ditadura ambientalista em nosso país, nossa sociedade não aceita mais isso, ela deseja a produção com sustentabilidade, a preservação com o uso adequado e racional, a conservação com qualidade de vida. 
 
Então, ou entendemos que o caminho está nesse aspecto, de crescermos e obtermos uma vida de primeiro mundo, e uma das ações que nos faltam é o fortalecimento ou a transformação ou a criação de um ente público que possa, de fato, atender às demandas do setor produtivo florestal como um todo, e não estarmos emendados como estamos hoje, parte no Ministério do Meio Ambiente, parte no Ministério da Agricultura, e, de fato, não temos guarida em ninguém. 
 
Podemos dar muito mais ao Brasil, mas somente com a visão da excelência produtiva que temos com a conservacionista já conquistada, e, ambas unidas, avançaremos e teremos o sucesso por fim desejado, e, enquanto isso não ocorrer, iremos navegar como uma nau sem rumo, para a qual qualquer porto que atracar estará bom! As excelências estão todas postas, e nós nos associaremos a essa ideia ou continuaremos navegando sem rumo?