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Elstor Paulo Frey

Diretor de Logística e Suprimentos da Globe Metais

Op-CP-17

Estamos saindo do fundo do poço

A crise acabou? Sim. As empresas bem administradas, com ativos de vida longa e baixo custo, sobreviverão e prosperarão, especialmente se tiverem commodities que sejam de interesse de países que demandam a sua aquisição. Os números e projeções informam que, em 2010, o PIB mundial crescerá 3,3%, mercados emergentes sairão na frente com PIB 6,3%, e o Brasil, com 4,5%, enquanto as economias desenvolvidas terão um PIB de 1,3%.

Cuidados: Temos que ser muito seletivos e cuidadosos nas nossas vendas neste momento de 2009: apesar da queda dos preços das commodities, devemos assegurar e evitar a inadimplência da venda; mediante isso, estaremos honrando os compromissos de pagamento da cadeia produtiva do nosso negócio.

Vantagem: O reflorestamento no Brasil tem seu investimento privilegiado por estar em um país tropical, com um clima favorável, que nos permite exaurir uma floresta em seus ciclos, com maior rapidez do retorno do capital e devido à maior produtividade alcançada, graças aos trabalhos realizados no desenvolvimento com melhoramento florestal pelos cientistas e empresários do setor, que nos permite um menor custo/m³ de matéria-prima quando comparado com países do hemisfério norte.

Dificuldade: Apesar dessa vantagem, a maioria das indústrias e empresas que se utilizam de matérias-primas florestais reduziram o seu investimento em programas de reflorestamento no Brasil, em virtude da crise globalizada, por dificuldade e custo de créditos.

Mudanças: Estamos presenciando nesta crise globalizada muitas oportunidades de negócios e posicionamento estratégicos, que vêm mostrando que todos os segmentos que se utilizam de matérias-primas, em especial o setor de papel e celulose, têm se posicionado com fusões entre empresas para melhorar a sua posição frente ao mercado interno e internacional.

Alguns setores, a exemplo de painéis e madeira sólida, dependerão muito da velocidade do mercado interno, que acompanha os programas de implementação da construção civil e dos demais programas de investimento do PAC. O setor siderúrgico, que se utiliza de carvão, também está saindo da crise globalizada, em virtude da demanda do mercado de gusa e aço, aos poucos retornando a suas atividades, bem mais consciente de realizar o seu dever de casa na busca de reduções de custo versus a queda dos preços da suas commodities.


Coragem na Reforma Tributária: No meu entendimento, o governo e os setores afins deverão tomar a coragem de avançar na reforma e diminuição da carga tributária, que é a mais elevada do mundo. Essa imensa carga pode estar impedindo que tenhamos, de imediato, maiores investimentos e, por conseguinte, assumindo posições mais estratégicas e de liderança desse setor em nível mundial.

Marco regulatório: O marco regulatório federal (em geral) existente é difícil e desalinhado com a atualidade globalizada e requer adequação rápida, para que possamos evoluir e competir nesse mercado dinâmico. Alguns marcos regulatórios estaduais estão sendo realizados com muita morosidade, a exemplo da gestão ambiental e florestal, causando retardamento de investimentos, postergação da geração de empregos, redução de impostos e diminuição da geração de divisas com as exportações.

Algumas Secretarias Estaduais de Meio Ambiente estão discutindo a regulamentação da legislação ambiental e florestal de forma morosa para a gestão e monitoramento ambiental para o setor, como licenças, Cadastro Ambiental Rural, Autorizações de Explorações e de Transportes.

As questões fundiárias estão sendo recadastradas pelos órgãos federais e estaduais, o que requer Georreferenciamento pelo sistema geodésico das propriedades, de forma lenta, devido ao acúmulo de processos a serem analisados para evitar a atual confusão de localização, área das propriedades com vários andares. Os marcos regulatórios devem ser agilizados e são de suma importância para que tenhamos maior rapidez na expedição dos processos pelos órgãos públicos, para o bom andamento do nosso negócio, conforme planejamento de cada empresa.


Conclusão: Estamos saindo do fundo do poço, mas o cenário atual ainda requer muito trabalho do empresariado para colocar a sua empresa de forma sustentável, competente e eficiente. E, em relação ao Governo, quanto mais breve o Estado proceder as reformas e ajustes necessários, mais rapidamente alcançará os benefícios da captação de investimento das indústrias do setor florestal, da geração de empregos e da arrecadação de impostos.