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Pieter Willem Prange

Consultor Florestal Independente

Op-CP-19

Emocionante

Em conversa com um amigo, perguntara ele como foi que escolhi a minha profissão na silvicultura. Não tive dúvidas. Cabia-me explicar a oportunidade e “voltei a fita” da memória como hoje se faz com um vídeo. Estava novamente, nos fim dos anos 50, seguindo para meu segundo estágio de férias, em Santa Catarina, para praticar, na região de Lages, meu aprendizado da “Luiz de Queiroz” adquirido nas aulas teóricas de silvicultura. 

Um velho DC-3 da TAC - Transportes Aéreos Catarinense me levaria ao destino, via Curitiba, Joinville e Itajaí. Depois de quase oito horas de viagem, pousamos, finalmente, entre imensas pilhas de madeira serrada da araucária, destinadas à construção pelo Brasil afora e às exportações. Um já falecido madeireiro, companheiro no avião, engatara uma boa conversa e ficou sabendo que meu objetivo era melhor conhecer o estabelecimento de plantações de árvores que se iniciara naquela região.

Para que, moço, perguntara ele. Temos uma imensidade de árvores a perder de vista, e a mata está escura de tantos troncos que temos por aqui e em todo o estado de Santa Catarina e no Paraná. Mas, meu senhor, respondi, do jeito que vocês cortam essas árvores e não as repõem, isso vai acabar.

E nem sempre pagam as taxas de reposição ao antigo Instituto Nacional do Pinho, a que estão obrigados por lei.  Eu vou para uma empresa que quer crescer e não tem como esperar o lento crescimento dessas araucárias. Fui e o encontrei, anos depois, pedindo auxílio, pois acabara de cortar suas últimas árvores e fechara a serraria. Queria plantar algo para o futuro.

Naquela época, nos anos 60, plantávamos árvores de um outro gênero, desconhecido na região. Eram os Pinus, com diversas espécies em fases de introdução e originários de clima temperado. No estado de São Paulo, nos anos 50, logo após o fracasso da tentativa de introdução de espécies exóticas de rápido crescimento - como o Pinus radiata-, ficou evidente que diversos parâmetros técnicos deveriam ser mais bem observados para uma introdução com sucesso.

Esse Pinus radiata, era originário de regiões de microclimas, muito distintos do do estado de São Paulo. Os técnicos sabiam, mas era um programa político, e daí, até o insucesso, foi só  um passo. Assim, a introdução experimental de outras espécies de Pinus em diversos locais distintos também mereciam demoradas, diversificadas e comparativas observações técnicas.

Era elementar, mas a ânsia de dispor de madeira a  curto prazo era premente. Não se dispunha de informações básicas. Era puro pioneirismo, ajustando cada detalhe, pelos fracassos e sucessos. O que foi importante na época e continua prevalecendo até hoje é a administração da relação custo-benefício, algo básico, que os antigos e os atuais administradores de projetos realizam com a maior e necessária seriedade. O resto é ocasião de oportunidade.

Não dispúnhamos, no início das nossas carreiras, do ferramental disponível nos dias atuais, como SIG (sistemas de informações), computadores, dos GPS’s, dos sistemas de gerenciamentos por vias eletrônicas. Que dizer, então, dos esforços coletivos de pesquisas temáticas em conjunto com outras congêneres e por via de entidades de classe?   A silvicultura atual é tão tecnificada, que é necessário ter uma visão global das utilidades das florestas plantadas.

Antigamente, só se tinha a certeza da necessidade de se poder suprir as áreas consumidoras das madeiras. Conhecimentos de mecânica e genética, administração e finanças, logística e computação, contabilidade e legislação, principalmente do meio ambiente, fertilidade e características dos solos eram, e ainda são, apenas algumas das facetas dos atuais e futuros empreendedores que sucedem aos empreendedores dos anos 60 em diante, os quais, pautando-se nas experiências do passado, poderão elevar, ainda mais, a capacidade da já expressiva representação dos profissionais florestais e a nossa produtividade florestal.

A expansão da nossa já ampla variedade de produtos florestais poderá se tornar ainda mais valiosa, já que as oportunidades existem. Mas lembrem-se da equação custo-benefício, que deverá ser lembrada diariamente. Inventar a roda não foi fácil, mas, agora que já existe, cabe um contínuo aperfeiçoamento e avanço e aplicação das novas tecnologias.

Entretanto uma ferramenta acima de todos não pode ser desprezada: a comunicação entre todos os atores desse teatro florestal e o estímulo constante à pesquisa. Portanto a opção pela vertente mais interessante na carreira florestal é ampla e diversificada, devendo haver a necessária colaboração entre diversas carreiras, as quais se tornarão complementares.