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Augusto Praxedes Neto

Gerente de Relações Institucionais do Grupo Orsa

Op-CP-21

Compromisso com a sustentabilidade

Pensar sustentabilidade no sistema florestal brasileiro é, antes de tudo, trocar o verbo possuir pelo verbo emprestar. Nos dicionários, um dos significados  de possuir é ter em seu poder.  Já o significado de emprestar é dar alguma coisa a outrem com a obrigatoriedade de restituição.

E é nessa condição, de quem toma emprestado o planeta das futuras gerações, que devemos pautar nossas ações. Somos um país privilegiado. Abrigamos a maior biodiversidade do mundo e 12% de toda a água doce do planeta. Por outro lado, ainda enxergamos nossas florestas como algo distante, exótico, que só tem a ver com quem vive na Amazônia. 

Nossa outra floresta, a Mata Atlântica, da qual só restam 7% e é tão rica quanto a Amazônica, raramente é lembrada. Mudar essa percepção é urgente e extremamente necessário. As inter-relações entre o ambiental, social e econômico estão cada vez mais fortes. Não dá mais para se pensar em negócios e desenvolvimento sustentável sem esses três pilares.

E é esse conceito de equilíbrio entre o ambiental, econômico e social que permeia a estratégia do Grupo Orsa, uma das mais importantes organizações brasileiras do setor de madeira, celulose, papel e embalagem. Sua principal fonte de aprendizado e aplicação desses pilares está nas suas operações no Vale do Jari, região entre o Pará e o Amapá.

O conceito foi implantado no meio da floresta Amazônica, de forma épica, no fim dos anos 1960, pelo bilionário norte-americano Daniel Ludwig. Ao assumi-lo no ano 2000, o Grupo herdou uma dívida gigantesca e um enorme desafio ambiental e social. Dez anos depois, elevou a capacidade instalada de 291 mil para 410 mil toneladas/ano e gera cerca de 5 mil empregos diretos e indiretos. Aberta nas décadas de 1970 e 1980, a área de plantio até então subutilizada ocupa 60 mil hectares, de uma área autorizada de 120 mil.

Para o Grupo, a transparência de suas operações é fundamental, por isso as submete a uma série de certificações, entre elas o FSC -  Forest Stewardship Council. Esse selo verde garante à sociedade que o plano de manejo florestal desenvolvido pelo grupo, com meio milhão de hectares e um dos mais avançados do mundo, respeita a biodiversidade local, os recursos hídricos e segue métodos rígidos para que o negócio seja lucrativo, favoreça o uso racional dos recursos naturais e promova a inclusão das comunidades locais.

Sua produção de celulose a partir de florestas plantadas de eucalipto também é uma das poucas no mundo a ter certificação FSC para 100% de sua produção ao longo da cadeia de custódia.  O envolvimento das comunidades no plano estratégico também se dá a partir do desenvolvimento de extensos programas de fomento voltados para pequenos produtores agrícolas que utilizam parte de suas propriedades para o plantio de eucalipto.

Realizado em áreas degradadas, previne o êxodo rural e gera renda para os pequenos agricultores da região, permitindo sua inclusão no mercado de madeira, ao mesmo tempo que evita a pressão sobre a floresta.

O fomento de curauá, espécie típica da Amazônia utilizada pela indústria automobilística na fabricação de peças internas de seus veículos, é outro exemplo. De fácil plantio, dispensa uso de fertilizantes químicos e pode ser cultivado consorciado com outras culturas. Atualmente, envolve cerca de 50 agricultores, de 15 comunidades do Vale do Jari, garantindo uma renda anual muito acima dos padrões locais.

Responsabilidade social aliada ao comprometimento com a biodiversidade da floresta também é o foco da Ouro Verde Amazônia, empresa do Grupo que atua no beneficiamento de produtos florestais não madeireiros, entre eles a castanha-do-pará. Valoriza as comunidades extrativistas com justas práticas de comércio e de uma relação equitativa e harmônica com comunidades indígenas, agricultores familiares e seringueiros da Amazônia.

O compromisso com a sustentabilidade requer apoio de pesquisa para gerar conhecimentos que levem ao uso racional da biodiversidade. Por isso, o Grupo mantém  parcerias com instituições de ensino e científicas nacionais e internacionais, como a Universidade de São Paulo, a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias  - Embrapa, a University of Freiburg (Alemanha), entre outras.

O Grupo Orsa vê o desenvolvimento dos negócios como um agente para a construção de uma sociedade sustentável. E essas e outras experiências reforçam sua crença de que é possível ter lucro com a floresta em pé. Para, assim, restituir às futuras gerações o que tomou emprestado.