Nos últimos dois anos, o time de silvicultura da Aperam BioEnergia direcionou suas ações para redefinir o conceito de mecanização da silvicultura. Nossa missão é promover uma verdadeira ruptura e quebra de paradigma, elevando os padrões de segurança, de ergonomia, de qualidade e de produtividade, ao mesmo tempo em que reduzimos custos operacionais e aumentamos nossa competitividade. Tomamos este paradigma na mecanização como o nosso divisor de águas, levando a empresa a um novo patamar de excelência e, em um futuro próximo, tornando nossa operação silvicultural como uma das melhores da categoria.
Historicamente, a silvicultura brasileira tem adaptado máquinas e equipamentos originalmente projetados para agricultura para operar em condições totalmente contrastantes com as exigências da silvicultura. Essa prática se estende aos principais implementos hoje em uso, quando, mesmo com o recente interesse em equipamentos de maior porte, como máquinas autopropelidas e adubadeiras de alta capacidade, muitas empresas ainda dependem de tecnologias agrícolas que oferecem baixas segurança, capacidade, autonomia e produtividade.
Essa situação se deve, em grande parte, à representatividade limitada do setor florestal em comparação com a agricultura, o que diminui o interesse dos principais fabricantes de máquinas e equipamentos em desenvolver soluções específicas para as nossas necessidades. Além disso, enfrentamos desafios relacionados à proteção de tecnologia e patentes — uma questão que nosso setor deveria abordar coletivamente, reconhecendo, respeitando e valorizando inovações tecnológicas patenteadas, para que possamos ser uma força propulsora de inovações, e não uma barreira a elas.
Reconhecendo essas limitações, assumimos o desafio. E, com iniciativa e protagonismo para a transformação dessa realidade, iniciou-se em 2021 um processo contínuo de busca por parceiros estratégicos e desenvolvimento interno. O movimento começou com uma decisão crucial da alta gestão: a mecanização definitiva do plantio. De maneira inédita estabelecemos uma parceria com a sueca Plantma Forestry, que até então atuava principalmente no hemisfério norte. Buscamos, então, um parceiro nacional para viabilizar o projeto e adaptar a tecnologia da Plantma às condições tropicais e ao plantio de eucalipto.
Com sucesso, conectamos as duas empresas e, em novembro de 2022, concretizamos a chegada da primeira Plantma-X ao Brasil — formando a parceria entre a Aperam BioEnergia, a Plantma Forestry e a Timber. Embora a máquina apresentasse desafios significativos, o empenho das equipes envolvidas foram superando as limitações técnicas.
Em apenas 90 dias de ramp-up, conseguimos alcançar os parâmetros de qualidade, atingindo um muito bom performance do equipamento em termos de produtividade. Precisamos ainda trabalhar em relação à conjugação de operações – como, por exemplo, a sua intercambialidade com a operação de aplicação de agrosilício durante o período seco, visto que, por estratégia de sustentabilidade, plantamos apenas no período chuvoso –, o que contribuiu sensivelmente para a viabilidade do projeto.
Outro projeto que merece destaque é a aplicação do skidder como máquina-base para o nosso projeto de "forestização da mecanização da silvicultura". Com isso, criamos o skidder equipado com dois implementos – um distribuidor de fertilizantes (autopropelido florestal) e um subsolador capaz de subsolar duas linhas simultâneas.
O resultado efetivamente alcançado é um maquinário capaz de operar de maneira eficaz, mesmo nas condições mais adeversas, proporcionando uma aplicação precisa e contínua de fertilizantes com ganhos relevantes em relação à precisão na localização da aplicação do adubo, redução de desperdícios e timing correto. Esse novo modelo trouxe ganhos de produtividade de 300% a 400% e ganhos financeiros muito relevantes. O projeto vai além da criação de um novo equipamento; ele redefine nossa abordagem na silvicultura, transformando um processo historicamente caro e arriscado em uma operação eficiente, segura e sustentável.
Como reconhecimento e evidência desta inovação e ruptura no setor florestal nacional, este desenvolvimento interno permitiu à empresa registrar duas novas patentes no INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial, reforçando nosso posicionamento com a inovação e criatividade.
Precisamos desenvolver máquinas florestais para a silvicultura e evoluir neste sentido, considerando, principalmente, a grande escassez de mão de obra, realidade comum para quase todas as empresas, e, de outro lado, a pressão cada vez maior por competitividade e qualidade.
E é aqui que surge a provocação: estamos realmente preparados para abraçar plenamente esta nova era da silvicultura mecanizada?
As oportunidades são vastas, mas os desafios também são imensos. Precisamos ir além da adaptação técnica e enfrentar questões complexas como a requalificação da força de trabalho, a integração de tecnologias de ponta como a inteligência artificial e a automação, e a construção de uma cultura organizacional que valorize a inovação contínua. Aqueles que se anteciparem a esses desafios e se comprometerem com a transformação terão em suas mãos o futuro da silvicultura global. Estamos apenas no começo de uma jornada que redefine os limites do possível, e a verdadeira revolução ainda está por vir. O próximo passo? Questionar o status quo, romper barreiras e, sobretudo, liderar com coragem e visão.
O setor florestal nunca mais será o mesmo.