Diretor de Negócios Florestais da Celulose Irani
Op-CP-31
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que mais de dois bilhões de pessoas em todo o mundo dependam da biomassa florestal. Boa parte desse contingente ainda utiliza madeira proveniente de florestas nativas sem qualquer tipo de manejo, provocando o desmatamento em uma época em que o mundo já dispõe de largo conhecimento científico acumulado e áreas suficientes para que essa demanda seja suprida apenas com madeira proveniente de florestas plantadas.
Nesse sentido, há uma evidente necessidade de a sociedade organizada fomentar o plantio de árvores de rápido crescimento para atender a essa demanda, reduzindo, ao mesmo tempo, a pressão sobre as florestas nativas. Mesmo que estas últimas possam ser manejadas adequadamente de forma a suprir parte dessa necessidade, a contribuição das florestas plantadas é absolutamente vital.
As florestas plantadas no Brasil e em outros países (China, Índia, EUA, Chile, África do Sul, Portugal, Espanha, etc.) representam uma alternativa sustentável – sob os pontos de vista econômico, social e ambiental – para se reduzir o processo de desmatamento das florestas naturais do nosso planeta.
A produtividade das florestas plantadas no Brasil, por exemplo, é mais que 10 vezes superior ao das florestas naturais do País. Assim, ao contrário do que defendem algumas correntes ambientalistas, o estímulo ao plantio de florestas de rápido crescimento reduz a pressão por desmatamento das florestas naturais.
Essas florestas têm sido usadas para atender às mais diversas necessidades do homem, mais especificamente energia – na forma de lenha, pellets, serragem – celulose, papel e embalagem, móveis, painéis de madeira para diversas finalidades, além de tanino, breu, terebintina, óleos essenciais – produtos de larga aplicação nas indústrias têxtil, cosmética, alimentícia, farmacêutica, de tintas, etc.
A área coberta por florestas plantadas representa apenas 0,7% do território brasileiro. As principais espécies utilizadas são o eucalipto e o pinus, mas são encontradas também, mais regionalmente, a acácia negra, a teca, além de outras espécies. Essa área se espalha por todo o território nacional. O Brasil possui, hoje, cerca de seis milhões e meio de hectares de florestas plantadas.
O conhecimento científico sobre o manejo dessas florestas tem se acumulado ao longo do tempo, notadamente nos últimos 50 anos, o que tem permitido a sua condução de acordo com princípios sustentáveis. Ao mesmo tempo em que são viáveis economicamente, seu manejo tem procurado seguir as mais modernas práticas ambientais, além de contribuir, de forma expressiva, para a redução, na atmosfera, dos níveis de gases geradores do efeito estufa.
A riqueza gerada no seu entorno tem importante participação social no aumento de renda, de emprego, de disseminação do conhecimento, de fixação do homem ao campo e de elevação dos indicadores sociais das suas regiões de influência.
As florestas plantadas estão, geralmente, associadas a empreendimentos industriais, do setor de celulose e papel, siderurgia, moveleiro, além de diversas outras aplicações. Nesse sentido, fazer parte de uma cadeia produtiva integrada tem permitido ao setor brasileiro de florestas plantadas, especialmente nos últimos 20 anos, acrescentar a essa cadeia uma nova categoria de empresários rurais, os chamados parceiros florestais.
Estes, que participam da cadeia produtiva através de programas de parceria florestal ou arrendamento de terras, estão integrando cada vez mais essa cadeia produtiva. Esse relacionamento tem resultado em aumento de renda e conhecimento para os parceiros e para a sua fixação na zona rural.
Por fazer parte de uma cadeia produtiva integrada e competitiva, o setor brasileiro de florestas plantadas contribui decisivamente para a balança comercial do País. Apenas o setor de papel e celulose tem gerado para o País superávit comercial anual superior a US$ 3 bilhões nos últimos anos. Isso significa geração de emprego e renda no País.
Apenas para ficarmos em um exemplo, a Celulose Irani, empresa fundada em 1941, na região de Vargem Bonita, meio oeste de Santa Catarina, e que tem, hoje, como principais atividades a produção e comercialização de caixas de papelão ondulado, diversos tipos de papéis para embalagem, breu e terebintina, conta com uma base florestal plantada de pinus e eucalipto, da qual extrai a madeira, usada na fabricação de celulose, papel e embalagem, e a resina, empregada na manufatura de breu e terebintina.
A empresa conta com 1.915 funcionários diretos e 789 indiretos (prestadores de serviço), divididos entre suas unidades florestais e industriais espalhadas por quatro estados brasileiros (RS, SC, SP e MG).
A empresa exporta para mais de 30 países. A base florestal da Irani está localizada em cinco municípios da região meio oeste do estado de Santa Catarina e em cinco municípios do litoral do Rio Grande do Sul e é composta de 46,5 mil hectares de terras, dos quais 49% são dedicados ao plantio de pinus e eucalipto; os demais 51% são formados por florestas nativas (áreas de APP, reserva legal e outras áreas nativas), lagos e infraestrutura.
Apenas as florestas plantadas de pinus e eucalipto são utilizadas na produção de madeira destinadas à fabricação de celulose – matéria-prima para a manufatura de papéis e embalagens –, resinas – matéria-prima empregada na fabricação de breu e terebintina – e energia de biomassa, além de madeira comercializada no mercado. Breu e terebintina, derivados da resina extraída das árvores de pinus, são produtos usados nas indústrias de tintas, cosméticos, saúde, alimentício, etc.
Considerando os funcionários próprios e terceiros e seus dependentes – estimamos em três dependentes por funcionário –, concluímos que cerca de 10 mil pessoas dependem direta e economicamente da Irani.
Um aspecto a ser considerado é o impacto positivo dos negócios da empresa sobre a vida das comunidades do seu entorno, em geral pequenas cidades ou vilas. Os funcionários da Irani representam parcela significativa da população dessas cidades.
São pessoas que recebem seus salários da empresa e investem preferencialmente no município onde vivem; por receberem da empresa um Plano de Saúde privado, não oneram os custos municipais relacionados à saúde; diversas empresas sediadas nos municípios prestam serviço à Celulose Irani, e seus funcionários também dependem diretamente da empresa para seu sustento; as compras realizadas pela empresa nos municípios representam importante aporte de recursos financeiros, recursos estes que entram e são, majoritariamente, investidos localmente; doações de mudas de espécies nativas e parcerias com os municípios do entorno em atividades socioeducativas também fazem parte da agenda de relacionamento da empresa com seus municípios vizinhos.
Analogamente, a importância social das corporações na vida das pequenas cidades do interior do País é comum às nossas empresas de base florestal. Por possuírem suas bases florestais disseminadas nas zonas rurais do Brasil, levam riqueza, educação e cidadania a essas populações e, paralelamente, desoneram esses pequenos municípios de algumas das suas obrigações.
Outra grande contribuição das florestas plantadas às populações do seu entorno é a absorção de gás carbônico durante o seu ciclo de crescimento. Por estarem em contínuo crescimento até o momento da colheita – 14 anos para o pinus e sete para o eucalipto –, as árvores plantadas absorvem, através do processo de fotossíntese, o CO2 presente na atmosfera.
A Bracelpa - Associação Brasileira das empresas de Celulose e Papel, estima que as florestas plantadas de empresas brasileiras removam do ar cerca de um bilhão de toneladas/ano de CO2 eq.
O fato é que nossas empresas de base florestal foram e seguem sendo competitivas em suas políticas e práticas de sustentabilidade. Sua evolução na gestão dos três pilares é exemplar para outros setores do Brasil e do mundo.
Contudo precisamos aprofundar nossa comunicação com a população brasileira, mais especificamente com aquelas do entorno das nossas florestas e fábricas.
É necessário mostrar-lhes o quanto elas participam dos nossos negócios, o quanto se beneficiam deles. Essa comunicação precisa ser realizada de forma direta e permanente com as principais lideranças – políticas, empresariais, educacionais, sociais, etc. –, em cada município onde atuamos. Ela ainda não tem sido realizada de maneira eficaz!