Nas últimas décadas, a palavra “sustentabilidade” ganhou protagonismo nos relatórios corporativos, nas campanhas institucionais e nos discursos públicos. No setor de florestas plantadas, esse termo se tornou quase uma marca registrada – afinal, lidamos com um recurso renovável, que sequestra carbono, gera empregos e viabiliza cadeias produtivas de baixo impacto. Mas será que estamos de fato praticando a sustentabilidade de forma concreta, mensurável e transparente?
É preciso reconhecer: temos sim um setor sustentável por natureza. Segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o Brasil conta com cerca de 10 milhões de hectares de florestas plantadas, que abastecem uma indústria responsável por mais de 3 milhões de empregos diretos e indiretos. Essas áreas respondem por 91% da madeira consumida pela indústria, reduzindo a pressão sobre florestas nativas e sequestrando cerca de 1,8 bilhão de toneladas de CO? equivalente.
Mas sustentabilidade de verdade exige mais que boas intenções. A sociedade e o mercado querem evidências. Dados da pesquisa Trend Tracker Brasil 2025 mostram que 59% dos consumidores consideram papel e papelão os materiais de embalagem mais ecológicos, e 68% dizem que estão tentando aumentar seu uso desses materiais. No entanto, alguns mitos ainda estão na cabeça dos consumidores: 70% afirmam que o consumo de papel, cartão e papelão causa desmatamento.
Na prática, temos muitos exemplos concretos, que precisamos amplificar para desmistificar crenças em torno da nossa indústria. Investir em educação é um caminho. Na Smurfit Westrock, temos vários programas de educação ambiental com professores da rede pública, com a comunidade e campanhas nas escolas, reforçando o papel social e ambiental que a floresta plantada desempenha.
Importante dar visibilidade sobre o processo de certificação no Brasil, que é rigoroso e valida o trabalho feito pela indústria no manejo sustentável. Temos no País 54 mil hectares de florestas plantadas e nativas, com certificações FSC(R) e PEFC/Cerflor. Além disso, toda a matéria-prima para elaboração do papel reciclado também possui certificação de cadeia de custódia FSC(R). Todo esse processo atesta que as nossas embalagens são sustentáveis e feitas sob medida para atender às necessidades dos nossos clientes, seja com fibras virgens ou recicladas, de origem responsável e com um processo que busca a eficiência no uso de todos os recursos naturais.
Investimos em tecnologia para reutilização de resíduos, como a conversão de lodo em composto orgânico e o reaproveitamento de subprodutos como fonte de energia. Na fábrica de Três Barras, por exemplo, autoproduzimos 85% da energia utilizada por meio de biocombustíveis extraídos do processo de conversão da madeira em papel e adotamos o uso de iRECs (International Renewable Energy Certificates) para compensar emissões de escopo 2 nas demais operações.
Olhamos a sustentabilidade de maneira integral e buscamos gerar um impacto positivo também para os nossos clientes com projetos que vão além da embalagem. Como o caso do cliente Angel Agrícola, que passou a embalar seus produtos com energia solar limpa, gerada localmente, conectada às nossas máquinas de automação – uma ação que uniu inovação, branding e sustentabilidade. Outro exemplo concreto é nossa solução de logística reversa, que garante o retorno e reaproveitamento de embalagens pós-consumo em parceria com mais de 250 empresas. Com isso, contribuímos para a economia circular, o descarte ambientalmente correto e a segurança das marcas.
Trocar o abstrato pelo concreto é também garantir rastreabilidade, medição de impacto, metas públicas e transparência. É sair do discurso genérico e mostrar, com dados e iniciativas, como embalagens sustentáveis podem impulsionar negócios, proteger o planeta e gerar valor para clientes, colaboradores e comunidades.
Sustentabilidade não é mais tema de compliance ou comunicação. É estratégia. É diferencial competitivo. E o setor de florestas plantadas está em posição privilegiada para liderar essa transformação.
Temos, hoje, a oportunidade de mostrar que o papel do nosso setor vai muito além da matéria-prima: somos parte da solução para os desafios ambientais, sociais e econômicos do nosso tempo. E só seremos reconhecidos assim se trocarmos o discurso pela prática. E a prática por legado. Porque mais do que produzir, é preciso criar soluções, que protegem o futuro e cuidam das pessoas.