O conceito “sustentabilidade” vem evoluindo ao longo do tempo. Historicamente, os problemas ambientais iniciaram durante a Revolução Industrial inglesa, em 1760, e demorou 300 anos até que a questão ambiental começasse a ser abordada. Até então, a visão era de que não existia uma relação entre impactos da população e o meio ambiente, ou eles eram ignorados. Para entender isso, é preciso analisar sob a óptica de um período em que a mentalidade era a de ver a poluição das fábricas como símbolo de vitória e prosperidade, sem perceber os possíveis efeitos colaterais do modelo industrial, marcado pelo uso irracional dos recursos naturais, pela desigualdade social e pelas péssimas condições de vida dos operários.
Os primeiros movimentos ambientalistas, motivados pela preocupação com contaminação das águas e do ar nos países industrializados, tiveram início na década de 1970, quando surgiram os avanços na Agenda Climática Mundial.
Em 1972, foi realizada, em Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente. Nela, as nações começaram a criar seus órgãos ambientais e legislações para o controle da poluição ambiental e, logo depois, surgiu a política de gerenciamento ambiental. O marco principal dessa ação foi a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, para tratar de assuntos ambientais.
Somente após esse ponto, poluir passou a ser considerado crime em diversos países. E os avanços continuaram na década de 1980, época em que a conservação ambiental passou a ser considerada uma necessidade, surgindo o conceito de ecoeficiência, que nada mais é que produzir produtos e serviços melhores com a redução sucessiva dos recursos e da geração de poluentes.
Brasil: A primeira conferência das Nações Unidas realizada no Brasil aconteceu em 1992, no Rio de Janeiro, a ECO-92, que reuniu 172 países. Foi nessa conferência que os líderes mundiais reconheceram que os problemas ambientais eram globais e que o modelo vigente de exploração máxima dos recursos naturais deveria ser alterado, pois não se sustentaria no próximo século. Nesse evento, apareceu o primeiro registro do conceito de desenvolvimento sustentável.
Passaram, então, a vigorar as normas internacionais de gestão ambiental, que introduziram conceitos como: certificação ambiental, auditoria ambiental e gestão ambiental. Desde então, as cúpulas climáticas da ONU, chamadas de COP (Conferência das Partes), realizam encontros anuais entre países-membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – UNFCCC.
2021: Na conferência sobre o clima COP26, na cidade escocesa de Glasgow, que ocorrerá no final deste ano, avanços importantes são esperados, já que deve ser um encontro em que as metas para redução nas emissões de carbono sejam ampliadas. Para se ter uma ideia, o ano de 2020 foi um dos três mais quentes já registrados, segundo a OMM (Organização Meteorológica Mundial).
Os outros foram 2016 e 2019. Os problemas ambientais atuais colocam em evidência a importância de desenvolvermos, cada vez mais, projetos inovadores, sobretudo de inovação sustentável, que possam trazer soluções para os desafios socioambientais que enfrentamos, com tecnologia pautada na ética e em novos modelos de negócios que promovem impacto positivo para a sociedade. Essas inovações tecnológicas poderão servir de meio para combater crises de água, energia, alimentos e sociais que o mundo enfrenta atualmente.
Vejo o Brasil com um papel fundamental nessa agenda, já que possuímos a maior floresta tropical do mundo; nossa matriz energética é uma das mais renováveis do planeta, assim como nossa matriz elétrica, que é ainda mais renovável do que a energética, com 83% da geração por meio de fontes renováveis. Apesar de termos uma das legislações ambientais mais completas e avançadas do mundo, ainda temos uma fiscalização frágil e inoperante com relação aos crimes ambientais e temos perdido, nos últimos anos, o protagonismo que o Brasil sempre teve na agenda climática mundial.
Posso destacar, por exemplo, o setor de florestas plantadas, que, há alguns anos, está se consolidando como um dos principais agentes no combate às mudanças climáticas mundiais, por meio de um modelo de gestão sustentável, em que as florestas plantadas e as áreas de conservação ambiental sequestram grandes quantidades de CO2 da atmosfera. Além de contribuir para a geração de energia de fontes renováveis, cumpre à risca a legislação, protege e preserva os serviços ecossistêmicos.
O meio ambiente não possui barreiras, já que os efeitos dos impactos ambientais são globais. Portanto a preocupação ambiental deve ser de todos, indistintamente.