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André Dezanet

Gerente Geral da Vallourec Florestal

OpCP73

Silvicultura digital a serviço do homem no campo
Como ponto de partida, gostaria de reforçar conceitualmente o termo ‘Silvicultura Digital’, o qual tem sido amplamente utilizado pelos profissionais das mais diversas competências do setor florestal. De modo bastante pragmático, podemos entender a Silvicultura Digital como o resultado do somatório de Tecnologias Digitais e a Gestão Florestal. Ela surge a partir do momento em que soluções tecnológicas são base para ações de manejo das mais diversas atividades da cadeia florestal.

Dada a natureza do tema, teria aqui a oportunidade de descrever e aprofundar sobre inúmeros dos avanços tecnológicos desenvolvidos no setor florestal, os quais apresentam uma curva acentuada de soluções aplicadas a partir do início dos anos 2000.

Tecnologias relacionadas a Sistemas Avançados de Informações Geográficas (SIG) para coleta de dados por detecção remota, com uso de GPS, satélites, drones e demais dispositivos. Ainda, na etapa da coleta de dados, a Internet das Coisas (IoT), com o uso de sensores para obtenção de registros em tempo real, instalados em inúmeros equipamentos utilizados nas atividades e operações florestais. Temos observado também um avanço expressivo na capacidade de utilização desta massa significativa de dados obtidos.

Esses dados agora têm sido interpretados através do uso da Inteligência Artificial (IA), por meio de algoritmos e softwares, e, ainda, aplicados no contexto do Machine Learning, os quais  suportam o processamento desta grande quantidade de dados, aprendendo com eles, permitindo previsão de padrões, tendências futuras e, sobretudo, auxiliando na tomada de decisão.

É possível observar que as soluções tecnológicas têm apresentado tal avanço expressivo, pois contam com iniciativas advindas de diversas frentes, chegando ao mercado através de desenvolvimentos feitos pelas próprias empresas florestais, mas, ainda, por universidades, por institutos de pesquisa e desenvolvimento, e sobretudo por startups.

E, dentro deste universo de soluções e possibilidades existentes, gostaria, todavia, de me concentrar em um aspecto relacionado à tecnologia a serviço do trabalhador presente no campo, nas frentes de serviço. Exerço aqui a oportunidade de compartilhar um pouco mais sobre duas soluções de aplicativos móveis, desenvolvidas pela Vallourec, mencionadas durante o painel Silvicultura Digital, no 5º Encontro Brasileiro de Silvicultura realizado como parte integrante da programação da 5ª Expoforest.

Quando pensamos no uso de tecnologias aplicadas nas atividades e operações florestais, logo nos remetemos à substituição do homem pela máquina. Fato é que muitas soluções desenvolvidas levam a essa substituição, a qual, muitas vezes, tem sido cada vez mais imposta, decorrente da escassez crescente de profissionais no campo para realização das atividades. Mas, por outro lado, temos exemplos de tecnologias que vêm para apoiar e trazer suporte tecnológico aos trabalhadores florestais no exercício de suas funções.

Um caso de sucesso que gostaria de compartilhar é o RH Digital, desenvolvido pela equipe brasileira de Tecnologia da Informação da Vallourec. Trata-se de um aplicativo colocado à disposição de todos os empregados da empresa que permite concentrar diversas funcionalidades de gestão de pessoas. Trata-se de uma ponte digital entre a área de recursos humanos e o empregado.

Com este aplicativo, tornou-se possível desmaterializar rotinas que anteriormente exigiam a presença, o registro físico e o contato direto do empregado. Como exemplo de funcionalidades da solução, cuja aceitação foi muito alta pelos usuários, todos têm acesso de maneira remota ao comprovante mensal de pagamento, fazem a solicitação de férias e o gerenciamento de horas trabalhadas pelo aplicativo; gerenciam recursos de investimento e crédito alocados na cooperativa da empresa, recebem informações e novidades relevantes a respeito da empresa.  
 
Um segundo caso de sucesso de solução digital implementada recentemente na Vallourec é o EPI Center. Essa tecnologia permitiu desmaterializar a gestão dos equipamentos de proteção individual (EPIs). Toda a rotina que era anteriormente baseada na ficha física de registro de EPIs, assinada por cada empregado no ato do recebimento do material, também saiu literalmente do papel.

O trabalhador continua assinando o recebimento do seu material, mas em um dispositivo digital, o qual é armazenado em seu banco de dados. Trata-se de uma ferramenta que trouxe maior segurança para o empregado e benefícios para a empresa. Passamos a ter garantia ampliada na distribuição do EPI definido para a função que o funcionário exerce, presente em seu cadastro digital, o que reforça o nível de segurança dos trabalhadores no exercício de suas atividades. Em se tratando de uma ferramenta cuja gestão da informação é integrada, possibilita a redução de desperdícios, gestão inteligente de estoques e confiabilidade em auditorias.

A Silvicultura Digital está presente mais do que nunca em nosso dia a dia florestal. E apesar de todos os avanços, alguns desafios importantes ainda são latentes. Desafios técnicos como a conectividade plena e facilmente acessível em áreas de plantios remotos; a integração de dados, gerados a cada dia em uma velocidade maior e em maior quantidade, advindos de inúmeras soluções implementadas; e a segurança dos dados obtidos, garantindo a confiabilidade e assegurando a competitividade de seus detentores. Desafios relacionados a investimentos necessários para acompanhar essa evolução tecnológica, os quais impõem possibilidades distintas entre empresas, investidores e produtores rurais.

E, sobretudo, desafios voltados ao homem, o qual está no centro dessa transformação digital: desafios de capacitação de mão de obra, sobretudo pelo fato de que novas competências são exigidas para acompanhar as mudanças, o que exige uma atenção maior na formação e treinamento dos profissionais. Isso se faz necessário para atrair e reter pessoas que estão entrando no mercado de trabalho, mas, sobretudo, para combater a exclusão digital de grupos ou pessoas que atuam no campo.

Portanto, a silvicultura digital a serviço do homem no campo é repleta de possibilidades, excelentes exemplos implementados, oportunidades ainda não desenvolvidas ou integralmente implementadas. O foco no profissional como usuário dos recursos tecnológicos no campo é vital, para podermos extrair os resultados esperados de soluções excelentes que fortalecem ainda mais a competitividade do setor florestal brasileiro.