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Isabela Rodrigues de Campos Oliveira e Bruna Dinofre

Supervisora de P&D e Supervisora de Silvicultura da Sylvamo, respectivamente

OpCP71

Resultados diretos e indiretos da aplicação de ferramentas de qualidade
A  busca pela maximização da produtividade e pelo menor custo tem sido uma motivação e, ao mesmo tempo, um dos principais desafios das empresas florestais desde o nascimento do setor. Considerando que o valor investido no manejo da floresta precisa ser competitivo, a qualidade na execução das atividades se torna um fator determinante para alcançar essa combinação de produtividade e custo. Desde a década de 1980, as práticas e as ferramentas de qualidade têm sido cada vez mais demandadas e aprimoradas. Sejam  controles, vistorias ou auditorias das operações, cada empresa adotou um modelo e um ritmo de aplicação da qualidade, porém, todas estão buscando os benefícios diretos e indiretos dessa prática.
 
Para haver uma maior sinergia e obtenção dos resultados esperados, é fundamental que a visão da equipe de qualidade e da equipe operacional esteja alinhada. Para que isso ocorra, a manutenção dos indicadores de qualidade das operações deve ser vista como responsabilidade de todos, desde os colaboradores de campo, operadores de máquinas até, e principalmente, os gestores. Por isso, na Sylvamo, nós adotamos um modelo híbrido de responsabilidade compartilhada, onde os controles e as auditorias são realizados tanto em nível operacional quanto estratégico. 
 
Esse modelo nos permite uma amostragem suficiente para validar a eficiência das operações e, principalmente, para tomar decisões importantes para o nosso negócio. O sistema de qualidade é composto por indicadores, que, por sua vez, são provenientes das avaliações e dos controles de rotina, em sua maioria executados pela equipe operacional, que é treinada e capacitada para tal. Em um segundo nível de controle, são realizadas as chamadas “auditorias”, que são avaliações mais completas e individualizadas de acordo com cada operação, que são conduzidas pelos líderes operacionais e validadas por uma equipe dedicada à qualidade. Ambos os níveis de controle são embasados em procedimentos operacionais validados por testes ou especialistas no assunto que comprovam ser aquela a melhor forma de atingirmos o “ótimo-econômico” de determinada operação. 
 
Uma vantagem competitiva importante de se ter um setor dedicado à qualidade na empresa é a visão global de processo que ele proporciona. A equipe técnica de qualidade monitora indicadores de viveiro, silvicultura e colheita florestal. Acompanhando o processo da produção de mudas até as avaliações de área pós-colheita, é possível relacionar os impactos de diferentes índices para a qualidade da floresta e seus reflexos na operação seguinte. 
 
Um exemplo é como a qualidade de mudas, que pode ser atestada através de parâmetros como enraizamento, rusticidade e coesão de substrato, impacta a operação de silvicultura em menores taxas de replantio, redução de irrigações e homogeneidade da floresta. Dentro da silvicultura, para a coleta das informações das auditorias e controles nas nossas atividades diárias, utilizamos a tecnologia a nosso favor. Um exemplo disso é a comparação da dose recomendada versus a dose real de alguns insumos onerosos para a operação, como fertilizantes, herbicidas e inseticidas e medição exata de área trabalhada para efetuar o pagamento de prestadores de serviço que a telemetria proporciona, viabilizando uma melhor gestão dos nossos custos de insumos e serviços. 
 
Para trazer agilidade e correção rápida de desvios, nossos líderes operacionais utilizam aplicativos móveis, que transmitem os resultados avaliados em campo, em tempo real, diretamente para nossos bancos de dados. Também utilizamos drones e VANTs para verificar as taxas de mortalidade de mudas após  90 dias do plantio, averiguar o acerto do espaçamento entre plantas e fazer levantamentos de danos por pragas, vento e outros fatores abióticos. Essa integração entre qualidade e tecnologia consolida a governança das atividades e acelera a tomada de decisões mais assertivas. 
 
Aproveitando a maior frequência com que  as equipes operacionais realizam seus controles, as equipes  técnicas poderão direcionar seus esforços nas auditorias de maior relevância naquele momento.  Podemos citar os checklists de máquinas e implementos, que têm a função de apurar se as máquinas estão em condições adequadas em relação à dosagem e à tecnologia de aplicação para executar suas atividades e se oferecem algum risco aos nossos operadores, às comunidades vizinhas, à vida silvestre ou aos cursos d’água, e todo o entorno é monitorado indiretamente. Caso qualquer item desse checklist se apresente não conforme, os líderes operacionais têm a autonomia de corrigir o problema em campo.
 
Na operação de colheita, verificamos, através de amostragem, qual a altura média dos tocos deixados após a operação, com o propósito de verificar se estamos aproveitando o máximo de nossas árvores dentro dos limites operacionais. Isso impacta o melhor aproveitamento da madeira, a redução de desperdícios e a garantia de abastecimento das fábricas. 
 
Também avaliamos outros pontos de qualidade e segurança, como disposição de resíduos no talhão para que a próxima operação não seja prejudicada. Admitindo-se que as ferramentas de qualidade, quando bem executadas, reduzem o retrabalho e o desperdício, consequentemente, contribuem para a redução de custo e ganho de produtividade no maior rendimento das operações, além de outros ganhos indiretos, como governança de políticas de meio ambiente e segurança do trabalho dos colaboradores envolvidos no ciclo de formação da floresta.
 
Não podemos deixar de mencionar a adoção de procedimentos operacionais e a padronização das atividades nos ganhos indiretos, gerando impacto positivo na segurança dos profissionais. Uma vez que deixamos claro o modelo a ser seguido, o como e o quando executar, fica mais fácil a adoção, mais generalizada e organizada pelas equipes. É assim com o uso de EPIs específicos para cada atividade, o manuseio correto de ferramentas, o manejo adequado de produtos químicos e sua dosagem de bula, entre outros.
 
Após todo esse trabalho em campo, são geradas bases de dados que se tornarão dashboards para a gestão à vista das nossas atividades em geral, facilitando a tomada de decisões. Com esses resultados, temos a prática de realizar reuniões de acompanhamentos mensais, das quais participam os responsáveis de cada área. 
 
Essas reuniões nos auxiliam a  mantermos um canal aberto entre as áreas operacionais e as equipes de qualidade, pois aproveitamos esse tempo para discutirmos, juntos, as oportunidades de melhoria. Aos desvios mais simples são geradas correções imediatas, e, para desvios mais complexos, são gerados planos de ações preventivos ou corretivos. Esses planos serão acompanhados até a sua finalização, buscando a melhoria contínua do processo.
 
O setor de qualidade na Sylvamo funciona como uma ponte entre as operações e o setor de pesquisa e desenvolvimento. É através das avaliações de qualidade que verificamos se as recomendações técnicas provenientes da  pesquisa são factíveis com a realidade operacional e se os procedimentos estão cobrindo, de fato, todas as nossas operações. É assim que conseguimos apoiar na entrega de florestas produtivas e dentro do custo esperado pela companhia.