Gerente de PF e Meio Ambiente da ArcelorMittal BioFlorestas
Op-CP-28
A silvicultura sustentável é uma atividade de grande risco devido às intempéries climáticas, ambientais e de proteção florestal. Assim, questões como a identificação de resistência em plantas, a adaptação de genótipos e a mitigação de determinados efeitos que possam inviabilizar a atividade silvicultural tornam-se fundamentais na linha de P&D.
Portanto o grande desafio da silvicultura atual frente à sustentabilidade será o de manter e aumentar o nível das produtividades atuais, e isso só será possível unindo a pesquisa genética com a pesquisa silvicultural, aplicando-as de forma adequada em operações planejadas no campo.
Definir precisamente sustentabilidade e manejo florestal sustentável é difícil, devido à complexidade de conceitos e fatores científicos envolvidos nas mais diversas especialidades nas quais a atividade florestal se desenvolve, mas, segundo o Dicionário da Floresta (Helms), a sustentabilidade florestal é definida como “a capacidade das florestas em manter sua saúde, produtividade, diversidade e integridade global em longo prazo no contexto da atividade e do uso”.
Particularmente, entendo que o setor florestal nacional evoluiu na área ambiental, mostrando que o “termo sustentabilidade florestal” tem passado da teoria à prática, isso desde a Rio-92. Um exemplo de progresso na última década são os programas internacionais aos quais as nações estão voluntariamente se agregando, para documentar e reportar seus progressos frente a metas mensuráveis de sustentabilidade.
Destaco o Processo de Montreal, no qual as tendências e desafios ambientais estão sendo medidos através de critérios e indicadores específicos para assuntos econômicos, biológicos, valores culturais, sociais e espirituais para a silvicultura (Oliver et al.).
Outro exemplo que caracteriza a passagem da teoria à prática no manejo florestal está nas certificações, como o FSC, que são designadas para garantir que padrões específicos de desempenho relativos ao manejo florestal sejam conseguidos pelos silvicultores.
A tendência da empresa florestal para a busca da sustentabilidade é caminhar para o manejo cada vez mais participativo, no qual a comunidade é informada e convidada a tomar assento à mesa de discussões e decisões que irão afetar técnica, econômica, ambiental e socialmente a todos.
A empresa sustentável assumirá, divulgará e comunicará a sua política e gestão ambiental de suas atividades, processos e produto às partes interessadas, buscando um importante canal de conhecimento e confiança que permitirá a sua perpetuidade na comunidade, resultando em benefícios econômicos, ambientais e sociais em longo prazo.
Na linha da sustentabilidade, é fundamental a capacitação e o treinamento de funcionários e terceiros em noções básicas sobre educação, proteção e gestão ambiental, para resultar em estímulo a ações ambientais sustentáveis que, na maioria das vezes, serão exemplificadas em melhoria de desempenho e redução de custos, em que as boas experiências deveriam ser mais compartilhadas no setor florestal.
O magnífico ato de plantar árvores e conservar a biodiversidade é um valor ambiental especial nosso, e devemos valorizá-lo estendendo-o a uma visão ecoeficiente em todas as etapas do processo produtivo florestal, devendo estar em processo dinâmico de aperfeiçoamento.
Hoje, com a dificuldade de mão de obra encontrada, as pessoas devem ser ainda mais valorizadas e estimuladas à participação nos projetos ambientais e nos programas em desenvolvimento.
A empresa sustentável deverá ter uma referência real com a qualidade ambiental, por isso garantirá a manutenção de algum selo de certificação de manejo florestal, de preferência com padrões nacionais, sendo responsabilidade de todos os empregados mantê-la, assumindo a gestão ambiental florestal de sua Unidade Gerencial.
O zelo pela manutenção das boas práticas ambientais voltadas para o manejo, onde a efetiva comunicação deverá ser fator multiplicador entre funcionários e partes interessadas, deverá ser considerado pela empresa sustentável.
A sustentabilidade deve ser tratada como uma oportunidade para manter a rentabilidade financeira da empresa, por isso a empresa sustentável deverá agregar valor ao negócio florestal através de projetos de carbono onde vários PDD’S (Project Design Document) tramitam no Executive Board da UNFCC-ONU. A sustentabilidade no setor produtivo estará relacionado também ao aumento dos plantios.
Especificamente no setor de ferro gusa, estimando os consumos médios do estado de Minas Gerais para os próximos 5 anos, seriam necessários plantios em torno de 70.000 ha/ano para atendimento a 100% da demanda.
A sustentabilidade passa pelo ato de planejar para o futuro, buscando incansavelmente a melhoria das condições de desenvolvimento da floresta, através da definição da base genética, preparo de solo, fertilização, tratos culturais, manejo e colheita. A silvicultura sustentável gerará riquezas, educará o homem, conservará os recursos naturais e a cultura local; cabe a nós buscar esse caminho que, indubitavelmente, consolidará o setor florestal do nosso país.