Muito se discute a respeito dos milhares de produtos e de subprodutos, originários das florestas nativas e plantadas, existentes ao redor de todo o planeta. Esses debates englobam, principalmente, novas formas de produção voltadas à melhoria da eficiência, avanços da qualidade dos produtos, adaptação aos mais variados climas e solos e, mais recentemente, a busca pela redução dos custos produtivos, impulsionada pela forte crise mundial e pela intensificação das concorrências de mercado.
Porém os debates em torno dos diversos benefícios e serviços ambientais gerados pelas florestas, tanto nativas quanto plantadas, ainda carecem de um maior aprofundamento e análise que possam demonstrar à sociedade civil e aos mais variados empreendedores a importância da preservação das áreas nativas e a implantação de florestas para a manutenção de sistemas fundamentais, tanto para a sobrevivência humana quanto para os setores que demandam a utilização de recursos naturais em seus processos produtivos.
Analisando os dados mais recentes do Cadastro Ambiental Rural – CAR, verifica-se que, no Brasil, existem cerca de 137 milhões de hectares de áreas preservadas pelas diversas modalidades de Unidades de Conservação e outros 97 milhões de hectares preservados como Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente. Ainda não se sabe ao certo qual o status de conservação das áreas cadastradas pelos proprietários rurais, porém, se as regras descritas no Novo Código Florestal, publicado em 2012, forem seguidas, podemos dizer que o Brasil terá pouco mais de 1/4 do seu território bem vegetado e preservado daqui a alguns anos. Já no que se refere às florestas plantadas, o Brasil possui cerca de 7,7 milhões de hectares plantados, principalmente com as espécies e clones de Pinus sp. e Eucalyptus sp., segundo levantamentos da Indústria Brasileira de Árvores – IBÁ. Mas quais os benefícios de se ter uma área tão grande de florestas no País?
A resposta é simples: sustentabilidade ambiental para os setores produtivos que necessitam utilizar recursos naturais, como é o caso do setor florestal. Tal sustentabilidade está associada à manutenção não só das condições ambientais e climáticas, como também ao atendimento dos diversos requisitos legais aplicáveis ao tema “meio ambiente”, os quais tendem a se tornar mais rigorosos a cada ano. Podemos citar como condições ambientais e climáticas a conservação da biodiversidade de espécies de flora e fauna, bem como a melhoria da qualidade das águas dos rios que passam no interior das florestas, comprovada por meio de estudos científicos e monitoramentos realizados pelas empresas florestais.
Outra condição ambiental e climática é a conservação dos solos por meio da recuperação de áreas degradadas, que evita erosões e consequentes assoreamentos dos cursos d´água. Entretanto, podemos ir um pouco mais além na análise das interações entre florestas e clima. O projeto intitulado “Rios Voadores”, desenvolvido por vários cientistas brasileiros, na região amazônica, tem como um dos seus objetivos divulgar, para a população em geral, a valiosa contribuição da Floresta Amazônica para o abastecimento dos recursos hídricos brasileiros. No site oficial do projeto, os pesquisadores explicam que as massas de ar úmido, evaporadas do oceano Atlântico, ao adentrarem o continente, passam sobre a Floresta Amazônica, causando as precipitações comuns na região.
Todavia essas mesmas massas de ar são recarregadas com a umidade proveniente da evapotranspiração das árvores, que, segundo estudos promovidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, pode chegar a 300 litros de vapor d´água por dia, em árvores com copa de 10 metros de diâmetro.
Recarregadas pela floresta, essas massas de ar úmido formam os “rios voadores”, que são assim chamadas por transportar enormes quantidades de vapor d´água pelas correntes aéreas, sobre o continente, até encontrarem a barreira natural formada pela Cordilheira dos Andes, onde uma parte da umidade se precipita e forma a cabeceira dos rios amazônicos, e a outra segue em direção ao Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País, contribuindo, dessa forma, para o regime de precipitações dessas regiões.
Se considerarmos os déficits hídricos ocorridos em boa parte do País, nos últimos 4 anos, que geraram e ainda geram grandes impactos em diversos setores da economia, notadamente no setor florestal, vemos a grande importância da preservação das florestas nativas da região amazônica para a manutenção não só da sustentabilidade dos empreendimentos, como também da qualidade de vida das populações de diversas regiões.
Por outro lado, podemos mencionar também os benefícios ambientais gerados pelo sequestro de carbono da atmosfera, realizado pelo eficiente processo de fotossíntese das florestas plantadas, o qual, além de contribuir para a fixação de carbono gerando biomassa, libera também oxigênio para a atmosfera, contribuindo significativamente para a redução do efeito estufa e consequente aquecimento global.
As empresas florestais vêm realizando estudos relativos ao balanço de carbono nesse setor. Resultados prévios têm demonstrado que esse balanço é positivo, já que é significativo o estoque de carbono fixado nos solos das florestas, nas raízes, nos tocos das árvores e também na serrapilheira, o que contribui para a sustentabilidade no setor.
Podemos aqui descrever outros tantos fatores positivos gerados pelo manejo adequado das florestas plantadas, como por exemplo a conservação de 0,65 hectares de vegetação nativa para cada um hectare de floresta plantada, a geração de emprego e renda para pequenas comunidades rurais localizadas no entorno das florestas, a redução dos desmatamentos e pressões sobre os remanescentes de vegetação nativa e também os mosaicos formados pela conservação de “corredores ecológicos” – faixas de vegetação nativa que tem a função de interligar as Áreas de Preservação Permanente – APP´s, e Reservas Legais – RL's, favorecendo não só o fluxo gênico entre os fragmentos nativos, mas também o deslocamento da fauna em geral.
Todos esses fatores unidos fornecem vantagens ao setor florestal quanto ao atendimento aos diversos requisitos legais socioambientais, seja pela melhoria dos resultados dos monitoramentos ambientais dos recursos hídricos, da fauna e da flora, como também pelo reconhecimento da sociedade, através de uma “anuência social”, tão importante para a continuidade das atividades desse setor de forma sustentável.
Vejo como de importância fundamental a intensificação dos trabalhos de divulgação dos múltiplos benefícios gerados pelo setor florestal brasileiro, buscando, com isso, descaracterizar, de forma clara e com resultados científicos precisos, os mitos construídos em torno de informações, muitas vezes equivocadas, mas que muito têm prejudicado os processos de licenciamento ambiental, como também os ótimos trabalhos dos profissionais desse setor na busca pela sustentabilidade de todas as operações florestais.