Atualmente, o mercado florestal brasileiro está aquecido. Apesar do cenário pandêmico, projetos e expansões continuam se desenvolvendo no País e prometem grandes mudanças para incrementar a dinâmica do setor florestal. De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores – IBÁ, as empresas apostam em novas instalações e na ampliação de fábricas, gerando, consequentemente, um aumento de suas áreas de plantios florestais.
As expansões dessas empresas têm impactado o cenário do mercado florestal no Brasil. Isso gera uma grande necessidade de mão de obra, que está mais escassa a cada dia, tonando-se um desafio a contratação de novos funcionários. Muitos postos de trabalho rural apresentam limitações tecnológicas e baixo nível de mecanização.
Isso contribui para o desinteresse de jovens trabalharem nesse setor. Assim, é premente introduzir estratégias de desenvolvimento operacional, envolvendo mais tecnologias e melhoria das condições dos postos de trabalho, como a mecanização e a automação dos processos florestais.
A mecanização da colheita florestal é recente em nosso país, visto que, a partir da década de 1990, iniciaram-se as importações de máquinas de alta tecnologia para essa área. Isso trouxe benefícios, como o aumento de produtividade, a melhoria das condições de trabalho e a redução de custos.
Há, hoje, uma grande evolução nos equipamentos com tecnologia de ponta, como Feller, Havesters, Skidders, Forwarder, dentre outros. São equipamentos cada vez mais modernos e produtivos, que proporcionam um trabalho mais seguro, rentável e mais atrativo para os jovens que buscam seu desenvolvimento pessoal e profissional. As máquinas possuem tecnologia embarcada, com sistemas de telemetria que são enviados remotamente para o gestor, de forma automática, mantendo-o informado sobre a localização, horas trabalhadas do motor, produtividade, consumo de combustível, planos de manutenção preventiva, dentre outros recursos que contribuem para a gestão da disponibilidade, do desempenho e dos custos de produção associados ao maquinário.
Já a silvicultura tem muito a evoluir no que diz respeito à mecanização, visto que, até o presente, tratores e outras máquinas agrícolas são adaptadas para essa área do setor florestal brasileiro. Contudo, alternativas revolucionárias surgem no mercado nacional, trazendo melhorias tecnológicas significativas ao segmento. Entretanto, grande parte dessas tecnologias ainda não é adaptada às áreas de reformas, não atingindo a mesma qualidade, produtividade e custo quando comparada às atividades realizadas de forma manual.
O gráfico em destaque apresenta o percentual de homem-hora utilizado em cada atividade silvicultural para formação de um hectare de floresta durante duas rotações (14 anos). Observa-se que, das 22 atividades realizadas, 14 atividades são mecanizadas e representam apenas 19,5% dessas horas. Em contrapartida, a menor parte das atividades, ou seja, oito, são realizadas de forma manual e correspondem a 80,5% das horas. De todas as atividades, as que mais necessitam de mão de obra são a irrigação (19,2%), o combate à formiga (14,0%) e o plantio (10,9%).
É evidente, no setor, um grande movimento em torno da mecanização das atividades de irrigação e plantio, e isso contribuirá para uma significativa evolução no nível de mecanização da silvicultura. Porém, ao mesmo tempo, cabe às empresas investir na qualificação das comunidades do entorno para que seja extraída delas a mão de obra para operação desses novos equipamentos e também investir mais em desenvolvimento, abrindo as portas para as startups, aproximando-se das universidades e dos grupos temáticos com foco na mecanização da área. Assim, com união de forças, as novas tecnologias serão direcionadas e adaptadas às diferentes condições silviculturais do País.
A escassez de mão de obra especializada representa, hoje, um importante desafio aos planos do crescimento da indústria florestal. Ampliar o desenvolvimento da mecanização das atividades silviculturais torna-se estratégico, para que, num futuro próximo, possamos continuar manejando florestas e garantindo um ambiente mais atrativo para os jovens ingressarem no trabalho florestal rural.