Diretor Executivo da ABRAF
Op-CP-24
As florestas plantadas de eucalipto e pinus, após um período de crescimento reduzido devido à crise financeira mundial de 2008/2009, iniciam um novo ciclo virtuoso de expansão, que prevê, para os próximos 10 anos, uma adição de novas áreas de plantio à média de 500 mil hectares/ano (aproximadamente 8% sobre o total de 6,5 milhões de ha em 2010), superando os registros de 2005 a 2009, que indicam uma taxa histórica de crescimento de 3,5% ao ano.
Essa projeção de crescimento acelerado de novas áreas plantadas decorre da crescente demanda da produção de celulose e papel, de painéis de madeira industrializada e de produtos siderúrgicos que utilizam o carvão vegetal originário de florestas plantadas.
Por outro lado, os altos valores de Incremento Médio Anual (IMA) do eucalipto, em relação aos valores de IMA para o pinus, têm ocasionado a prevalência dos investimentos no primeiro gênero em detrimento do segundo, observando-se até mesmo redução na área de plantio existente para o pinus a cada ano.
Para atender a essa crescente demanda de expansão do plantio em novas áreas, vários recursos têm sido usados pelas principais empresas do setor, de modo a ampliar as fronteiras das florestas plantadas no País. Uma linha de atuação tem sido a pesquisa e o desenvolvimento de mudas de eucalipto tolerantes às baixas temperaturas, de modo a permitir seu cultivo nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com longa tradição no plantio de florestas de pinus.
Por outro lado, a escassez de terras disponíveis para florestas plantadas nos estados das regiões Sul e Sudeste e o seu custo elevado em relação ao restante do País têm motivado a migração de novos plantios para os estados do Centro-Oeste e Nordeste.
Atento a essa tendência, o estado do Mato Grosso do Sul tem procurado incentivar novos plantios de florestas e a instalação de indústrias integradas no estado, mediante racionalização dos procedimentos de licenciamento ambiental, redução de encargos e promoção de programas direcionados a essas atividades.
Da mesma forma, mais recentemente, o estado do Tocantins tem buscado atrair investidores em florestas plantadas e, da mesma forma, promove programas de incentivo e estímulo aos plantios em seu território. E, de modo pioneiro, os estados do Maranhão e do Piauí recebem novos investimentos em florestas, que integram o plantio de eucalipto com as indústrias de transformação da madeira.
Semelhantemente, o estado de Pernambuco, que dispõe de grandes jazidas de gipsita, a partir da qual se fabrica o gesso industrial, tem buscado incentivar o plantio de eucalipto destinado à secagem industrial do produto, tornando-se também um estado a atrair investimentos em florestas plantadas.
Essa ampliação de fronteiras das florestas plantadas em direção ao Centro-Oeste e ao Nordeste, com condições de solo e clima diferentes das regiões do Sul-Sudeste, tem levado à pesquisa e ao desenvolvimento de espécies tolerantes ao déficit hídrico e diferentes tipos de solo, ampliando, assim, também as fronteiras do desenvolvimento tecnológico de florestas plantadas, com destaque para os recursos da biotecnologia.
Todavia novos desafios também surgem diante dessa expansão das florestas plantadas para novas regiões, como as questões fundiárias, a necessidade de agilização e simplificação dos procedimentos de licenciamento ambiental nos estados (que demandam anos na tramitação e concessão do licenciamento em alguns estados), a necessidade de revisão do Código Florestal, etc.
Finalmente, é importante destacar o grande obstáculo criado pelo Executivo, na forma do Parecer CGU/AGU no. 1/2008, publicado em agosto de 2010, que, ao criar restrições à aquisição de terras por empresas brasileiras de capital estrangeiro, ocasionou a suspensão ou a paralisação de investimentos da ordem de R$ 37 bilhões, atingindo todas as empresas nessa condição, incluindo os fundos de investimentos florestais, que, para acompanhar a expansão das novas fronteiras de florestas plantadas, vinham também implantando florestas nos estados que se tornaram atraentes a essa atividade.
Portanto, ao discorrermos sobre as novas fronteiras das florestas plantadas no País, é importante que ressaltemos a existência de grandes desafios como os já citados, que deverão certamente ser respondidos, não somente pela iniciativa privada, mas também pelo Governo, em especial aqueles cuja competência é da alçada do Executivo e do Legislativo, de modo a que o Brasil aproveite as oportunidades históricas do crescimento do setor, incorporando essa expansão à retomada do desenvolvimento do País, na forma de investimentos, geração de empregos, recolhimento de tributos e desenvolvimento social.