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Armindo Luiz Baretta

Gerente de Operações Florestais da Jari Celulose

Op-CP-06

Logística: da implantação do projeto ao consumo

A operação de suprimento de madeira para uma fábrica de celulose é um processo que necessita de um planejamento detalhado, de forma que a matéria-prima seja garantida, para um bom e contínuo funcionamento da fábrica.

É assim que a unidade de produção da Jari Celulose, empresa do Grupo Orsa, que está sediada em Monte Dourado, no noroeste do Estado do Pará, conduz o gerenciamento de suas operações florestais, ao produzir florestas com alta produtividade, segurança, qualidade, custos competitivos, e, ao mesmo tempo, com respeito ao meio ambiente e manutenção de bom relacionamento com a comunidade local.

O programa anual de plantio da empresa está na ordem de 12 mil hectares, com uma área plantada de 56.500 hectares de Eucaliptus spp, para manter uma produção de 375 mil toneladas de celulose por ano. A logística do transporte de madeira passa por processos de definição da malha viária, de corte de madeira, processamento, baldeio (arraste) e, por fim, pelo carregamento e transporte das toras até a linha de picagem.

Para que esta complexa operação aconteça, existe uma estrutura envolvendo um considerável número de pessoas e de equipamentos. O plantio do Eucalipto começa no viveiro florestal, com capacidade de 14,5 milhões de mudas por ano. As operações no viveiro são executadas por empresas terceiras, que empregam mão-de-obra local, trabalhando com sistema de módulos de produção, com propagação clonal, a partir de mini-estaquia.

Na silvicultura, ainda são realizadas as atividades de preparo de solo, com técnicas de cultivo mínimo a não utilização de fogo, além de outros tratos silviculturais diversos. É interessante destacar que um programa de melhoramento genético permite o aumento da produção e, ao mesmo tempo, garante a qualidade do material genético, por meio da produção de clones resistentes a pragas e doenças.

Realizamos esse controle indispensável, pois o plantio de Eucalipto na região Amazônica, pela Jari Celulose, tem sido uma experiência pioneira. Vale ressaltar ainda que, em setembro de 2000, a Jarí Celulose recebeu a certificação ISO 14001, para as atividades florestais, e, em 2004, conseguiu a certificação FSC, para o manejo florestal de Eucalipto, além da certificação da cadeia de custódia, para a produção de celulose.

Para continuar mantendo a qualidade nas suas operações florestais, a empresa mantém um laboratório de pesquisa para o acompanhamento e desenvolvimento do Eucalipto, e mantém projetos cooperativos com IPEF, SIF, Embrapa, universidades e outras instituições do país. Atualmente, há nove empresas terceirizadas, com um total de 2.028 colaboradores, atuando nas operações florestais da Jarí, desde preparo de solo, até à entrega da madeira na fábrica.

As especificações do produto, as quantidades e os indicadores de desempenho são estabelecidos em contratos e em procedimentos operacionais, que permitem um melhor controle e, ao mesmo tempo, evitam eventuais desvios nos programas de produção. O sistema operacional de colheita contempla dois módulos distintos.

O Módulo HVT + FWD, com capacidade para colheita de 45% do consumo total, leva em consideração as melhores florestas (floresta de alto rendimento). Já o Módulo FEL + SKD + HVT, é voltado para a colheita de 55% do consumo de madeira (floresta de baixo rendimento), em que há o desgalhamento mecanizado e picagem das ponteiras, normalmente aproveitadas como biomassa.

Para atender à demanda, a Jarí celulose mantém contrato com prestadoras de serviço, que possuem uma frota de equipamentos, composta por sete máquinas HVT, quatro SKD, três FEL, dez FWD, 14 treminhões e cinco carregadeiras. Para garantir o perfeito funcionamento desta frota, são estabelecidos contratos para o fornecimento de componentes, para um estoque de peças. Em virtude da distância entre as operações florestais e seus fornecedores - três mil quilômetros dos centros produtores do país - os componentes demoram, em média, 20 dias para chegar em Monte Dourado.

A Jarí Celulose possui uma infra-estrutura composta por estradas rodoviárias, com 7.800 km, classificadas em principais, secundárias, vicinais e de contorno, além de uma ferrovia com 68 km de extensão, por onde passa 70% da madeira de eucalipto consumida na unidade de produção, caracterizando-se por um sistema modal rodo-ferroviário, com uma distância média de 45 km para o transporte da madeira, posto-fábrica.

Este sistema de transporte é uma alternativa viável, pois apresenta alta capacidade de carga, baixo custo operacional, com maior segurança no suprimento de madeira, principalmente por causa da alta precipitação da região, média de 2.300 mm por ano, com 80% deste total, somente nos primeiros seis meses do ano. Devido a estes fatores, é indispensável o bom planejamento da manutenção de estradas.

A integração logística, entre as operações de manutenção de estradas, corte, baldeio e transporte rodo-ferroviário, é fundamental para atender às necessidades de suprimento de madeira, com o devido tempo de corte, controle de estoques mínimos, regulagem de uma distância adequada, que permita manutenção de uma frota constante, evitando flutuações nos estoques e conseqüente aumento dos custos finais.

Desta forma, é indispensável que exista um bom relacionamento entre os gestores e as empresas terceirizadas, para que os resultados obtidos atendam às expectativas de ambos os lados. É fundamental que os fornecedores externos sejam os parceiros no suprimento das demandas na condução da base florestal, adequando-se às condições geográficas, climáticas e de suporte, buscando minimizar as incertezas apresentadas por todos os programas de produção de grandes empreendimentos.