Durante muito tempo, as máquinas foram vistas como uma ameaça aos empregos. Hoje, no entanto, são aliadas fundamentais para a manutenção e evolução de diversas atividades no mercado. No setor florestal, a automação não apenas aprimora a segurança e a eficiência operacional, mas também valoriza a formação profissional, promovendo um novo ambiente de trabalho mais dinâmico e tecnológico.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, seis em cada dez empresas relatam dificuldades na contratação e retenção de colaboradores. Dentre essas, 75% apontam a contratação como o principal desafio na gestão de mão de obra. Esse número é ainda mais expressivo no setor operacional, onde a dificuldade sobe para oito em cada dez empresas.
Diante desse cenário, é natural que as lideranças empresariais invistam cada vez mais em inteligência artificial e automação para substituir tarefas repetitivas e garantir a produtividade, mesmo diante da escassez de mão de obra.
Um estudo da KPMG International revelou que o interesse por tecnologias como IA (Inteligência Artificial), análise de dados e computação em nuvem mais que triplicou no último ano, saltando de 10% para 38%.
Na Suzano, esses desafios também são uma realidade. Para enfrentá-los, temos desenvolvido ferramentas e algoritmos que otimizam processos e integram informações florestais, transformando dados em insumos para decisões mais assertivas. Entre as iniciativas, destacamos o desenvolvimento de um algoritmo de previsibilidade climática baseado em IA, que supera as previsões de mercado e permite antecipar cenários para otimizar operações como plantio, adubação e combate a incêndios.
No mesmo sentido, estamos criando uma ferramenta para prever a ocorrência de pragas e doenças, permitindo ações proativas que minimizam impactos ambientais e reduzem custos operacionais. Outro avanço é o sistema de alocação clonal, impulsionado por big data e IA. Essa solução multiplicou por 15 a capacidade de geração de cenários, possibilitando a escolha ideal dos clones de eucalipto para cada área de plantio.
A ferramenta Tetrys, desenvolvida para esse fim, considera variáveis como temperatura, pluviosidade, altitude e tipo de solo, garantindo maior segurança nos plantios e aumentando a produtividade florestal e industrial. Desde sua implantação, mais de 860 milhões de mudas foram alocadas estrategicamente.
A inovação também impacta diretamente na demanda por mão de obra, promovendo eficiência em processos como coleta autônoma de dados, redução da necessidade de amostragem de solo e monitoramento remoto da nutrição florestal.
No entanto, para um setor que emprega 20% dos trabalhadores brasileiros, a tecnologia sozinha não basta. É essencial investir em estratégias para tornar as carreiras corporativas mais atraentes, modernizando rotinas de trabalho e promovendo treinamentos que preparem profissionais para atuar em um ambiente cada vez mais inovador.
Nesse contexto, a Suzano tem-se destacado pelo programa de Educação Florestal Continuada, parte da Extensão Tecnológica. Nos últimos 10 anos, esse programa impactou mais de 6 mil colaboradores, somando 25 mil horas de conteúdo técnico em 15 diferentes temas. A iniciativa garante que o conhecimento gerado pela pesquisa florestal alcance todas as áreas da empresa, promovendo conexões que atraem e retêm talentos.
Embora as tecnologias emergentes tragam eficiência e produtividade, elas seguirão demandando profissionais qualificados para operá-las. A inclusão da nova geração nesse ecossistema requer uma revisão dos modelos educacionais tradicionais, alinhando a qualificação profissional às reais demandas do mercado e a um ambiente de trabalho diferenciado.
Em um mundo onde apenas 2% dos trabalhadores desejam avançar na hierarquia corporativa, a tecnologia não é o único desafio. É preciso realinhar expectativas, investir em formação contínua, desenvolvimento pessoal, propósito e flexibilidade e compreender que a disponibilidade de mão de obra qualificada será um dos principais fatores para a competitividade das empresas no futuro.