O setor florestal brasileiro é composto por diferentes segmentos com suas respectivas cadeias produtivas. Os negócios florestais, dentro de cada cadeia produtiva, apresentam características distintas, em função de uma série de fatores. Essa distinção e peculiaridades inerentes a cada tipo de negócio requer a aplicação de uma visão estratégica e consequente busca pela excelência na gestão dos negócios.
As cadeias produtivas são caracterizadas, entre outros fatores, pelo perfil do segmento em que estão inseridas. Assim, a concentração de empresas, o porte empresarial, o mercado alvo (local, nacional, ou internacional), os tipos e as especificações de matéria-prima e de produtos (intermediários e finais) são conhecimentos fundamentais para a adequada gestão do negócio florestal.
A demanda por parte do mercado consumidor por certificações (ambientais, florestais, sociais, etc.), as especificações e usos de produtos conforme normas estabelecidas, a inserção dos produtos em mercados mais exigentes e de exportação, o porte do empreendimento (quanto aos investimentos, número de funcionários, área física, entre outros), de maneira geral, pressupõe um posicionamento do negócio florestal pautado em uma gestão de alto nível e com a eficiência necessária para o sucesso empresarial pretendido.
Exemplos de uma gestão eficiente no setor florestal podem ser visualizados nos mais diferentes segmentos e cadeias produtivas desse setor. No entanto, apesar de a gestão ser um dos principais fatores de sucesso empresarial, é, muitas vezes, negligenciada, afetando diretamente o desempenho e os resultados esperados dos empreendimentos empresariais implantados. Aspectos chave de uma boa gestão, segundo o International Journal of Business, incluem o planejamento empresarial, o gerenciamento financeiro, o desenvolvimento empresarial e recursos humanos, entre outros.
Casos exemplares de boa gestão podem ser citados nos mais variados segmentos do setor florestal brasileiro. Assim, o da cadeia de celulose, no qual o Brasil tem destaque tanto em competitividade de produtos e mercado quanto de custos de produção, tem sido o principal destaque em termos da excelência da gestão. Esse resultado favorável não foi conquistado sem um aperfeiçoamento contínuo e sustentável na forma de conduzir esse segmento.
Desse modo, os resultados apresentados por essa cadeia são referência mundial. Por exemplo, segundo a Ibá, em 2017, o Brasil produziu 19,5 milhões de toneladas de celulose, sendo o segundo maior produtor mundial, após os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, era o maior exportador mundial, com USD 6,3 bilhões, à frente do Canadá e dos Estados Unidos.
Esses números são, evidentemente, originados da aplicação dos aspectos chave de boa gestão empresarial, conforme citados anteriormente. Além disso, as empresas dessa cadeia atendem, de maneira geral, ao mercado internacional (exportação), comercializando nada menos que 68% de sua produção, em termos de volume de produtos.
O foco na internacionalização acabou desencadeando transformações internas nas indústrias dessa e de outras cadeias produtivas florestais, fazendo-as investir em um aumento constante da escala de produção, visando atender a um mercado muito maior e mais exigente que o do Brasil. Para isso, tiveram acesso (e se viram forçadas a adotar) a boas práticas de planejamento (incluindo inteligência de mercado), gerenciamento financeiro (abrindo o capital de suas empresas), desenvolvimento empresarial (aplicação constante de técnicas de benchmarking junto a seus concorrentes internacionais), recursos humanos (qualificação constante de seus recursos humanos) e gestão socioambiental.
Apesar de ainda terem o mercado interno como principal consumidor de seus produtos (destino de 81% da produção de papel e de 85% da produção de painéis reconstituídos), observando o sucesso alcançado por essa cadeia produtiva do setor florestal, os segmentos de papel e de painéis reconstituídos vêm trilhando os mesmos passos.
Têm procurado investir no aumento da capacidade instalada visando ganhar escala de produção e ampliar sua competitividade, especialmente por causa das crises (de 2008 e de 2014), que obrigaram as empresas dessas cadeias produtivas a buscarem o mercado internacional até mesmo como forma de sobrevivência. Por sua vez, apesar de exemplos pujantes de boa gestão em empresas do segmento de madeira sólida (serrado/compensado/moveis), muitas ainda há um caminho longo para se desenvolverem e também terem formas sustentáveis e competitivas no mercado internacional. Ao longo do tempo, suas exportações se comportam visivelmente dependentes de uma moeda (Real) desvalorizada com relação ao dólar, fator que, por exemplo, afeta pouco as exportações de celulose.
Finalmente, é perfeitamente claro que não existe uma fórmula única para o sucesso ou para uma gestão de excelência para os negócios da cadeia produtiva florestal, pois diversos fatores internos e externos contribuem para o resultado final. No entanto a constante busca para uma gestão eficiente do negócio, pautada em resultados, é um dos fatores essenciais para que os empreendimentos do setor florestal brasileiro possam atender às exigências da sustentabilidade, com as melhores respostas econômicas, sociais e ambientais nas diferentes regiões do Brasil.