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David Evandro Fernandes

Gerente de P&D Florestal da Veracel Celulose

Op-CP-60

Como será o novo normal?
Como será o novo normal? Essa questão encontra-se muito frequente desde o início da pandemia provocada pelo coronavírus. E é fundamental que seja respondida de maneira ampla, não apenas pela realidade econômica global, com forte perda na capacidade de consumo das populações, ou pelo afastamento social, com a necessidade de redução na interação entre as pessoas, mas sim pelas ações realizadas com o objetivo de enfrentar, da melhor maneira, a situação.

Uma delas é aumentando a informação sobre como evitar o contágio. Essa comunicação deve ser efetiva para que contribua para as medidas de segurança divulgadas pelas entidades públicas de Saúde. Sabemos que muitos vírus estão presentes em animais domésticos e selvagens, sem lhes causar qualquer sintoma, mas podendo, em eventos raros, sofrer uma mutação e vir a causar doenças em humanos, como ocorreu nesta e em outras pandemias no passado.

Portanto conhecemos a fonte, o que é um bom início para a realização de pesquisas e também de direcionamento sobre o que devemos fazer para mitigar o risco quanto a micro-organismos zoonóticos. O cenário recessivo é uma realidade em todos os continentes e demandará, certamente, grande competência na gestão pública e empresarial.

A competitividade estará estabelecida no mercado, para sobreviver e buscar crescimento; os empresários, junto com seus colaboradores, precisarão de muita criatividade, produtividade e inovação constante, visando à agregação de valor ao seu produto ou serviço. A relação de trabalho, por sua vez, vem passando por uma grande transformação: empresas e órgãos públicos, com objetivo de minimizar o risco de infecção entre seus colaboradores, iniciaram ou intensificaram o trabalho remoto (fora de seus escritórios) para o administrativo, além de terem adotado outras medidas de prevenção, com resultados muito positivo em suas operações.

Algumas empresas localizadas em grandes centros urbanos, com elevados custos de aluguel e grande dificuldade de deslocamento para seus colaboradores, já adotavam o home office de maneira ampla; outras, que também já se encontravam preparadas em termos de sistemas e ferramentas, adotavam parcialmente, por um ou dois dias na semana, como experiência,  visando preparar as equipes e avaliar os resultados, ou por convicção de que deveriam seguir dessa forma.

E outra parte das empresas que não haviam iniciado essa prática tiveram que se adequar rapidamente. Em muitas empresas, essa experiência vem sendo positiva. A comunicação e o apoio entre as equipes são fundamentais para que os ajustes necessários sejam feitos. A equipe de TI tem o seu mérito e destaque como suporte nas operações, evitando riscos à corporação.

Além disso, há toda a orientação aos líderes para cuidarem também do aspecto emocional dos integrantes de suas equipes que se encontram em trabalho remoto. Neste momento de pandemia, as empresas adotaram ou intensificaram o home office com objetivo de evitar impacto em suas operações, através da redução do contingente de colaboradores em suas dependências.

O aprendizado e a adaptação foram muito intensos e, por isso, o trabalho remoto, de parte ou todo o quadro, dependendo da característica do negócio ou estratégia das empresas, veio para ficar. Temos as tecnologias necessárias, sistemas de informação com possibilidades de segurança de informação em níveis elevados, softwares e ferramentas de comunicação por vídeo, áudio e chat com grande disponibilidade de recursos, possibilitando a integração virtual eficaz nas relações de trabalho.

Mas, sem dúvida, a forma com que cada empresa fará a gestão desse modelo de trabalho será determinante em seus resultados. O equilíbrio entre contato virtual e físico dos colaboradores, além da promoção de eventos de integração, é necessário na promoção de engajamento, fortalecimento do espírito de equipe e foco no propósito da organização.

Portanto torna-se fundamental estabelecer a medida ideal para a presença de seus colaboradores no escritório ou unidade produtiva, podendo variar em função do tipo de negócio. Boas oportunidades, mas também desafios, se apresentam com o trabalho remoto, destacando-se por parte das empresas: suporte legal a partir da Reforma Trabalhista de 2017, redução de custos, ganho de produtividade, maior engajamento dos colaboradores e retenção de talentos.

Para elas os principais desafios são: a disponibilização de tecnologia atualizada e segura que garanta boa performance e segurança da informação e a gestão a distância, que demandará o estabelecimento de relação forte de confiança e comunicação eficaz entre líderes e liderados.
 
Por parte dos colaboradores, melhoram as condições de flexibilidade, comodidade e qualidade de vida, principalmente para aqueles que vivem em grandes centros urbanos e enfrentam o desgaste e a perda de tempo no deslocamento casa-escritório-casa. Necessitam porém, estabelecer adequadas condições para o trabalho em casa, como possuir internet de boa velocidade e estável, definir um local específico e calmo com móveis adequados para ser o seu "escritório", ajustados a critérios ergonômicos, estabelecer horário de trabalho diário e, para muitos, o maior desafio: conseguir o apoio da família para a dedicação ao trabalho estando dentro de casa.  
 
Para as empresas de base florestal, que geralmente possuem suas plantações em diferentes municípios e algumas, também em diferentes estados, a experiência ocorrida nos últimos meses, com a intensificação  das reuniões virtuais internas e externas, lives e workshops, gerou muitas quebras de paradigmas. Sem dúvida, essas ações continuarão após o período de afastamento social, reduzindo custos e riscos com viagens para a participação em eventos e deslocamentos regionais.
 
Como citado anteriormente, teremos, nos próximos anos, grande competitividade no mercado; felizmente, estamos em ritmo acelerado de surgimento de novas tecnologias, sendo bons exemplos: inteligência artificial, automação, robótica, internet das coisas e uso de imagens de satélite e radar.

Portanto é de vital importância que os profissionais se capacitem para realizar a efetiva aplicação das mesmas aos processos. Qualificação, capacidade de interação e atuação  com liberdade e responsabilidade são requisitos básicos dentro do novo cenário de trabalho. Como tenho dedicado minha carreira, posso dizer longa, à busca constante pela produtividade e sustentabilidade das plantações de eucalipto, deixo meu incentivo aos profissionais que atuam nessa área.

Devemos seguir firmes no propósito de vencer os desafios presentes, através de rápida adaptação ao novo cenário de trabalho e foco na aplicação constante de novas tecnologias, visando consolidarmos, em nosso País, uma bem-sucedida "silvicultura de precisão". Essa é uma condição essencial para a redução de custos e a melhoria da qualidade, que, associando-se a corretas práticas de manejo e genética de materiais superiores, podem nos fazer alcançar produtividade potencial de cada região.