Em um cenário global cada vez mais consciente da necessidade de preservação ambiental, as empresas de base florestal desempenham um papel de grande relevância. Nossas organizações enfrentam desafios complexos relacionados à sustentabilidade, que vão além das questões puramente econômicas. Nesse contexto, é fundamental refletir sobre quem queremos ser como empresas e como sociedade.
A definição de identidade e propósito é essencial para orientar nossas ações. As empresas de base florestal devem se perguntar: “Quem somos e qual nosso propósito?” A resposta a essa pergunta deve considerar o impacto ambiental, social e econômico numa perspectiva de impactos dos nossos negócios e das relações com a comunidade.
Lidar com o conceito de sustentabilidade na prática significa estar em constante adaptação a um conceito dinâmico, moldado pelo conhecimento, mudanças sociais e avanços científicos. O que considerávamos sustentável no passado pode não ser suficiente hoje. Para acompanhar essa evolução, o diálogo com diversos públicos é fundamental: colaboradores, terceiros, clientes, certificadoras e a comunidade em geral. No setor florestal, um canal estruturado de comunicação com a sociedade é estabelecido por meio dos programas de auditorias de manejo e cadeia de custódia. A própria dinâmica de revisitar constantemente nossas práticas e processos durante as auditorias permite a identificação de oportunidades de melhorias.
Apesar deste dinamismo, a complexidade do ambiente em que operamos exige foco e priorização. Devemos concentrar esforços onde podemos ter o maior impacto positivo, evitando dissipação de energia, explorando nossas melhores competências e buscando parcerias para aquilo que não dominamos. Nenhum projeto de sustentabilidade pode ser bem-sucedido isoladamente. Devemos construir redes de partes interessadas, incluindo comunidades locais, ONGs, governos e outras empresas. A colaboração é essencial para aumentarmos nossas chances de êxito e na abrangência de nossas ações.
A diversidade de experiências entre diferentes organizações é um ativo valioso na implementação de projetos sustentáveis. Ao compartilhar erros e acertos, podemos acelerar o aprendizado e melhorar nossas práticas. Identificar padrões de erros recorrentes em diferentes regiões e iniciativas nos permite aprender com eles sem a necessidade de repeti-los. Além disso, quando algo dá certo, é essencial entender o porquê. Analisar casos de sucesso nos permite replicar boas práticas e escalar seus impactos positivos.
Ainda considerando o que aprendemos com outros projetos, é evidente que a fase de implementação e o período pós-implementação são etapas críticas em iniciativas de sustentabilidade. Muitas vezes, observamos uma alocação significativa de recursos para ampla comunicação de uma boa ideia, quando, provavelmente, deveríamos focar em duas fases essenciais: a fase de “hypercare” e a fase de sustentação.
Na primeira, concentramos nossos esforços no suporte intensivo, resolvendo imprevistos e problemas iniciais para garantir que a iniciativa funcione conforme o planejado. É importante reconhecer que todo projeto, por melhor que seja, enfrenta desafios antes de obter sucesso. Já na segunda fase, a iniciativa deixa de ser apenas um projeto e se transforma em um processo. Nesse momento, estabelecer ou incorporar a nova prática aos processos de governança da organização é fundamental para a continuidade do que implementamos.
Para que tudo aconteça, o componente liderança é fundamental – uma liderança adaptativa, que consiga identificar oportunidades, é crucial no enfrentamento dos desafios da sustentabilidade. Nossos líderes devem agir de forma corajosa e ética, buscando soluções inovadoras. A capacidade de se adaptar às mudanças e aprender com os erros é crucial para o sucesso a longo prazo.
Todas essas reflexões devem se traduzir em ações concretas no dia a dia das organizações. As decisões e ações de nossas equipes devem refletir nossa identidade, propósito e compromisso com a sustentabilidade. Na prática, o engajamento de nossas equipes só acontecerá por ações que fizerem sentido, pela simplicidade na forma e pela consistência de nossos exemplos todos os dias.