O setor brasileiro de árvores cultivadas demonstra, na prática, que é possível unir produção e conservação, gerando valor para a sociedade e oferecendo uma contribuição significativa do Brasil à agenda global de sustentabilidade.
O desempenho alcançado e os compromissos assumidos pelo setor demonstram, com base em números e evidências concretas, que a cadeia produtiva de florestas plantadas concilia alta produtividade, conservação da natureza e desenvolvimento socioeconômico, pilares fundamentais do desenvolvimento territorial.
Em 2024, o Brasil ultrapassou a marca de 10 milhões de hectares de florestas plantadas, distribuídos por todos os estados do País.
Paralelamente, o setor ampliou para cerca de 7 milhões de hectares as áreas destinadas à conservação da biodiversidade, resultado do compromisso com as melhores práticas de manejo florestal. Essa extensão é superior à do estado do Rio de Janeiro.
As áreas, que englobam Reservas Legais (RLs), Áreas de Preservação Permanente (APPs) e unidades de conservação privadas, abrigam uma expressiva riqueza natural. Já foram registradas mais de 8.310 espécies de fauna e flora, incluindo 335 ameaçadas de extinção, demonstrando a relevância ambiental do setor na manutenção da biodiversidade brasileira.
Ao adotar a técnica de plantio em mosaico, que intercala áreas produtivas com áreas de conservação, formando verdadeiros corredores ecológicos, o setor reafirma que produção e conservação devem caminhar juntas. Esse modelo de manejo já assegura estoque de cerca de 5 bilhões de toneladas de CO?eq, representando uma contribuição essencial para o cumprimento das metas climáticas do Brasil, além de contribuir com uma diversidade de outros serviços ecossistêmicos.
A relevância socioeconômica é outro traço marcante do setor. A indústria de base florestal é responsável por 2,69 milhões de empregos diretos e indiretos. Nos municípios onde o setor tem forte presença, o PIB per capita é 29% superior à média nacional.
O impacto, porém, vai além da geração de renda: os indicadores de educação e desenvolvimento sustentável também se destacam em relação ao restante do País. Tais compromissos contribuem para a promoção da emancipação social e para a ampliação das capacidades individuais, refletindo de forma clara o papel transformador desempenhado pelo setor nessas regiões.
A expansão das árvores cultivadas no Brasil ocorre majoritariamente sobre áreas antropizadas, especialmente pastagens com baixa produtividade. O caso do Mato Grosso do Sul é emblemático: em pouco mais de uma década, o estado consolidou-se como polo florestal, abrigando alguns dos maiores complexos de celulose do mundo.
Esse movimento vem contribuindo com a economia regional, promovendo a recuperação de solos antes improdutivos e estimulando o surgimento de uma rede de fornecedores, serviços e infraestrutura que hoje gera empregos e renda em dezenas de municípios.
Essa eficiência produtiva garante que o País seja hoje o maior exportador global de celulose, com cerca 18 milhões de toneladas exportadas em 2023. Ao mesmo tempo, o setor atende ao mercado interno com painéis, pisos, madeira serrada e carvão vegetal, abastecendo desde grandes fábricas até pequenos consumidores.
O fomento florestal também é peça-chave dessa engrenagem. Mais de 4.500 mil contratos ativos em 2023 beneficiaram agricultores familiares, conectando-os à cadeia global de biomateriais. Esse modelo contribui com a redução das desigualdades regionais, amplia a oferta de madeira e gera inclusão socioprodutiva sob bases sustentáveis.
Outro aspecto que merece destaque são as boas práticas consolidadas ao longo de décadas de evolução do setor como o manejo integrado de pragas e doenças, reduzindo impactos ambientais e assegurando a sustentabilidade dos plantios.
Soma-se a isso a adoção voluntária das certificações florestais, como FSC e PEFC, às quais o setor aderiu há mais de vinte anos, antes mesmo de exigências regulatórias ou de mercado. Essas certificações asseguram práticas de manejo responsável, transparência e melhoria contínua, e hoje cobrem mais de 10,7 milhões de hectares certificados no Brasil, consolidando a credibilidade internacional da silvicultura brasileira.
A inovação, aliás, é outro pilar central. No último ano, foram destinados R$ 122 milhões em pesquisa, desenvolvimento e inovação, resultando em 315 novos projetos. Os temas vão desde o melhoramento genético até novas rotas tecnológicas de bioenergia, economia circular e digitalização do manejo.
Hoje, 87% da energia consumida pelo setor vem de fontes renováveis, em especial a biomassa e o licor preto, e 82% da água captada retorna tratada aos corpos hídricos. Esses números confirmam que a indústria de árvores cultivadas está do lado certo da equação climática.
Esse conjunto de resultados levou à sanção da Lei nº 14.876 de 2024, que retirou a silvicultura da lista de atividades poluidoras, corrigindo uma incoerência histórica no arcabouço legal brasileiro. Mais do que reconhecimento, trata-se de uma sinalização clara de que a silvicultura integra a solução para os desafios do clima, da economia e da sociedade.
Diante desse panorama, o setor brasileiro de árvores cultivadas mostra que é possível conciliar produção em escala global, conservação da biodiversidade e desenvolvimento humano. Essa realidade se materializa na oferta de madeira, celulose, energia renovável, fibras, tecidos, cosméticos, medicamentos e milhares de bioprodutos que substituem matérias-primas fósseis.
Produzir e conservar é a realidade de uma cadeia que planta 1,8 milhão de árvores por dia, gera valor para milhões de brasileiros e apresenta ao planeta um modelo de bioeconomia sustentável. O Brasil cultiva árvores que vão muito além da produção: elas capturam carbono, preservam a biodiversidade e geram desenvolvimento socioeconômico.
Esse legado deve ser ampliado e compartilhado com toda a sociedade para que o futuro seja verde, sustentável e inclusivo.