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Antonio Duarte Nogueira Junior

Secretário de Agricultura de São Paulo

Op-CP-01

A produção florestal em São Paulo

Ampliar a área com florestas plantadas é um desafio importante, para governos e iniciativa privada. Hoje, ela é estimada em 5,5 milhões de hectares de eucaliptos e pinus, menos que 1% do total da área florestal do Brasil. A madeira proveniente destas florestas contribui de forma importante para o abastecimento da cadeia produtiva: lenha, carvão vegetal, madeira serrada e celulose. De toda a madeira industrial, em tora, consumida no país, 60% são originárias de áreas plantadas, percentual que atinge 100% nos segmentos de celulose e papel e de painéis de madeira reconstituída, por exemplo.

Na pauta das exportações brasileiras do agronegócio, papel, madeira e suas obras e celulose são itens de peso. No ano passado, foi a segunda cadeia que mais exportou, somando US$ 6,97 bilhões, abaixo do complexo soja (US$ 11,21 bilhões). Em relação à celulose, em 2004 foram embarcados US$ 1,7 bilhão, e a produção brasileira foi de 9,4 milhões de toneladas.

Os principais destinos foram os Estados Unidos, representando 20,7% do valor exportado, China, Holanda, Bélgica e Itália. A participação do Brasil nas exportações mundiais de produtos florestais é de aproximadamente 4%. O comércio internacional movimenta US$ 150 bilhões. Em São Paulo, a cadeia de produtos florestais ocupa a terceira posição no ranking das exportações do agronegócio.

Em 2004, as vendas externas totalizaram US$ 1,19 bilhão, ficando atrás apenas da cadeia produtiva de bovinos (US$ 2,47 bilhões) e da de cana e sacarídeas (US$ 2,15 bilhões). No primeiro semestre deste ano, foram exportados US$ 700 milhões, o que sinaliza real crescimento, em relação ao ano passado. Com relação à celulose, São Paulo é o maior produtor e o terceiro mais importante Estado exportador, responsável por 13,4% dos embarques.

De acordo com estudo do IEA (Instituto de Economia Agrícola), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a área imobiliária (total das terras de propriedade das empresas de papel e celulose), em território paulista, é de 530,45 mil hectares, e a área reflorestada, 348,93 hectares. O estudo também aponta que as exportações de celulose originárias de São Paulo foram as que apresentaram maior crescimento entre 1996 e 2004, evoluindo de 16,60 mil toneladas para 817,53 mil toneladas, no ano passado.

Pela análise do comportamento dos embarques, esse período pode ser dividido em três fases: grande crescimento, de 96 a 99; estabilidade, até 2002; e novamente crescimento em 2003 e 2004. Os cinco principais destinos das exportações paulistas foram a Suíça, China, Itália, Estados Unidos e Reino Unido. Para acompanhar o crescimento da demanda, seria necessário o reflorestamento de 630 mil hectares por ano no Brasil, quando o crescimento da área plantada com floresta é de cerca de 500 mil hectares.

Para estimular este crescimento, até 2012, o setor programa investimentos de US$ 20 bilhões, sendo US$ 14 bilhões das indústrias de celulose e papel e US$ 6 bilhões dos produtores de madeira sólida. Além da injeção destes recursos, o crescimento das florestas plantadas também depende de outros fatores, como financiamentos com prazos mais longos e adequações na legislação ambiental.

Se esta combinação de fatores der certo, a área com florestas plantadas deverá saltar para 11 milhões de hectares, ampliando a competitividade do Brasil no comércio mundial. Outras medidas, mesmo que simples, podem ter uma contribuição importante nesta discussão. Uma delas é a criação da Câmara Setorial de Produtos Florestais, coordenada pela Codeagro (Coordenadoria de Desenvolvido dos Agronegócios), vinculada à secretaria.

Formada por representantes de todos os elos da cadeia de produção, a câmara setorial tem a função de contribuir nas discussões sobre as dificuldades do setor e no apontamento de ações que possam solucioná-las. Outro exemplo foi o Fórum de Integração da Silvicultura, Agricultura e Pecuária para o desenvolvimento sustentável, realizado em maio, em Capão Bonito, organizado pela secretaria e VCP, que possui unidades de reflorestamento na região.

O objetivo foi a discussão de alternativas para o agricultor cultivar árvores florestais, integrado com a produção de grãos e pecuária, para melhor aproveitamento de área, com utilização de tecnologia e manejo adequado, para o menor prejuízo ao solo e às comunidades locais. O fórum nasceu da demanda dos próprios produtores e autoridades regionais, já que a área de silvicultura no sudoeste paulista (regiões de Itapeva, Itapetininga, Sorocaba e Avaré) alcança 422 mil hectares, representando cerca de 39% do montante estadual ocupado pela cultura. O fato é que as florestas plantadas são hoje uma importante alternativa ao desmatamento e contribuem de forma marcante para a oferta de matéria-prima à indústria. Devem, portanto, estar na pauta das discussões, que envolvem o agronegócio brasileiro.