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Manoel Vicente Fernandes Bertone

Secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura

Op-CP-16

A preservação da vida

A preservação da vida é, sem dúvida, um dos grandes desafios da humanidade. O homem trabalha de forma incansável para aumentar sua longevidade. Ao mesmo tempo, aumenta cada vez mais sua percepção de que a vida das gerações futuras depende não apenas da evolução de nossa capacidade de vencer as doenças e o tempo, como também de termos um planeta que nos permita uma vida plena e digna.

A forte relação e a profunda interdependência entre agricultura e meio ambiente nos obrigam a considerá-los temas conjuntos em sua abrangência. Quando os colocamos, então, face às questões relativas à preservação da vida, percebemos que formam um tripé indissociável. E é função dos formuladores de políticas públicas para as áreas de agricultura e meio ambiente compreender essa estreita relação e trabalhar para a obtenção dos resultados necessários e imprescindíveis à comunidade.

Assim, meio ambiente, além de vida, é também agricultura, e agricultura, além de vida, é também meio ambiente. O agricultor já tem consciência de que a possibilidade de seus filhos e netos continuarem na atividade depende, em grande parte, da preservação ambiental. Clima, solos, água, ar e biodiversidade são fundamentais à capacidade de continuar produzindo.

Nessa estreita relação de interdependência, é necessário buscarmos o equilíbrio, delimitarmos áreas de ação, ponderarmos as paixões, lembrando que o planeta, por dele depender a vida futura, assim como os alimentos e a energia, por deles depender o presente, são igualmente importantes para a nossa sobrevivência.
A agroenergia é exemplo de excelente trabalho conjunto realizado entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério do Meio Ambiente.

Os aspectos técnicos do zoneamento da expansão da cana-de-açúcar foram trabalhados pelos dois ministérios, e os resultados foram considerados um completo sucesso. Buscou-se a preservação dos biomas e demonstrou-se cabalmente que a expansão da cana pode ocorrer de forma sustentável, preservando-se também solos e água. Novos desafios devem ser enfrentados na busca de soluções para o meio ambiente e para a agricultura. E florestas é um bom exemplo!

Não tenho dúvida de que tudo que se planta com o objetivo de colher é agricultura. Assim, floresta plantada é também assunto agrícola. E reconheço que é também tema ambiental. Como assunto agrícola, temos que providenciar as condições para que essa atividade se expanda, contribua para diminuir a pressão sobre os biomas naturais e que, assim, seja objeto de políticas públicas próprias à atividade, tais como crédito adequado, seguros e flexibilidade para colheita, conforme o timing de seu próprio negócio.

Não se plantarão mais florestas se, para colhê-las, não se tiver a necessária segurança jurídica de que o que norteará essa colheita serão apenas e tão somente as questões do negócio propriamente dito. A segurança jurídica, nesse aspecto, é fundamental, segurança que, de forma geral, tem faltado à agricultura. Outro tema conjunto de absoluta prioridade é a reforma do código florestal, que, por exageros cometidos no passado, colocou na ilegalidade milhares de agricultores.

Daí a ação tempestiva do Ministro Reinhold Stephanes, que deu à questão o tratamento adequado nos meios políticos, na classe agrícola e na mídia. Reconheça-se a importância do meio ambiente para a continuidade da atividade agrícola, mas reconheça-se a importância da agricultura na preservação da vida e da dignidade de quem quer ser sustentado pelo trabalho de sua família. A busca de um meio ambiente preservado deve se dar junto à de uma atividade agrícola sustentável e economicamente viável. Assim, devem ser garantidos os direitos adquiridos, respeitadas as situações de produção consolidadas em outras épocas, distribuindo-se, na sociedade, os ônus pelas novas necessidades ambientais, sem imputá-los exclusivamente aos agricultores.

A ocupação racional do território nacional deve ser preocupação de todos, e cabe aos que governam traçar as políticas para que se alcance esse objetivo. Nosso planeta já se mostra pequeno, insuficiente, para a humanidade. Temos que “multiplicar os pães” e a energia. A sustentabilidade não pode ser apenas objeto de ações de marketing, mas sim de ações concretas, de decisões por parte de agricultores, empresários, governantes e sociedade. Disso depende a vida. Meio ambiente, assim como a agricultura, é vida!