Gerente de Fomento Florestal-BA da Suzano
Op-CP-37
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Colaboração:
A integração dos produtores rurais à cadeia produtiva da silvicultura é um instrumento estratégico que proporciona vantagens econômicas, ambientais e sociais na proposta de ampliação da base florestal das empresas de celulose por intermédio da prática do fomento. Essa vantagem competitiva não é exclusiva do setor florestal. O fomento está presente em diversas frentes do agronegócio.
Dentre os exemplos mais competitivos e sustentáveis, destacamos o sistema que integra produtores agrícolas e a agroindústria da proteína animal, que oferece a melhor genética disponível para a produção de aves. Nesse modelo, os produtores assumem o compromisso de obter elevados índices zootécnicos, adotando as melhores práticas de produção e de sustentabilidade e assumindo riscos por possíveis reduções do rendimento financeiro.
Os ganhos de eficiência e de redução de custo são objetivos constantes do produtor, que busca garantir a competitividade da atividade. Em resumo, uma parceria baseada na eficiência e no profissionalismo. Esse conceito de alta produtividade também se fortalece na silvicultura e se tornou um desafio para os modelos de fomento florestal: a formação de um produtor rural que empreende e busca sua independência produtiva.
A Suzano, que neste ano completa 90 anos, tem desenvolvido programas de fomento desde a década de 1970, com o objetivo de qualificar profissionalmente o produtor rural. Atualmente, essa parceria se estabelece com 915 pequenos e médios produtores, em 77 mil hectares de áreas plantadas nos estados da BA, ES, SP, MG, PA, MA e TO.
O desafio inicial era a introdução de uma nova cultura, como opção para o homem do campo: o eucalipto. Nos primeiros contratos, as parcerias se formavam com a cessão gratuita, pela empresa, das mudas, do formicida e da orientação técnica, oferecidos como incentivos ao negócio, desde que cumpridas as obrigações contratuais.
Além disso, e em função das condições de difícil acesso a recursos financeiros, a empresa também fornecia adubos, antecipação de recursos financeiros e até óleo diesel para abastecer o trator (valores que deveriam ser devolvidos em madeira na época da colheita). Iniciativas adotadas para viabilizar o modelo, com o foco no aspecto social, como diminuição da concentração fundiária, geração de renda e formação do pequeno e médio produtor.
Um dos aprendizados nesse período foi a consolidação do conceito de integração de culturas, ou seja, não há a exclusividade do eucalipto nas propriedades. É uma decisão do parceiro adotar sistemas agroflorestais e integrar o eucalipto à agricultura de subsistência, à pecuária leiteira ou à agricultura comercial, entre outras possibilidades, buscando maximizar o retorno do seu negócio.
Nos últimos anos, a forte concorrência em nosso setor, com queda significativa dos preços da celulose em 2014, demandou uma redução de custo em todos os elos da cadeia produtiva e trouxe a necessidade de acelerar a transformação dos produtores em parceiros reais, empreendedores que assumem os riscos da atividade florestal, com iniciativa e foco no resultado, para que, juntos, empresa e produtor possam atingir a rentabilidade compatível com o mercado.
A profissionalização do produtor permite que as mudanças sejam transformadas em oportunidades, tais como o apagão de mão de obra na colheita, que agilizou a mecanização, a automação da medição da madeira nas fábricas, que trouxe rastreabilidade do produto, bem como acuracidade na medição, entre outras mudanças logísticas e tecnológicas com o foco em ampliar a produtividade. Nesse contexto, também são fundamentais as extensões das parcerias em outras frentes, como os convênios com instituições financeiras, exemplo de ações que a Suzano adotou no programa de fomento no Maranhão.
Nesse programa, o primeiro ano de implantação e suas operações de silvicultura são financiados sem que o produtor coloque sua propriedade rural como garantia do financiamento. A Suzano assume o projeto de financiamento, assim como a fiança do mesmo, até um limite estipulado em contrato. Os insumos são adiantados ao longo do ciclo, de acordo com a recomendação técnica, e os serviços de manutenção florestal são fornecidos do segundo ao sexto ano, por meio de adiantamentos financeiros, que são descontados em volume de madeira no fim do ciclo da cultura (colheita).
Mudas e assistência técnica são fornecidas a custo zero para o produtor rural. Outro aspecto relevante nessa relação é o ambiental. Disseminar as práticas de preservação dos recursos naturais é fundamental e uma missão das empresas produtoras de celulose. Nesse contexto, a iniciativa de certificar pequenos e médios produtores rurais teve início em 2010, pela Suzano, na Bahia, com o objetivo de estimular boas práticas socioambientais e disseminar os benefícios econômicos provenientes da certificação FSC.
Um marco no processo de certificação de fomentados no Brasil. Portanto consideramos que o projeto é relevante por incluir um componente econômico forte (aumento significativo da renda), um componente social (inclusão dos pequenos produtores na certificação FSC) e um componente ambiental (manutenção e recuperação das áreas de mata atlântica).
A certificação é mais um exemplo da profissionalização do processo. Os fomentados passam a encarar suas atividades com uma visão de longo prazo que reduza os riscos da atividade e a entender e a avaliar impactos ambientais e econômicos; esses itens, quando bem equalizados, consequentemente elevam o aspecto social.
Certo é que a excelência nestes três temas, planejamento e viabilidade econômica, práticas de conservação ambiental e qualificação profissional dos produtores, colocam em posição diferenciada de competitividade e garantem a sustentabilidade tanto das empresas como dos parceiros florestais, já que ambos mantêm o mesmo objetivo: a competividade, no longo prazo, dos seus negócios.