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Rafael Ribeiro Soler

Representante para a América do Sul da Bracke Forest AB

Op-CP-62

A mecanização do plantio florestal no Brasil
A mecanização no setor florestal consiste em um processo mais lento quando comparado ao agrícola, que se destaca pela constante inovação e pelo nível de automação de algumas operações. A área de colheita florestal possui máquinas e equipamentos que podem ser tidos como referências quando o assunto é a mecanização das operações em áreas com culturas florestais: seja em áreas planas, ou em terrenos acidentados, os harvesters, forwarders, fellers e skidders estão estabelecidos há um tempo. 
 
Por essa razão, cabe ao setor de inovação buscar novas alternativas para garantir melhores índices de eficiência operacional e, paralelamente, inovar as operações através de sistemas de teleoperação, ou, quem sabe um dia, pela automação de suas atividades. 
 
O setor responsável por garantir o novo ciclo da floresta, a atividade de plantio, se restringe a níveis de baixo grau de mecanização, utilizando-se de ferramentas manuais, como a “matraca” ou o “chucho”, ou, ainda, empregando-as acopladas a tanques de irrigação tracionados por tratores, a fim de agrupar as operações de irrigação e de plantio, em busca de um menor custo de implantação.
 
Com o avanço das áreas plantadas, o ritmo se acelerou, e a inovação fez com que novos equipamentos surgissem no mercado brasileiro para atender a essa demanda. As plantadoras de arraste ou transplantadoras, como também são conhecidas (devido à sua ligação com o setor agrícola), percorrem a área previamente subsolada para executarem o plantio.

Elas são compostas por uma cabine, onde um trabalhador aloca muda a muda em um tubo, responsável por inseri-la no solo, podendo, ainda, realizar outras operações, como a irrigação, seja com água ou com o hidrogel. Essas máquinas ainda dependem de dois trabalhadores, sendo um o tratorista, e outro, o responsável direto por inserir a muda no tubo de plantio. 
 
 
Sob esse cenário de trabalho, a de uma jornada que exige percorrer longas distâncias durante o turno sob um sol desgastante, o setor florestal preparar-se, ainda, para uma possível escassez de mão de obra. Atrelados a essa realidade, a presença dos tocos das rotações anteriores e a alta concentração de resíduos nos talhões florestais reforçam a necessidade de alternativas menos restritas.
 
O uso de equipamentos totalmente mecanizados e de atuação intermitente,  em que o equipamento não permaneça continuamente em contato com o solo, permitindo desviar de obstáculos como tocos e resíduos oriundos da colheita, apresenta-se, assim, como solução inovadora para o setor florestal brasileiro. 
 
Sabe-se que as fabricantes com maior experiência nesse setor estão localizadas em países escandinavos, como Finlândia e Suécia, tendo desenvolvido equipamentos que atendem às necessidades e realidades de suas regiões. Para utilizar esses equipamentos no Brasil, empresas florestais têm buscado parcerias com institutos de pesquisas, universidades e até mesmo diretamente com as fabricantes, para que houvesse a adaptação dessas máquinas para o uso em condições brasileiras.
 

Em 2013, o uso de um desses equipamentos totalmente mecanizados teve início em caráter de ensaio, a fim de condicioná-lo às realidades presentes na silvicultura do Brasil. O primeiro equipamento utilizado foi o Bracke Planter P11.a, com funções de plantio, irrigação e adubação por coveta lateral, realizando plantios em diversos estados do Brasil para compreender sua atuação em diferentes tipos de solos, manejos e sistemas de preparo de solo. 
 
Essa operação contava apenas com o operador da escavadora, responsável por movimentar braço e lança para posicionar o equipamento e pressionar um botão para a realização de todas as operações conjuntas com o plantio. Essa plantadora possuía capacidade de até 88 mudas por ciclo, sendo necessária sua parada para reabastecer manualmente as novas mudas a serem plantadas. 
 
A partir dessa experiência, uma parceria entre fabricantes de máquinas, de cabeçotes plantadores e sistemas de georreferenciamento foi firmada. Esse trabalho conjunto permitiu o desenvolvimento de uma máquina que pudesse se locomover de acordo com o espaçamento calibrado, realizando o plantio e a irrigação, além de registrar o georreferenciamento das mudas plantadas, sem a necessidade de o operador controlar ou acionar os cabeçotes. 
 
A planter D61EM possui três cabeçotes plantadores, com capacidade de 588 mudas por reabastecimento, e performa em caráter automatizado, que consiste em realizar o plantio sem a interferência do operador, que permanece na cabine para dar início à operação e assumir o controle ao fim do talhão, para manobrar e reiniciar o plantio em uma nova área. 

Essa máquina é a única relatada no mundo a realizar o plantio automatizado de mudas florestais, até o presente momento. A automatização permite uma maior regularidade nas operações, diminuindo a dependência do operador, especialmente nas atividades repetitivas, e deixando em suas mãos atividades mais estratégicas, como a tomada de decisão sobre a área de realização do plantio, como, por exemplo, decidir entre um local com pedras ou sobre tocos.

Essa transferência terá consequências benéficas, como a de evitar variações entre os rendimentos operacionais. A automação corresponde ao último estágio em um processo de mecanização, em que a máquina deverá realizar todas as atividades, bem como a tomada de decisão, caso haja eventos inesperados daqueles preestabelecidos do início da operação.

Há, ainda, um longo caminho a ser percorrido até alcançar o nível de automação da operação de plantio florestal; porém, através de pesquisas e experiências inovadoras realizadas em nosso país, os primeiros passos já foram dados. Cabe, hoje, ao setor florestal como um todo, acolher as inovações e contribuir com a ampla experiência de décadas plantando florestas, a fim de se obter máquinas e equipamentos autônomos adaptados às necessidades brasileiras.