Gerente-geral de Operações Florestais da MWV-Rigesa
Op-CP-29
Quando se fala em fronteira florestal, evocamos o conceito de desafio, seja no uso de novas terras/regiões, ou até mesmo de novos pacotes tecnológicos para seu desenvolvimento, produção otimizada e sustentável. O avanço dessas fronteiras – e, por consequência, a relevância do desenvolvimento do setor florestal – foi galgado por três linhas. Uma voltada à gestão e ao desenvolvimento das fronteiras atreladas ao manejo de ganhos operacionais, diga-se, basicamente: silvicultura, colheita e logística.
Do outro lado, o avanço tecnológico dos materiais genéticos por meio das mais modernas técnicas de melhoramento disponíveis, algumas vezes aqui desenvolvidas e, posteriormente, copiadas por diversos países, principalmente focadas nos dois maiores gêneros plantados, o Pinus spp. e o Eucalyptus spp., que, não poderia deixar de lembrar, têm as maiores produtividades operacionais do mundo. Por último, a gestão de pessoas muito tecnicamente habilitadas, mas nem sempre tão bem desenvolvidas e preparadas para a gestão de talentos e da visão de área florestal como business.
A sustentabilidade dos ganhos sempre foi baseada em método; quando os programas de incentivo dos anos 70, 80 e 90 acabaram se perdendo, o setor, por meio das indústrias de base florestal de médio e grande porte, manteve o seu foco e sua força. A indústria de papel e celulose foi o propulsor que, através de grande direcionamento de recursos, humanos e financeiros, não deixou o ritmo parar e manteve a fronteira florestal como hoje se encontra.
As frentes produtivas nas quais as operações florestais estabeleceram e buscaram metas claras de desenvolvimento destacam-se hoje como líderes, garantindo a perpetuação da base necessária para a produção sustentável de celulose e papel.
As diferentes estratégias de fornecimento, plantios próprios, fomento, arrendamento da própria produção de mercado aberto, agora com maior força representada pela entrada das TIMO’s (Timber Investment Management Organization), garantem o fornecimento das empresas.
Com uma política governamental que mire claramente no incentivo para fortalecer e tornar o setor desburocratizado, avançaremos; para isso, devemos nos engajar em mostrar a verdade sobre a área florestal como um setor organizado, na maioria das vezes internacionalmente certificado e que preserva a natureza de maneira adequada.
O avanço tecnológico está, hoje, buscando o desenvolvimento e a gestão do conhecimento que representa um ativo cognitivo; ao contrário da floresta, que aparece nos balanços como um ativo real, este deveria ser tratado e mensurado como um bem.
Grandes potências em exploração de recursos naturais, como os países nórdicos/escandinavos, hoje exportam seu “ativo do conhecimento”, seja na área industrial do setor de celulose, ou em outros setores, como o petrolífero, e geram divisas importantíssimas para seus países.
Por que o Brasil não poderia aproveitar todo o seu potencial tecnológico, como no desenvolvimento acumulado de manejo florestal, onde soubemos aproveitar nossa vantagem edafoclimática gerando produtividades recordes, ou como na própria indústria, que, a exemplo das associações e grupos de trabalho florestais, tem desenvolvido um grande acervo de pesquisa e desenvolvimento?
A gestão de equipes, que cada vez é mais exigida, deve ser direcionada ao desafio de formar equipes de alta performance nas frentes operacionais, como líderes de campo, que são peças chaves para o estabelecimento de florestas altamente produtivas, mas, muitas vezes, não são contemplados em investimentos.
Estamos sempre buscando tecnologia e desenvolvimento de ponta, porém, sem investimento em gestão, não conseguiremos sustentar os resultados otimizando os modelos de manejo focados no menor custo possível sem perder o nosso máximo potencial de expressividade genética de nossas florestas.
Fato é que nossa vantagem desenvolvida ao longo dos anos, com muito estudo, tecnologia, pesquisa e desenvolvimento da nossa principal matéria-prima – nossas florestas plantadas – é o que garante a certeza de que a sustentabilidade do negócio de papel e celulose perpetuará ao longo dos ciclos.
É claro que, por mais que seja, ainda hoje, visto de maneira geral como um setor de grande contribuição para a economia e gerador de divisas, devemos continuar evoluindo, deixando para trás a visão de um simples produtor de commodities, não somente sustentando o Brasil como um dos líderes mundiais de produção nesse setor, mas também garantindo o aumento da produtividade e da competitividade, gerando valor por meio de conhecimento, gestão e inovação.