Gerente Executivo de Sustentabilidade da Suzano Papel e Celulose
Op-CP-28
O ano de 2012 será marcado pelas discussões em torno da sustentabilidade. No âmbito internacional, teremos a realização da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que marca os 20 anos da Eco-92. Em nível nacional, as discussões do Código Florestal, cercadas de embates políticos, mobilizam diversos setores da sociedade e da imprensa.
O setor florestal, em particular as empresas produtoras de celulose, vem participando do debate e buscando contribuir com diversas práticas, algumas iniciadas ainda na década de 1980, quando as discussões em torno do desenvolvimento sustentável não tinham alcançado a grande mídia.
Naquela época, foram implantadas técnicas de silvicultura que visavam minimizar a intervenção no solo e intercalar o plantio florestal aos fragmentos de mata nativa. Isso foi feito em paralelo com outras práticas para aumentar a produtividade florestal, mostrando que é possível alinhar a preservação ambiental com a expansão do negócio.
Já na década de 1990, com o processo de internacionalização, os clientes passaram a demandar informações sobre cuidados ambientais e sociais que envolviam a operação. As certificações surgiram, então, como uma forma de aprimorar as práticas internas, alinhando-as a padrões internacionais e mostrando aos clientes a preocupação com a sustentabilidade presente na produção.
Em 1996, a Unidade Mucuri da Suzano, por exemplo, foi a primeira empresa do hemisfério sul a conquistar a certificação ISO 14001 de gestão ambiental. Em 2004, foi a vez do selo FSC (Forest Stewardship Council), que observa os padrões socioambientais ligados à operação. Hoje, essas certificações são fundamentais para acessarmos alguns mercados, principalmente na Europa.
Nos anos 2000, com o aquecimento global na pauta da mídia e da política, o setor passou a tratar do tema. Na Suzano, em 2007, demos início aos inventários de emissão de gases de efeito estufa (GEE) de nossas unidades, retroativos ao ano de 2003, e utilizando a metodologia GHG Protocol. Em 2009, por demanda de um cliente internacional, começamos a quantificação da pegada de carbono de alguns de nossos produtos.
Fomos a primeira indústria de celulose no mundo e a primeira empresa na América Latina a quantificar a pegada de carbono da celulose utilizando a metodologia PAS 2050 e obtendo a certificação Carbon Reduction Label, concedida pelo Carbon Trust.
A pegada de carbono, por possuir uma abordagem de Análise de Ciclo de Vida (ACV), é a medida mais eficaz e precisa para mensurar as emissões de GEE de um produto e serve como uma importante ferramenta para o desenvolvimento de estratégias de redução desses gases ao longo da cadeia.
Para garantir a imparcialidade da pegada de carbono dos nossos produtos, buscamos fundamentos e instituições que assegurassem os resultados. A ICF, consultoria internacional, realizou o levantamento e a quantificação dos gases, tendo como base a metodologia PAS 2050, que, à época, era a única mundialmente publicada.
A diferença básica entre a pegada de carbono de um produto e o inventário corporativo de emissões de uma empresa está nas fronteiras de cálculo que definem o escopo de cada uma das abordagens. Enquanto a pegada de carbono quantifica as emissões de GEE associadas a todas as etapas do ciclo de vida de um produto, o inventário quantifica as emissões de uma determinada etapa da cadeia de produção.
Ao submeter as pegadas de nossos produtos à auditoria do CarbonTrust, que concedeu à Suzano a certificação Carbon Reduction Label, buscávamos mais do que um selo que atestasse a precisão dos cálculos, mas uma forma de evidenciar nosso compromisso com a redução das emissões. Isso porque o selo exige que, a cada dois anos, a empresa comprove que reduziu essas emissões. Foi o que fizemos no final de 2011, mostrando reduções nas pegadas, comprovadas durante o processo de verificação da CarbonTrust.
Todas essas iniciativas exigem recursos financeiros e humanos para acontecer. Mas os resultados que conseguimos até aqui, principalmente junto aos clientes, mostram que vale a pena seguir por esse caminho. E, mais do que isso, valem a pena pelo resultado que trazem para a sociedade e para o meio ambiente, em nível local e mundial.