A produtividade florestal possui um significado plural. Muitas formas podem ser utilizadas para medição da produtividade florestal, e diversos setores a medem de forma distinta, como, por exemplo, o setor de madeira para processo, que utiliza a unidade mais comum de medição, que é m³/ha produzido no ciclo da cultura, ou retratam a produtividade anual (m³/ha ano), mais conhecido como IMA – Incremento Médio Anual.
Com a especialização de cada setor, as unidades ganharam derivações para melhor representarem a produtividade esperada de cada área de negócio, por exemplo: O setor de celulose utiliza o IMACEL – Incremento Médio Anual de Celulose por hectare por ano, representado pela unidade TSA/ha/ano – Tonelada de Celulose Seca ao Ar por hectare por ano. O setor de carvão vegetal utiliza a unidade de m³ de carvão/ha associada à densidade da madeira, que altera o peso da tonelada de carvão produzida.
Já o setor de madeira sólida classifica a produtividade pelo conjunto de produtos gerados por cada árvore na ocasião da colheita. As toras da base da árvore são medidas separadamente, pois possuem maior valor das demais partes da árvore. Ainda é comum, em alguns casos, a medição por tonelada de madeira por ha e até mesmo st/ha, estéreos por ha, para lenha e madeira para energia.
Seja qual for a forma como a produtividade florestal se apresenta, ela pode variar de modo relevante nas diversas partes do mundo onde se produz biomassa, e essa capacidade de produzir mais biomassa por unidade de área é que torna cada site mais atraente para desenvolvimento de uma indústria de transformação dessa madeira em um produto comercial. Nesse aspecto, podemos dizer que o Brasil possui uma das melhores produtividades de biomassa e sempre será um dos principais candidatos a qualquer projeto de base florestal – vejam os destalhes no gráfico em destaque.
Alguns fatores naturais são citados como razões para esse bom desempenho florestal do Brasil, como a intensidade luminosa, solos apropriados e um clima bastante adequado à cultura de árvores. Outro fator de igual importância é o conhecimento que agregamos na condução dessa cultura durante os últimos 50 anos. Montamos uma grande base genética, diversificada e bastante adaptada para boa parte do País e também temos um excelente conhecimento do manejo florestal, principalmente de pínus e eucalipto.
Esses fatores de produção fazem com que, para a produção de 1000 m³ por ano, o Brasil necessite plantar apenas 25 ha, enquanto o sudeste da Ásia utiliza 40 ha, USA e Europa, cerca de 100 ha e as menores produtividades florestais são encontradas na Rússia, na Escandinávia e no Canadá, onde são necessários em torno de 200 ha para a produção dos mesmos 1000 m³ de madeira.
À medida que aumentamos nossa área florestal plantada, aumentamos também nosso conhecimento silvicultural, processo importantíssimo para mantermos e aumentarmos nossa primazia nessa área, quando comparado com outros países que também produzem madeira em escala comercial importante.
No entanto cuidados são cada vez mais necessários para enfrentarmos o que chamamos de novos inimigos florestais, que aparecem a cada ano. Primeiramente, temos que entender que toda monocultura, seja de grãos, seja de árvores, possui uma baixa biodiversidade, e a consequência disso é uma baixa imunidade contra pragas, doenças e crenças.
Um substantivo aumento da produtividade florestal baseado em condições naturais e também num grande esforço agronômico nos trouxe até aqui, mas, agora, precisamos nos reinventar para continuarmos avançando e mantermos a curva sem inflexão. Já tivemos demonstrações de projetos cujas produtividades atingiram 60 m³ por hectare por ano em florestas de eucalipto e até 50 m³ por hectare por ano no caso de pínus, mas tivemos também histórico de redução de produtividade em sites produtivos devido a alterações ambientais, aparecimento de pragas e de doenças.
Questões que já estão em cima da mesa são aquecimento global e seus efeitos nas plantações florestais, aumento substancial de aparecimento de novas pragas e de doenças e uso da água para produção de madeira. Porém medir a rentabilidade de um projeto florestal é mais do que medir a produtividade da floresta ou a rentabilidade de um projeto florestal dentro da fazenda.
É importante levar em conta todos os fatores que possam agregar valor ao investimento, pois uma produtividade excepcional de uma floresta, medida em m3, pode gerar uma frustrante perda de dinheiro, dependendo do custo da madeira produzida e de sua localização. Acompanhar diversos tipos de produtividades e rentabilidades é importante e dará suporte para o resultado esperado de qualquer investimento nessa área.
Precisamos avaliar todos os pilares nos quais esse projeto está baseado, desde o seu planejamento, localização do site, medir fatores de produtividade, como material genético, clima e solos, logística do produto, custos das atividades fundamentais, remuneração sobre a terra, e agruparmos tudo isso para analisar o sucesso do investimento. O retorno do capital sobre a terra utilizada é uma forma interessante de avaliar se um projeto florestal é a melhor forma de remuneração desse ativo, assim como o retorno sobre todo o investimento realizado no ciclo total da floresta. Enfim, a produtividade de um projeto florestal não deve ser medida somente com os resultados dentro da porteira e sim no valor que ele agrega num determinado produto consumido pela sociedade.
Qualquer alteração na produtividade florestal afeta diretamente o resultado econômico do projeto, que pode ser agrupado em três naturezas distintas: custo da terra, serviços operacionais e insumos. O custo dos serviços operacionais é responsável por cerca de 45% a 50% do valor da madeira produzida; o custo com terra, em torno de 25%, e insumos podem variar entre 15% a 20% do custo total da madeira produzida.
Dessa forma, aumentar a produtividade operacional torna-se fundamental para garantir a lucratividade do projeto, e a mecanização pode ser uma alternativa importante, visto que, cada vez, fica mais difícil encontrar pessoas para fazer serviços manuais, especialmente nas regiões mais quentes do País.
O uso máximo das tecnologias de ponta também deve ser um direcionador a ser empregado para garantir a produtividade da floresta, maximizando o uso de insumos, a redução de perdas operacionais, o uso de imagens para monitoramento e a proteção da floresta, a telemetria, a biotecnologia, dentre outras linhas de soluções que sejam adequadas.
O uso de produtos oriundos de madeira cresce a cada ano, seja pelo aumento do consumo per capita dos produtos existentes, ou mesmo com o aparecimento de novas utilizações, e o Brasil é um país com larga vantagem para produção de biomassa quando comparado com outros países. Mas a corrida ainda não acabou, e cuidar para que não sejamos ultrapassados é o papel de cada um de nós que vive nesse setor.