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Robson Oliveira Laprovitera

Gerente de Meio Ambiente da International Paper

Op-CP-32

A performance do capital natural

O desempenho dos negócios é medido por indicadores, que comparam métricas e períodos na trajetória de uma dada companhia. Dessa mesma forma, a sustentabilidade do manejo florestal pode ser compreendida como a performance do capital natural ao longo do tempo, podendo ser mensurada pelo emprego de indicadores.

Para exemplificar essa opinião, convido o caro leitor a conhecer um pouco do manejo florestal da International Paper do Brasil (IP) e tirar suas próprias conclusões ao final do artigo.

Cultivando eucaliptos no interior paulista há 50 anos, a performance econômica da IP é surpreendente. Nas mesmas terras em que se manejam florestas por décadas, a produtividade quase triplicou, demonstrando a contínua evolução do manejo florestal e uma administração responsável de recursos naturais em caráter renovável. Por outro lado, e, com razão, há quem diga que não basta apenas ser produtivo, é preciso que o manejo seja competitivo em custos.

Nesse quesito, a IP, como empresa global, compara o desempenho de suas unidades com negócios semelhantes em várias partes do mundo e conclui que o seu manejo florestal no Brasil propicia um custo de fibra posta fábrica altamente competitivo. Ainda assim, em nosso mundo globalizado contemporâneo, essa contínua agregação de valor pelo capital natural não se pode resumir apenas ao plano econômico.

Voltemos agora nossa atenção à performance ambiental desses empreendimentos da IP no Brasil. Em termos de impactos positivos no contexto das mudanças climáticas, a fixação do carbono pelas florestas desempenha papel relevante.

Na IP, boa parte das árvores que estão sendo plantadas, hoje, pela empresa, são capazes de fixar 16% a mais de carbono do que aquelas que estão sendo colhidas. O uso da biomassa como fonte de geração de energia e vapor na indústria também aumentou em 155%, com o advento de uma nova caldeira que substituiu o gás natural por madeira a partir de 2013.

Falemos agora sobre biodiversidade. Quando esse assunto adentra o universo do manejo florestal em regiões tropicais, uma das principais preocupações dos silvicultores é quanto à quantidade e à qualidade do habitat oferecido à fauna silvestre.

Nesse sentido, nos últimos sete anos, a taxa de ampliação de habitat natural na empresa foi de 19%. A qualidade do habitat acompanhou esse processo de expansão, em que a biodiversidade florística alcançou 170 espécies nas áreas onde se iniciou o processo de restauração. Por conseguinte, a fauna silvestre vem respondendo positivamente a essas ações.

Comparando períodos recentes de observação de mamíferos de médio e grande porte numa dada área, verificou-se um aumento de 21% nos vestígios da presença dessas espécies, e 30% nas espécies classificadas como vulneráveis, em termos de ameaça de extinção, o que demonstra que os habitats naturais estão sendo capazes de oferecer abrigo, alimentação e condições de procriação a animais que beiram o topo da cadeia alimentar.

Esse zelo pela biodiversidade fez com que 30% das áreas naturais da empresa fossem classificadas como “Florestas de Alto Valor de Conservação”, segundo os critérios da certificação FSC, por possuírem atributos de relevante interesse ecológico.

Para valorizar ainda mais os serviços ambientais prestados por essas áreas, a empresa, atualmente, conserva 13% das florestas de alto valor de conservação como RPPN, em que uma delas foi reconhecida, em 2010, pela FAO como caso exemplar de manejo florestal sustentável na América Latina.

As plantações de eucalipto da empresa também desempenham um papel importante na conservação da biodiversidade, pois, como florestas, facilitam a permeabilidade ecológica na paisagem e constituem também o home range de diversas espécies da fauna. Aliás, o manejo das plantações está diretamente associado à performance ambiental.

Vejamos, agora, a influência do manejo sobre a água. A IP no Brasil possui uma bacia hidrográfica experimental onde, após ampliar as áreas de Reserva Legal existentes nas adjacências das Áreas de Preservação Permanente, reduzir as densidades de estradas em 20% e ampliar a distância da entrelinha de plantio, a razão entre vazão e precipitação total anual saltou de 17% (média do primeiro ciclo) para 30% (média dos quatro anos após as ações de manejo). 

Esse resultado surpreendente, que também é afetado por fatores como a intensidade, duração e a distribuição das chuvas ao longo dos anos, demonstra a oportunidade que ações como essas, de melhoria no manejo florestal, podem assumir no aumento da produção de água. Importante ser dito que a produção da bacia não se alterou significativamente de um ciclo para o outro, considerando também a introdução de novo material genético.

Esse manejo foi replicado em uma propriedade, numa abordagem “hidrosolidária” em conjunto com uma comunidade local circunvizinha, onde a alocação das áreas de Reserva Legal, com foco na produção de água, foi definida com a comunidade, e o manejo da plantação de eucalipto, que vem dando certo na bacia experimental, também foi aplicado em parte da área.

Essa abordagem de engajamento das partes interessadas internas e externas, que afetam o manejo florestal e são afetadas por ele, também faz parte da natureza da IP Brasil. A empresa possui várias maneiras de medir a sua performance social, incluindo ações de engajamento com seus profissionais e liderança, no emprego de métodos e indicadores preventivos de saúde e segurança.

Como medidas que incentivam o empreendedorismo local, melhorando a economia e gerando renda, a expansão do fomento florestal da IP atingiu 23% nos últimos dois anos, e a produção de mel junto à cooperativa de apicultores locais vem ampliando-se ano a ano, e projetamos que a produção de mel em 2013 virá a ser, ao menos, cinco vezes superior à produção de 2011.

Encontramo-nos, agora, ao final do artigo, e a indagação a ser feita é: a sustentabilidade do manejo florestal não seria, então, uma medida da performance do capital natural, trabalhado pela silvicultura e pelo manejo, ao longo do tempo? A performance do amanhã não seria proporcional ao desafio que nos imprimimos hoje? Será que estamos medindo nossa performance e ajustando sua trajetória na devida gama de indicadores que permeiam a sustentabilidade? Como sabemos, são as perguntas que movem o mundo. Concluo que a IP já se vem movendo há bastante tempo.