Me chame no WhatsApp Agora!

Carla da Costa Garcia

Gerente de P&D Florestal da Veracel

Op-CP-77

A P&D como ponto de partida
As boas práticas do manejo florestal advêm de executar com excelência operacional as melhores recomendações técnicas. É sob essa perspectiva que o papel e a responsabilidade da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), em se fazer manejo no sistema florestal, têm sua relevância destacada.
 
Já é consagrada a importância estratégica da pesquisa e desenvolvimento, desde a pesquisa básica, conceitual, até a pesquisa aplicada ao mercado, trazendo diferencial competitivo para aqueles que investem neste setor. Sendo assim, a abordagem deste artigo enfatiza a importância da boa gestão das rotinas, dos processos e liderança das pessoas para que os resultados gerados sejam crescentes e sustentáveis.
 
A cadeia de valor de um processo de pesquisa e desenvolvimento pode ser descrita  da seguinte forma: As melhores recomendações técnicas para o bom manejo florestal serão geradas, seja através de uma base experimental bem-feita e em áreas de conhecimento estratégicas para o negócio, seja pelos monitoramentos precisos do desenvolvimento das florestas em campo, com ações rápidas e efetivas para controles. 
 
O melhoramento florestal, as boas práticas silviculturais, o manejo integrado de pragas e doenças, a fisiologia de plantas e o entendimento do ambiente são áreas importantes que devem estar no portfólio de programa, projetos e ações da P&D. Além disso, integrar estes estudos às tecnologias existentes que proporcionam um monitoramento preciso e contínuo das florestas, com detecção precoce de problemas e gerando informações que são base para tomadas de decisão, corrobora para recomendações técnicas assertivas e ágeis.
 
Estas recomendações são, então, descritas pela equipe técnica de P&D em procedimentos e instruções técnicas, ao passo que pessoas-chave do planejamento e operação são treinadas para que uma execução de excelência possa acontecer. Após o planejamento e execução, mede-se a eficiência dessas recomendações, através de controles de qualidade, que vão gerar novas ações, tanto para aprimorar o que funcionou, quanto para corrigir rotas e rever aquilo que porventura não tenha dado certo. 

Estas são as etapas que, de forma clara, compõem a cadeia de valor básica da Pesquisa e Desenvolvimento, e descrevê-la assim pode parecer simples e óbvio. O que talvez não seja tão simples é garantir este básico bem-feito, frente às rotinas tão dinâmicas, complexas e atarefadas de uma organização.

Diante disso, tomo a liberdade de apresentar como tenho administrado esta rotina da P&D na Veracel, tendo como referência o modelo 70:20:10 de aprendizagem proposto por Morgan McCall e sua equipe, no qual 70% do aprendizado de um colaborador acontece na execução das atividades, 20% com os outros e 10% em cursos. Este modelo pode ser aplicado com a finalidade de se compreender e aplicar uma dinâmica de rotina que direciona nossas ações e prioridades do dia a dia.

Ou seja, esta dinâmica consiste em distribuir o tempo ao se fazer pesquisa, dentro de uma organização, de forma que 70% dele seja dedicado a uma rotina eficiente para gerar as melhores recomendações técnicas e garantir uma execução operacional de excelência, o que chamo de “core do negócio de P&D”. Em 20% do tempo, discutem-se estratégias baseadas em resultados, entendendo as demandas e dores dos nossos clientes e as perspectivas futuras do setor. Nos últimos 10% do tempo, investe-se em desenvolver novos projetos, estudos e adoções tecnológicas, muito através de parcerias com instituições de pesquisa, startups e Universidades. 

Uma rotina eficiente, aliada a processos bem estabelecidos, fortalece os pilares da Pesquisa e Desenvolvimento, encarregada de criar e testar métodos aplicáveis à organização de ações, com etapas, cronogramas e responsáveis, materializando a boa gestão dos processos, além de desenvolver indicadores para acompanhar desempenho, de forma que análises contínuas dos dados gerados sejam fonte para tomadas de decisão mais assertivas e ágeis.

A P&D também deve incluir pontos de checagem nas rotinas, estabelecendo uma cultura de tomada de decisão baseada em dados e permitindo que desvios sejam identificados e corrigidos de forma rápida. A melhoria contínua destes processos, avaliando sistematicamente os resultados e modificando o que for necessário no tempo correto, garantirá a eficácia da P&D.
 
Nos programas de melhoramento, as etapas de desenvolvimento de clones precisam estar organizadas em cronogramas de execução, e a velocidade deste desenvolvimento é um ponto crucial na dinâmica dos programas. Práticas silviculturais, como espaçamento e preparo de solo, devem ser constantemente analisadas em redes experimentais robustas, para que as recomendações acompanhem as dinâmicas de condições do ambiente de produção.

Quando falamos em manejo integrado de pragas, os sistemas de monitoramentos são de suma relevância, pois a qualidade destes monitoramentos dará subsídio a decisões rápidas e precisas sobre necessidades de controles e intervenções, antes que danos econômicos possam ocorrer.
 
E para que toda esta dinâmica se concretize no dia a dia do setor de Pesquisa e Desenvolvimento, é preciso que as pessoas que atuam nestes processos compreendam o seu papel, o que, para mim, começa com uma liderança que tem claras as diretrizes da organização. Esta liderança, então, será capaz de instruir e direcionar o time para ações que efetivamente estejam em linha com o plano de negócio da empresa.

Com todos olhando para o mesmo alvo e na mesma direção, é papel do time de P&D trazer grande parte das inovações que serão incorporadas ao sistema de manejo florestal, desenvolvendo técnicas, produtos, ferramentas e processos que gerem valor para a organização. São eles que traduzirão as pesquisas básicas, aplicadas e tecnologias que surgirem, em produtos e processos viáveis para o desenvolvimento do manejo florestal de excelência em suas empresas.
 
Portanto, a importância estratégica do investimento em Pesquisa e Desenvolvimento para a competitividade do setor florestal é evidente. É ali onde as melhores recomendações técnicas para o bom manejo florestal são geradas, dando suporte a uma execução operacional de excelência. Como resultado, espera-se a manutenção e/ou aumento da produtividade das florestas, a custos competitivos, garantindo a sustentabilidade do negócio.

No entanto, para que tudo isso se concretize, faz-se necessário organizar a cadeia de valor da P&D dentro de uma rotina eficiente, em que se trabalha para oferecer o “core do negócio” bem-feito. Processos claros precisam ser estabelecidos, com papéis e responsabilidades bem definidos e indicadores de acompanhamento para tomadas de decisão ágeis. Tudo isso, aliado a um time que trabalha com diretrizes claras da organização, em busca dos mesmos objetivos, é porta aberta para inovações e avanços no manejo florestal.