Secretário de Agricultura do Estado de Minas Gerais
Op-CP-15
As florestas comerciais têm um desenvolvimento econômico com elevada competitividade, quando implantadas nas regiões tropicais. A luminosidade e a quantidade de dias com incidência do sol durante o ano fazem com que o crescimento das plantas nos trópicos seja três vezes mais rápido do que nas regiões de clima temperado. Aqui no Brasil, o eucalipto, por exemplo, chega ao ponto de corte aos sete anos, enquanto na Europa as árvores levam 21 anos para se desenvolver.
Irrefutavelmente, as condições brasileiras para o plantio de florestas colocam a produção do país na vanguarda da competitividade, com elevada redução dos custos no processo de obtenção dos derivados de madeira. Os três principais produtos da cadeia produtiva do plantio florestal são o papel, a celulose e as fontes energéticas, entre elas o carvão.
No caso de Minas Gerais, por exemplo, o setor de florestas plantadas vem se desenvolvendo de tal maneira que já se posiciona na linha de frente do agronegócio estadual. Minas tem a maior área de florestas plantadas do país, com aproximadamente 1,2 milhão de hectares, distribuídos em 300 municípios. As maiores concentrações estão nas regiões Central, Noroeste e nos Vales do Rio Doce e do Jequitinhonha. A cadeia produtiva florestal gera cerca de 800 mil empregos diretos e indiretos no estado.
Em 2008, as exportações do agronegócio florestal de Minas Gerais foram responsáveis por 11% das vendas internacionais de todo o agronegócio estadual. Os embarques dos produtos florestais somaram um milhão de toneladas e movimentaram US$ 633 milhões. Um crescimento de 8% em relação a 2007, quando não sofríamos o impacto da crise mundial. No agronegócio, as exportações do setor em Minas Gerais só ficam atrás das vendas de café e de carnes.
Além disso, no contexto atual de pressão mundial pela substituição de combustíveis de origem fóssil pela energia limpa, a biomassa proveniente das florestas energéticas apresenta-se com um valioso sucedâneo. A um só tempo, é possível promover a recuperação de áreas degradadas – com adequações de tecnologias de manejo de solo – e introduzir o consórcio do plantio florestal, com pastagens e lavouras.
Minas Gerais e vários outros estados brasileiros possuem excelência em tecnologia, domínio de técnicas de cultivo, de manejo e administração florestal. A experiência de sucesso do plantio direto na agricultura foi um terreno fértil para o avanço das técnicas sustentáveis da produção agropecuária.
Partindo da experiência de integração das lavouras temporárias – como milho e feijão – com a pastagem, a migração para a tríplice integração – neste caso acrescentando os plantios florestais – está a um passo da franca consolidação em Minas e outras regiões brasileiras. O espaçamento adotado nas áreas de florestas integradas proporciona o convívio produtivo com as outras duas atividades.
Esta caminhada vem garantir a certeza de oferta de produtos da biomassa para o consumo industrial, assegurando a "intocabilidade" da mata nativa brasileira. A intervenção necessária para a implantação dos sistemas integrados gera um balanço ambiental significativamente positivo. A disponibilidade de terras ociosas ou degradadas permite a expansão da base florestal, sem colocar em risco a produção de alimentos e, principalmente, poupando as espécies nativas da exploração predatória.
Atualmente, segundo dados da Embrapa, cerca de 20% do território brasileiro, ou seja, 173 milhões de hectares são ocupados por pastagens. Uma boa parte está degradada e tem condições de ser recuperada com as tecnologias de integração. Estudos indicam que o sequestro de CO2 nas áreas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta chega a 2,5 toneladas por hectare/ano.
É preciso, antes de tudo, acabar com o preconceito em relação ao plantio florestal e encará-lo como uma cultura agrícola, com benefícios econômicos, sociais e ambientais. Nossa meta, mesmo com toda a excelência de produção já alcançada pelo país, é evoluir na compatibilização e simplificação dos procedimentos legais e administrativos aplicáveis à cadeia produtiva florestal, principalmente no que se refere aos setores ambientais, operacionais, tributários e fiscais. Desta forma, podemos afirmar que o horizonte para a produção de energia renovável, papel e celulose no Brasil sustenta-se numa plataforma segura de oferta de matéria-prima.