Presidente da Embrapa
Op-CP-05
A floresta nativa, unidade básica no ordenamento territorial, é fundamental como prestadora de serviços ambientais, dentre os quais se destacam a integração dos ciclos da água e do carbono, a manutenção e potenciação da biodiversidade, a proteção e a garantia da qualidade da água, polinizadores, dentre outros. Além dos benefícios ambientais, a floresta é, também, geradora de riquezas, a partir de seus inúmeros produtos madeireiros e não madeireiros.
Pela sua importância e pelos inúmeros equívocos cometidos em relação a sua forma de exploração extrativa, tem, ultimamente, atraído a proteção de inúmeras organizações não governamentais, que denunciam, em diferentes fóruns, a sua degradação. Em resposta a essas legítimas pressões, o governo brasileiro promulgou, recentemente, uma lei definindo a gestão de florestas públicas, incluindo normas para concessões florestais e a criação do Serviço Florestal Brasileiro, de quem a Embrapa será uma importante parceira.
Com esses instrumentos, o Governo brasileiro procura estabelecer um processo de produção sustentável de madeira e/ou de produtos não madeireiros, a partir de plantios florestais, para assegurar matéria-prima para as indústrias nacionais e para a exportação. Estará, também, apresentando na 12ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas (COP12), em Nairobi, uma proposta de criação de mecanismo de incentivos positivos para países em desenvolvimento, que reduzirem seus índices de desmatamento.
Certamente, a melhor maneira de evitar a destruição da floresta nativa é atribuir-lhe valor econômico, para que possa competir com as commodities e a exploração madeireira convencional. Considera-se que o uso sustentável da floresta nativa deve, necessariamente, considerar a agregação de valor aos produtos não madeireiros e a valoração e valorização da biodiversidade e do conhecimento tradicional, via biotecnologia.
Além da importância das florestas nativas, há de se considerar a das plantações florestais realizadas dentro de princípios e critérios sociais, econômicos e ambientais. Desta forma, estas florestas têm sido fundamentais, para diminuir a pressão sobre as florestas naturais. Estima-se que para cada hectare de plantação florestal, evita-se a derrubada de cinco hectares de florestas naturais, nas condições tropicais.
As plantações florestais brasileiras, apesar de serem apenas cinco milhões de hectares, equivalente a 1% da cobertura florestal do país, têm apresentado resultados impressionantes na balança comercial, contribuindo, de forma decisiva, para que o setor de base florestal seja o terceiro colocado em nível de importância na balança do agronegócio, perdendo apenas para o complexo soja e para o complexo carne, couros e peles.
A Embrapa, criada em 1973, é reconhecida, atualmente, como a mais importante instituição de pesquisa agropecuária do mundo tropical. Seu trabalho tem sido reconhecido como decisivo para a melhoria da produtividade e da qualidade de cultivos e criações, gerando riqueza no campo e firmando o agronegócio como responsável por cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB), e mais ou menos 40% das exportações e dos empregos.
No entanto, os estudos realizados para a conservação de recursos florestais, visando o manejo sustentável das florestas naturais e das plantações florestais não têm tido a evidência devida. É importante ressaltar a importância dos resultados obtidos pela Embrapa no estabelecimento de tecnologias para exploração sustentável de madeira por empresas e por projetos comunitários e no aumento do rendimento das espécies introduzidas de pínus, eucalipto e acácia-negra.
Além disso, têm definido sistemas de produção para centenas de espécies florestais nativas e metodologias para recuperação de Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e de Reservas Legais (RLs), para que essas possam cumprir seus papéis ecológicos e agregarem valor à propriedade agrícola. Nesse início de século, a participação da empresa na construção da modernização do setor florestal brasileiro tem sido, também, importantíssima. Ela é parceira da Finep, Universidades e empresas florestais no projeto genômico Genolyptus, que deverá impulsionar os programas de melhoramento do eucalipto no Brasil.
Tem contribuído, também, efetivamente, no inventário florestal brasileiro, no programa de energia a partir de biomassa florestal, no programa de integração entre lavoura, pecuária e florestas e no estabelecimento de uma rede silvipastoril para o Brasil pecuário; programas fundamentais para o desenvolvimento sustentável de nosso país e que utilizam os benefícios que a floresta e as espécies florestais podem propiciar.
A Embrapa também está aproveitando os conhecimentos de melhoramento e de manejo florestal acumulados por suas equipes de investigadores científicos, para colocá-los à disposição de países do continente africano, visando o desenvolvimento sustentável de plantações florestais nesta região. Dada a importância das florestas naturais, bem como as plantadas, a Embrapa tem auxiliado o governo e a sociedade brasileira no processo de integração das políticas agrícola, de ambiente, de ordenamento do território e de conservação da natureza no âmbito florestal, explicitando o papel transversal da floresta.