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Pablo Santini

Gerente de Otimização e Treinamento da FOSA

Op-CP-13

A colheita de madeira na Forestal Oriental, Uruguai

A FOSA, Forestal Oriental, começou o processo de colheita mecanizada no Uruguai, em 1997. Naquela época, pouca gente sabia o que esta operação poderia representar, pois se tratava de algo pioneiro. A idéia poderia ser considerada como algo fantástico. Foi memorável. Lembramo-nos de cada etapa, dos primeiros segmentos e dos primeiros movimentos.

Tínhamos, à disposição, máquinas de última geração, nada de mais moderno havia. Parecia que estávamos em um campo de batalha. Onze anos depois, a colheita modernizou-se ainda mais e continuamos aprendendo. As máquinas em si, por mais modernas que sejam, não são capazes de trabalhar na melhor forma. O operador treinado, bem dirigido e motivado, é capaz de fazer a diferença e executar o trabalho de forma perfeita, cumprindo todos os padrões requeridos.

O sucesso do processo começa no recrutamento. Determinar o perfil desejado do operador a ser selecionado, aumenta, significativamente, a possibilidade do êxito. Nossa experiência mostra que o futuro operador não precisa, necessariamente, ter tido experiências anteriores com o equipamento que vai operar. É mais importante que tenha conhecimento do meio rural onde vai trabalhar, pré-disposição a desenvolver afinidades com máquinas, disposição para permanecer várias horas do turno, sozinho, no meio de um campo ou do mato e aptidão para fazer parte de uma equipe de trabalho.

Depois da seleção prévia, com a análise dos antecedentes do candidato, os participantes do processo seletivo farão uma visita acompanhada por um treinador, para conhecer a empresa, as atividades do dia-a-dia, a operação da colheita e, sem detalhamento, as máquinas utilizadas na operação. Acompanharão o trabalho na cabine da máquina, com um operador experiente e, nesta etapa, serão observados quanto à demonstração de interesse, de companheirismo e do nível de relacionamento geral com o grupo.

O objetivo é fazer com que os treinadores exponham o candidato, durante a primeira semana de avaliação, de forma bastante próxima, com as operações gerais da companhia, com a rotina e operações de trabalho de um operador de harvester, de forwarder e da oficina de manutenção, para lhes dar a idéia mais próxima possível de como seria o seu trabalho, se for aprovado.

Tem-se como muito importante, nesta semana de reconhecimento, expor o valor do trabalho em equipe e a necessidade de se desenvolver um bom relacionamento com o serviço mecânico.
Ao final da semana de convívio, os treinadores avaliarão os candidatos sob a sua análise, aprovarão os que se destacaram e reprovarão os que não demonstraram um nível de interesse e afinidade suficientes com os equipamentos e com o ambiente, aos quais foram expostos.

Ato contínuo, os candidatos serão submetidos a testes psicotécnicos. Julgamos a avaliação psicológica como uma segura ferramenta para a definição da personalidade do candidato e como um importante recurso para a sua classificação, na busca de um funcionário ideal para o perfil preestabelecido. Utilizamos o sistema Simlog na seleção dos candidatos sem dificuldades motrizes e boa coordenação visual-motriz.

Na fase seguinte, durante o desenvolvimento da capacitação teórica e dos simuladores, os treinadores preocupam-se em registrar informações do comportamento e do relacionamento dos candidatos, com o objetivo de predizer o futuro como operador, em um processo de avaliação contínuo. O plano de treinamento é extenso e envolve o histórico da maquinaria florestal, o sistema de segurança, a relação com o meio ambiente, o impacto ao solo e as noções de hidráulica, eletrônica e mecânica.

O treinamento compreende 120 horas, entre aulas e laboratórios, em um regime de 8 horas diárias, de segunda a sexta-feira. O simulador Plutek John Deere-228 será utilizado no processo. Para os mais habilidosos serão dedicadas 20 horas de treinamento, para os menos experientes até 50 horas.
Já no campo, onde passarão entre 3 a 4 semanas, os candidatos selecionados serão acompanhados pelos treinadores durante as primeiras semanas, implementando e consolidando as boas práticas e corrigindo as imperfeitas.

Ao final do treinamento, será feita uma avaliação operativa, técnica e de conhecimento da máquina. Todos os supervisores terão acesso ao expediente de seus operadores, como ferramenta de melhora. O desempenho do operador vai depender, efetivamente, do conjunto: treinamento-motivação-adequação, ou seja, deve ser devidamente treinado, demonstrar sua motivação natural e ter tido a correta indicação do tipo de trabalho a executar.

Isto será feito com discussões em grupo, com trabalho de cabine, frente a frente, onde o treinador ensina as boas práticas e técnicas corretas e corrige os erros que podem causar danos a ele, aos seus companheiros ou à máquina. O assunto segurança é tratado com permanente destaque. O candidato é treinado de forma a valorizar as normas de segurança, tornando o lugar de trabalho mais seguro.

Ao invés de coibitivas, as normas e regras servem como meio de motivação extrínseco, em uma demonstração do cuidado que a companhia tem em manter a integridade de seus empregados. Os conhecimentos técnicos de hidráulica, eletrônica e mecânica dão ao operador boas noções de funcionamento operacional das máquinas e servem para dirigir a equipe mecânica na detecção preventiva e localização mais ágil de problemas, facilitando a logística de troca de peças, com o conseqüente aumento da disponibilidade mecânica e produtividade das máquinas.


O operador deve desenvolver sua carreira de acordo com o tempo de trabalho na atividade, considerando o desempenho produtivo, as atitudes no trabalho e o relacionamento com os companheiros e chefes. Inicia a sua carreira como operador Júnior. Após seis meses de acompanhamento e suporte, será avaliado e, se atingir uma produtividade acima de 70% da média dos operadores Plenos, será promovido para esta categoria.

O plano de carreira prevê que, com dois anos de experiência, seja novamente avaliado e, se atingir 90% da produtividade, passará a categoria Sênior, o topo da carreira. O operador deve sempre conhecer a integridade do processo seguro, rentável e sustentável em longo prazo. Se operar um harvester, deverá saber os efeitos que a sua colheita vai causar no baldeio com forwarder e na silvicultura, de forma a fornecer um produto adequado para o elo seguinte.

Também deve ter em mente a importância de manter as condições para não afetar o crescimento da próxima rotação, a qualidade das toras, conteúdo de casca, comprimentos e diâmetros que o cliente especificou. Se operar um forwarder, deve ter em mente a importância da qualidade da pilha e a distância da pilha ao eixo do caminho, para não afetar e/ou diminuir o rendimento ou produtividade das carregadoras.

Para manter a competitividade, é imprescindível alcançar a máxima quantidade de horas/máquina trabalhadas por mês, e adequar o regime de turnos dentro da regulamentação de normas de trabalho permitido para o setor, bem como determinar o período de tempo que o operador possa manter o ritmo de operação contínuo e razoável.

Turnos de oito horas, de segunda a sábado, é uma boa combinação, e o consenso com os operadores para os horários e troca de turnos é imprescindível.
Anualmente, a companhia reconhece o esforço dos mais destacados colegas: sua permanência na empresa – maior antigüidade no cargo, maior produção anual, maior sentido de propriedade dos equipamentos em que trabalha e o melhor companheiro eleito por todos da equipe.